Educação piorou...

Estudo: para metade dos professores, educação piorou:

Um levantamento conduzido por uma pesquisadora brasileira, e apresentado hoje, indica que, para a maior parte dos profissionais de ensino, a qualidade de ensino piorou nos últimos anos. Menos da metade dos professores da rede pública (42,4%), está satisfeita com suas condições de trabalho. Já na na rede privada de ensino, 71,1% dos professores estão satisfeitos com seu trabalho.
O trabalho foi divulgado nesta quarta, durante o Seminário sobre Valores e Educação para Cidadania, em São Paulo e foi encomendado pela Fundação SM e pela Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI). Foram ouvidos 3,6 mil professores no estudo da pesquisadora Tereza Peres, ex-coordenadora dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ministério da Educação.
Eleum grande número de educadores acredita que a desvalorização da profissão é o principal problema. Para quase 80%, a sociedade não valoriza os professores. Para 51%, nem os pais demonstram respeito ao professor.
A pesquisa aponta ainda um maior comprometimentos dos professores: 65,9% dos entrevistados não deixaria a profissão, mesmo que pudesse. "O estudo mostra que temos de fugir da tendência de culpar ou paternalizar os professores; é preciso lhes dar condições de trabalho e compromissá-los com a eficiência do processo pedagógico", acredita a pesquisadora Tereza Peres. "Já está mais do que na hora de saber o que pensa o professor sobre a escola e sobre a educação."
Foram ouvidos 3.584 professores, em sua maioria do ensino fundamental, de escolas públicas e particulares do Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. (Fonte: Terra)

Por uma pedagogia libertadora

ASPECTOS NORTEADORES DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA LIBERTADORA

Por: Jorge Schemes

É fundamental para o professor estabelecer uma relação entre a teoria e a realidade. Para tanto o profissional deve estar preparado (por exemplo: o hábito da leitura do jornal antes de entrar na sala de aula pode ser uma maneira). Há uma carência na preparação, formação e capacitação de professores neste sentido. Que termo seria o mais apropriado, preparação ou formação? Seria a formação o currículo? Que fundamentação epistemológica tem esta formação acadêmica? Neste sentido a influência positivista é muito forte, tanto nas disciplinas pedagógicas como no estágio.
Quanto a educação continuada, ela é relevante dentro do conceito de formação e não de preparação? Seria essa formação, de professores ou pesquisadores? Poderíamos falar em uma capacitação continuada? O fato é que a formação, a preparação e a capacitação são regidas pela Lei do Mercado Financeiro. Em muitos casos há uma terceirização da mão de obra do profissional da educação. Contudo, ser professor, ou estar sendo, é um processo constante e interdisciplinar.

Relações afetivas no sistema ensino-aprendizagem:

A palavra entusiasmo vem do grego e significa “Deus dentro de si”. Em educação é imperativo agir entusiasticamente. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, mas é o entusiasmo que traz o sucesso. Os profissionais da educação precisam sentir “graça” no que fazem. “Graça” tem a ver com a inteireza do que se faz. Educar não é apenas um processo racional, pois razão é igual a divisão, essa é a função da razão, ela divide. A razão dá razão, dá o conhecimento, mas não a sabedoria. A razão é um instrumento pessoal, contudo a consciência é universal. Por outro lado, o amor é igual a atenção, pois envolve os cinco sentidos e passa pelo afeto. O que existe, a realidade é o que passa pelo canal dos cinco sentidos, sem isso há um vazio existencial. Olhar, tocar, cheirar, saborear, ouvir. Amar é prestar atenção no outro, pois o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença. Gostar é diferente de amar. Gostar é um sentimento egoísta, pois tudo recebe. Amar é altruísta, pois tudo dá. Entretanto o amor não é fácil, porque para amar é preciso consciência. Contudo, o professor precisa cuidar de si mesmo primeiro para poder dar. Tudo que você põe a sua atenção com amor cresce. Portanto, quem ama primeiro é porque tem mais consciência, não porque tem mais razão.

Onde está a graça da educação?

No resultado? Na nota? Ou no processo? Se a graça estiver no resultado, será como alguém que suporta o mês todo e só sente graça quando recebe. Todo educador precisa diferenciar o automatismo da sensibilidade no processo de ensino e aprendizagem. Pois a graça está no processo que leva ao resultado. A graça está no ritual, no preparo, no processo. É imperativo, se for o caso, resgatar a graça do processo de ensino e aprendizagem.

Avaliação:

O ser humano não é o que sabe apenas em uma determinada área, mas é o que sabe em suas múltiplas dimensões. Não há como separar os sentimentos das teorias defendidas e das ações que são empreendidas. Avaliar é compreender, significa valorizar e, sobretudo promover diferentes jeitos de aprender, de sentir e de viver. Há no mínimo quatro aspectos que devem ser levados em conta na avaliação formativa, ou seja: os registros, os processos de avaliação em si, as concepções de educação e os valores morais e éticos. Avaliação é uma ação multidimensional, por isso é também subjetiva e não apenas objetiva. Um olhar único não absorve toda a multidiversidade que está diante do professor. Essa avaliação também é contínua, qualitativa, emancipatória e interpretativa. É na observação atenta que será possibilitado o exercício do aprendizado do olhar. Quando o professor avalia, ele está no terreno das hipóteses. Avaliar é ter certeza que não temos certeza. Isso exige muitos registros e anotações, tanto por parte do aluno quanto do professor. Mas quais as formas de registro? Com certeza não se dá apenas numa escala numérica. Estabelecer a nota com precisão possibilita escrever (enunciar) o porquê desta precisão (isso não acontece).

Condições de qualidade:

1. Aceitar a diversidade.
2. Reconhecer a multidimensionalidade do termo.
3. Entender qualidade na educação como aprendizagem e formação moral.

Em relação a diversidade, o profissional precisa duvidar sempre de suas interpretações. Há muitos fatores que interferem, ou seja: as impressões generalistas; o que é relevante para cada um; a ditadura do tempo; as aparências e inversões; os preconceitos; as conclusões equivocadas. Quanto a multidimensionalidade (multiplicidade), o profissional precisa valorizar os diferentes jeitos de aprender, de sentir e de viver. Os tempos da dinâmica da aprendizagem envolvem mobilização, experiência educativa, expressão de sentido do conhecimento e mobilização. Por exemplo, proposto o assunto há uma experiência aducativa (atividades diversas, essencialmente interativas); em seguida expressão de sentido (troca de idéias, experiências, anotações, etc.). Este ciclo envolve o professor como avaliador em dimensões e intenções diferentes. A mobilização significa provocar o desejo e a necessidade de aprender, a experiência educativa significa promover a interação afetiva e desenvolver atividades diversificadas, e a expressão do conhecimento significa acompanhar e orientar, por propostas e tarefas gradativas e complementares o conjunto de saberes do aluno.

Dimensões da qualidade:

Primeiramente o educador precisa considerar que os rumos do pensamento não são lineares. A qualidade envolve precisão, coerência e riqueza. A observação de várias dimensões derruba o certo e o errado. Em relação ao aluno há quatro dimensões: objetivos, conteúdos, aprendizagens e cenário avaliativo. Para o professor, além de interpretar a tarefa é necessário mediá-la. Os conteúdos devem ser significativos e o cenário avaliativo tem que estar de acordo com todas as dimensões.


Multiplicidade curricular e avaliação por competências:

O currículo está posto de maneira fragmentada. Como avaliar em cada área do conhecimento? Há que se considerar a especificidade de cada área (matemática, ciências, artes, português, educação física, ensino religioso, geografia, história, etc.). Todas as áreas devem incentivar a produção de textos (escrever, escrever, escrever...). O grande desafio é estabelecer critérios e métodos de avaliação com especificidade para cada área do conhecimento. A pergunta que deve ser feita é: “O que é avaliação para esta determinada área do conhecimento?” Partindo da experiência de vida de cada aluno promover a avaliação formativa. Dedicar mais tempo, atenção e afeto a quem mais precisa significa entender qualidade na educação como formação moral e ética (subjetiva). Competências são objetivos amplos e complexos e envolvem as múltiplas dimensões da aprendizagem propostas pela UNESCO: aprender a fazer; aprender a ser; aprender a conviver; e aprender a aprender. O termo competência é uma nomenclatura diferente, mas o sentido é o mesmo do proposto pela UNESCO. Objetivos amplos e complexos não a mesma coisa que objetivos gerais, e objetivos gerais não são objetivos amplos e complexos. Esse novo caminho avaliativo pressupõe estrutura da escola (administração do tempo e do espaço pedagógico). Todavia, o maior problema a ser superado é o da estrutura curricular. Deve-se levar em consideração a carga horária de cada disciplina e o que é prioritário no processo de ensino e aprendizagem. É um absurdo aplicar provas objetivas, aulas informativas e conteudistas sem antes conhecer o aluno em suas especificidades.