Brasil tem desempenho
escolar abaixo da média internacional
Entre 70 países avaliados pela
OCDE, alunos brasileiros ficam nas últimas posições quanto a conhecimentos em
matemática, leitura e ciências, apesar de investimentos em educação terem
aumentado. Os conhecimentos em leitura, ciências e matemática dos estudantes
brasileiros estão significativamente abaixo da média dos alunos de países
avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em
2015. No ranking, divulgado nesta terça-feira (06/12) e que avaliou o
desempenho dos alunos da educação básica de 70 países, o Brasil aparece na 59ª
posição em leitura, 63ª em ciências e 66ª em matemática.
Esta é a segunda edição
consecutiva na qual as médias dos estudantes brasileiros não avançaram nas três
áreas verificadas. A avaliação, realizada pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), avalia adolescentes de 15 e 16 anos a cada
três anos.
Em ciências, a média do Brasil
foi de 401 pontos, enquanto a média dos países da OCDE foi 493. Em leitura, o
país alcançou 407 pontos, abaixo dos 493 das demais nações avaliadas; e em
matemática, o desempenho brasileiro obteve 377 pontos contra 490 da média
mundial.
No topo do ranking de ciências
estão Cingapura (556), Japão (538) e Estônia (534). Em leitura estão Cingapura
(535), Hong Kong (China) e Canadá (ambos com 527), e Finlândia (526). Em
matemática, Cingapura também aparece em primeiro lugar, com 564 pontos, seguida
de Hong Kong (548) e Macau (China), com 544 pontos.
Cada 30 pontos no Pisa equivalem
a um ano de estudos, de acordo com os critérios da organização. Isso quer dizer
que, em média, os estudantes do Brasil estão cerca de três anos atrás em
ciências e leitura e mais de três anos em matemática.
Desempenho estagnado
Em matemática, o País teve uma
trajetória positiva desde 2003, início da série histórica, quando obteve 356
pontos. A seguir, obteve 370 em 2006 e 386, em 2009. Em 2012, o País atingiu
389 pontos. Houve uma elevação real de 21 pontos na média dos alunos no período
de 2003 a 2012. Em 2015, no entanto, o País caiu para 377, o que significa um
declínio de 11,4 pontos. Apesar de ser uma queda, pelos critérios da OCDE, não
se trata de grande diferença.
Nas demais avaliações, o País
está estagnado. Em ciências, a proficiência média do Brasil foi 390 em 2006;
405 em 2009; e 402 em 2012. As pontuações não apresentam diferenças
estatísticas, segundo o relatório da OCDE, o que mostra a estagnação. O mesmo
ocorre em leitura. Em 2000, o País obteve 396; em 2003, 403; em 2006, 393; em
2009, 412 e em 2012, 407. Essas diferenças são consideradas insignificantes
estatisticamente.
A avaliação 2015 do Pisa
verificou ainda que 71% dos jovens na faixa de 15 anos de idade estão
matriculados na escola a partir do sétimo ano, o que corresponde a um acréscimo
de 15% em relação a 2003. O estudo aponta que essa expansão do acesso escolar
entre os jovens, sem declínio no desempenho médio dos alunos, é um ponto
"bastante positivo" para a educação do País.
Investimentos precisam
surtir efeito
No Pisa, as diferenças
socioeconômicas entre o Brasil e os países membros da OCDE são levadas em
consideração. Enquanto no Brasil o Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de
15,9 mil dólares, a média da OCDE é de 39,3 mil dólares por habitante.
Os países-membros da organização
investem mais por estudante dos 6 aos 15 anos - 90,3 mil dólares, enquanto no
Brasil esse investimento é de menos da metade - 38,2 mil dólares por aluno, o
que equivale a 42% da média da OCDE. Essa proporção, no entanto, correspondia a
32% em 2012. Na avaliação do Pisa e da OCDE, "os aumentos no investimento
em educação precisam agora ser convertidos em melhores resultados na
aprendizagem dos alunos".
Outros países latino-americanos,
como a Colômbia, o México e o Uruguai obtiveram resultados melhores em 2015 em
comparação ao Brasil, muito embora tenham um custo médio por aluno inferior. O
Chile, com um gasto por aluno semelhante ao Brasil (40 mil dólares), também
alcançou pontuação melhor em ciências (477 pontos).
Formação de professores
Para a secretária do Ministério
da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, o resultado geral do Brasil
"é muito ruim em comparação até com países que têm investimento menor que
o nosso em educação e, inclusive, um nível de desenvolvimento inferior ao do
Brasil".
"Um salto de qualidade"
é possível, de acordo com a secretária, desde que haja políticas públicas
adequadas no país. Segundo ela, a formação de professores deve ser prioridade.
A secretária aposta na definição
da Base Nacional Comum Curricular para melhorar o ensino. Esta base deverá
estabelecer o conteúdo mínimo que os estudantes brasileiros devem aprender do
ensino infantil até o ensino médio. O documento, que está em discussão para o
ensino médio e em fase final de elaboração para as demais etapas, deve orientar
também a formação dos professores.
Participaram da edição 2015 do
Pisa 540 mil estudantes que, por amostragem, representam 29 milhões de alunos
dos países participantes. A avaliação incluiu os 35 países-membros da OCDE,
além de economias parceiras, como o Brasil.
No País, participaram 23.141
estudantes de 841 escolas. A maior parte deles (77%) estava matriculada no
ensino médio, na rede estadual (73,8%) e em escolas urbanas (95,4%). [Fonte:
Terra]