A Mediação de Conflitos na Escola - Publicado na Revista Construir - Por: Jorge Schemes


http://www.construirnoticias.com.br/a-mediacao-de-conflitos-na-escola/
Clique na Imagem para Acessar a Revista Digital

O conflito se estabelece quando queremos que o outro aceite a nossa vontade, quando um não abre mão de impor a outro seus desejos e seus pensamentos. A mediação na resolução de conflitos é um desafio e uma cultura que ainda precisa ser muito discutida para ser implementada na educação brasileira.
Em relação aos conflitos na escola, segundo a Teoria da Atividade de Leontiev, um dos aspectos é a motivação do aluno no processo de ensino-aprendizagem. E a pergunta desafiante que surge é: como motivá-lo? O que é de seu interesse? Nesse processo, o professor se torna o mediador, o facilitador. Cabe a ele incentivar, motivar, direcionar e mediar o processo de ensino-aprendizagem com intencionalidade pedagógica. Diante dos conflitos, não é diferente. Deve predominar a solidariedade, o respeito e a imparcialidade.

Uma tarefa de todos
A mediação escolar é uma construção cultural, portanto não pode ser estabelecida na escola por um professor isoladamente, mas por meio do diálogo contínuo e da capacitação de todos na comunidade escolar. O trabalho deve ser desenvolvido em equipe. Na escola, todos, sem exceção, devem ser capacitados em mediação no decorrer dessa construção cultural. Isso é mais que uma teoria; é uma forma de vida, de pensar, de dialogar.
A mediação é uma cultura e uma prática desenvolvida dentro da organização para beneficiar a todos, por isso todos devem ter a capacidade de dar respostas novas diante dos conflitos. No processo da mediação como resolução de conflitos dentro da unidade escolar, não há culpados, mas responsáveis. Todos têm que ter esses conceitos para que o diálogo seja estabelecido na mesma base, encontrando soluções em que não haja perdedores.
Ser completamente imparcial é outra característica. A questão (problema ou conflito) tem duas dimensões: o que é manifesto e o que é subjacente, ou as motivações. O mediador deve ser hábil em eliminar a oposição entre as partes envolvidas no conflito. Colocar questionamentos às partes é um procedimento próprio para a mediação escolar. Questionar para que as pessoas envolvidas eliminem certezas. As dúvidas permitem ampliar as questões subjacentes. As certezas fecham e limitam. Questionar leva à reflexão. As motivações conscientes e inconscientes devem ser trabalhadas. A mediação propõe um estado de questionamento permanente.

Caminhos?
No início da resolução de um conflito, é importante que se tenha a informação objetiva sobre o caso para que as pessoas envolvidas saibam decidir. O mediador deve auxiliar a deixarem a fantasia. E a partir da realidade concreta é possível criar opções. Entre os conflitantes, um vai incentivando o outro para encontrar diferentes soluções. A análise da melhor opção leva ao compromisso de todos os envolvidos, motivados não pelo medo, mas por satisfação mútua. O compromisso é com aquilo que pode ser realizado no presente.
Vale lembrar que cada mediação é única e personalizada, pois está inserida em seu contexto peculiar. A administração dos conflitos não deve impor motivações de qualquer lado e também não pode estar limitada à conciliação, deixando as pessoas parcialmente satisfeitas (acordo na base da barganha). Deve, sim, promover a cooperação entre as partes envolvidas, deixando-as satisfeitas.
Ao lidar com conflitos, o mediador estará lidando com emoções. Envolve sentimentos de amor e/ou ódio. Diante das manifestações corporais, o mediador pode solicitar que os envolvidos falem do que estão sentindo. É necessário quebrar as normas culturais que reprimem e sufocam as expressões das emoções. É importante e fundamental saber escutar para dar a oportunidade ao aluno expressar o que está sentindo. Os envolvidos devem expressar suas emoções por meio do diálogo, e não por meio de agressões físicas. Diante disso, o professor mediador é um facilitador do processo da mediação, objetivando principalmente a cooperação e a corresponsabilidade das partes envolvidas para a solução do conflito. [Fonte: Construir]

MEC lança plataforma digital para melhorar Ensino Fundamental


O Ministério da Educação (MEC) lançou hoje (27) o Programa Escola do Adolescente, que vai oferecer, por meio de uma plataforma digital, formação e apoio técnico a professores e gestores de escolas públicas. O objetivo é melhorar o desempenho de estudantes nos anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano.
“O ensino fundamental 2 é uma das etapas que tem tido menos política, que tem sido menos pensada. Temos muita coisa para o ensino médio, para a alfabetização, para anos iniciais [do 1º ao 5º ano do ensino fundamental]”, diz o ministro da Educação, Rossieli Soares, durante o lançamento em Brasília. “É preciso trazer oportunidade de apoiar as escolas nessa etapa”, complementou.
Para participar, estados e municípios devem fazer a adesão ao programa. O prazo começa no dia 10 de dezembro e vai até o dia 31. Em seguida, as escolas farão a adesão, de 11 a 31 de dezembro.  
Todas as escolas com anos finais do ensino fundamental poderão participar. Para as 13 mil escolas públicas com alto índice de vulnerabilidade, ou seja, com mais de 50% dos alunos com Bolsa Família, o MEC vai repassar R$ 360 milhões, no âmbito do programa Novo Mais Educação.
Os recursos deverão ser usados para ampliar o tempo dos estudantes na escola e para que as escolas implementem programas para a aprendizagem. Do total, R$ 220 milhões serão repassados ainda em 2018. Em 2019, serão repassados, os R$ 140 milhões restantes.

Desempenho e avaliação

Segundo o MEC, a plataforma vai oferecer instrumentos para tornar as aulas mais atrativas. Além de acesso a materiais específicos, que ajudarão gestores e professores tanto nas aulas quanto a entenderem melhor os estudantes, as escolas terão acesso a um diagnóstico detalhado com o desempenho dos estudantes, taxa de aprovação, entre outros dados.
A plataforma fornecerá ainda instrumentos para a realização de avaliações de matemática e português dos estudantes nos anos finais. Estarão disponíveis ferramentas de escuta da percepção que os estudantes têm sobre o ambiente escolar. Além de uma área de compartilhamento de boas práticas.
“Sabemos pouco a respeito de como o adolescente aprende, o que caracteriza esse adolescente, a plataforma servirá para a formação e fortalecimento da gestão pedagógica e apoio a gestão”, diz a secretária de Educação Básica da pasta, Kátia Smole. “Queremos trazer para o centro da conversa uma palavra às vezes esquecida: aprendizagem. Os estudantes precisam aprender na escola”.
Soares assinou hoje a portaria que institui o programa. Segundo Kátia, o governo atual deixará, para a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, tudo organizado para que a plataforma comece a ser usada nas escolas a partir de 2019. “Estamos deixando a plataforma, ferramenta de gestão, roteiro de trabalho, constituição de rede de governança, para que as redes e as escolas possam começar 2019 com insumo bastante grande para dar continuidade a esse programa”, disse.

Indicadores

Os indicadores educacionais mostram que o desempenho dos estudantes tem queda nos anos finais do ensino fundamental, intensificando no ensino médio – etapa com os piores indicadores. Ao final do ensino fundamental, de acordo com os últimos dados disponíveis, em 2017, 45% das escolas não alcançaram a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Além disso, de cada 100 alunos, cinco concluíram a etapa com o aprendizado adequado em português e três em matemática, de acordo com parâmetros do MEC. Na rede pública, 14,5% dos estudantes reprovam ou abandonam os estudos no ensino fundamental nas escolas públicas. [Fonte: Yahoo]

Uso da tecnologia vai mesmo deixar os professores ultrapassados em sala?

Pixabay
Há alguns anos, a inteligência artificial tem sido posicionada como o ápice da tecnologia para a educação. Muitos acreditam que somente a tecnologia, de modo geral, é capaz de abrir espaço para a inovação educacional, sobretudo em um contexto em que crianças e jovens gastam duas vezes mais tempo diante das telas – televisão, computador, smartphone e tablet – do que na escola.
Essa forma de pensar ganhou reforço desde 2010, quando a revolução digital passou a ser incorporada à escola. Um pensamento mais criterioso, entretanto, mostra que a educação inovadora nem sempre está atrelada a soluções tecnológicas do momento, como a da inteligência artificial. Inovar na educação requer analisar os contextos específicos e os objetivos mais amplos, antes de depositar toda a esperança de mudança educacional em uma abordagem única.
A Geekie, referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo, há sete anos tem usado a inteligência artificial em ferramentas e plataformas criadas pela empresa. Com uma visão pragmática e especializada, temos criado uma forma inovadora de fazer uso da tecnologia e de metodologias.
Um dos produtos da Geekie – Geekie Games, plataforma de estudo online que capacita e aprimora o desempenho de estudantes em provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, exames que permitem o ingresso ao ensino superior – faz uso da inteligência artificial. Com oferta de planos de estudos personalizado, aulas, exercícios, simulados e simulador do Sistema de Seleção Unificada (SISU), a plataforma já foi usada por mais de 7 milhões de jovens brasileiros.
É a única ferramenta de estudos para o ENEM que conta com o reconhecimento do MEC. Ao longo da trajetória, a ferramenta auxiliou 73% de estudantes com idade entre 18 anos e 24 anos: 22% entre 25 anos e 44 anos; e 5% com mais de 44 anos, sendo 64% de mulheres e 36% de homens. Desse universo, 72% são de escolas públicas e 28% particulares. Em 2016, a avaliação Metas Sociais – uma das organizações mais conhecidas que mensuram o impacto das políticas sociais, faz uma análise intensiva do impacto social deste projeto; depois de averiguar dados de mais de 140 mil estudantes – comprovou que o algoritmo de recomendação do plano de estudos da empresa proporcionou uma melhoria cinco vezes maior em relação a quem seguiu um plano de estudos padronizado.
Cabe lembrar que a inteligência artificial está entre nós desde a década de 1950. O cientista J. McCarthy, da Universidade de Stanford, usou o termo pela primeira vez em uma conferência, em 1956, na Dartmouth University, nos Estados Unidos. Na ocasião, classificou teorias de complexidade, simulação de linguagem, redes neurais e máquinas de aprendizagem; na prática, sistemas de imaginação humana que usam a ciência da computação.
Uma das chaves da inteligência artificial aplicada à educação é a machine learning – um programa ou sistema que constrói um modelo preditivo a partir da análise de correlações entre os dados disponíveis para aplicar sobre dados não conhecidos. Esse sistema usa o modelo aprendido para traçar previsões úteis a partir de novos dados; o aprendizado de máquina também se refere ao campo de estudos relacionado a esses programas e sistemas.
A machine learning é a prática de usar algoritmos para coletar dados, aprender com eles e fazer predição de algo. A partir desses dados e algoritmos, a máquina é “treinada” e adquire habilidade de aprender a executar determinada tarefa. Com a automação de funções analíticas, cada vez mais será exigido dos seres humanos habilidades criativas e sociais. Jennifer Rexford, acadêmica da Ciência da Computação, da Universidade de Princeton, afirma que o modo que ensinamos hoje não coloca muita ênfase em criatividade, percepção social, design e trabalho em grupo; segundo ela, o campo da educação está buscando formas de responder ao impacto da inteligência artificial.
E isso requer não apenas o foco no ensino de diferentes habilidades para preparar os jovens para o futuro do trabalho, mas empregar inteligência artificial para adotar novas formas de ensinar. Concordo. A trajetória e visão da Geekie mostra a importância da inclusão do professor em todas as propostas educacionais; com ou sem tecnologia, o envolvimento desse profissional é essencial para potencializar o aprendizado.
Aliás, um tema educacional recorrente é que enquanto os millenniuns têm demandado mais tecnologia dentro da sala de aula, os professores resistem às inovações educacionais. Ouso discordar. Na Geekie, aliamos a tecnologia de ponta às metodologias pedagógicas inovadoras que potencializam o aprendizado.
Ao contrário do pregado pelos críticos, a tecnologia tem se tornado uma importante aliada dos educadores, sobretudo no desafio de gerenciar melhor o tempo dentro e fora da sala de aula. No Brasil, os docentes utilizam 12% da carga horária para administrar tarefas operacionais (corrigir exercícios e provas, preencher listas e tabelas, elaborar e revisar planejamento, calcular notas); 20% é usado para manter a disciplina na sala de aula; e 67% é dedicado ao ensino e aprendizagem propriamente dita. Essa é a conclusão da pesquisa conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Com a experiência do atendimento de mais de 12 milhões de alunos e 5 mil escolas públicas e privadas, podemos afirmar que o principal aprendizado é que a tecnologia a serviço da educação se torna mais poderosa quando está nas mãos dos professores. Quando o auxiliamos o docente a ter informações de forma rápida e eficiente, ele se torna um verdadeiro super-herói que pode melhorar a qualidade da educação no Brasil. Com avanços tecnológicos exponenciais, o desafio é direcioná-los para levarmos a educação a um novo patamar.
Não se trata de automatização, mas da possibilidade inovadora de personalizar, canalizar o tempo dos educadores e gestores para o que realmente importa e utilizar os recursos e metodologias capazes de apoiar uma educação coerente com as necessidades dos nossos alunos. O ponto central é que as tecnologias trazem benefícios exponenciais quando voltadas aos professores. Um computador nas mãos dos professores, por exemplo, elevou a notas dos alunos brasileiros no PISA em 2,7 pontos.
O processo de visto e correção de atividades alternativas pode levar muito tempo, demandando um tempo precioso que poderia ser investido no desenvolvimento de planos de aula e no atendimento um a um com estudantes. A inteligência de dados pode trazer uma experiência mais personalizada e personalizável; aprendizado adaptável no qual os professores passam a ter acesso exatamente quando o aluno está consumindo o conteúdo; o envio de informações sobre como estão lidando com esses conceitos. Esse conhecimento oferece ao professor a oportunidade de fazer ajustes nas aulas de acordo com a necessidade do aluno. Podem, inclusive, oferecer conteúdo adicional para que o aluno possa ter um reforço necessário a ir mais adiante.
Com o apoio da inteligência de dados, o trabalho do professor não se restringe a passar os conceitos, sim moldar comportamentos como resiliência e inteligência emocional para lidar com desafios. Além disso, todos nós temos aquela lembrança de um professor que moldou nossas vidas e nos inspirou a escolher uma carreira profissional ou tomar uma decisão de longo prazo nas nossas vidas. A tecnologia pode colaborar para conectar estudantes e tutores por meio de feedbacks constantes e customizados.
Com esses dados, vemos que o fator humano não pode ser substituído. Vale lembrar que a interação com o docente face a face, é responsável pelo desenvolvimento das habilidades do século XXI – incluindo habilidades cognitivas como resolução de problemas e desenvolvimento de pensamento crítico, além de características como determinação e perspectiva.
Em suma, usar a tecnologia em sala de aula extrapola a visão sobre a capacitação de professores para o uso da ferramenta. Estamos falando de como os recursos tecnológicos ajudam a tornar a aula uma experiência mais dinâmica e completa. Algo que é almejado por alunos, professores, pais e toda a comunidade educacional.
Claudio Sassaki é mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo [Fonte: Yahoo]

Garota de três anos tem o QI maior do que o de Albert Einstein

(Reprodução/SWNS.com)
Aos três anos, Ophelia Morgan-Dew já sabe ler e escrever e demonstra capacidades que impressionam. A criança se tornou recentemente a pessoa mais jovem do Reino Unido a se tornar membro da Mensa, sociedade internacional que reúne pessoas com os quocientes de inteligência (QIs) mais altos do mundo. De acordo com testes, ela possui um QI mais alto do que o do físico Albert Einstein, apontado como uma das pessoas mais inteligentes da história.
A mãe conta que a filha começou a falar aos oito meses de idade. De lá pra cá, o aprendizado continuou, passando por números, cores e o alfabeto. Outro ponto impressionante é o fato de Ophelia conseguir se lembrar de coisas que aconteceram nos seus primeiros anos de vida. Especialistas indicam que a maior parte das pessoas só tem lembranças de sua vida depois dos três anos.
“Ela tem uma memória incrível e se lembra de eventos que aconteceram antes de completar 12 meses de idade”, explica Natalie Morgan-Dew, mãe da garota.
Surpresa com o desenvolvimento da filha, ela decidiu levar a criança a um especialista. Testes de QI mostraram uma pontuação de 171, 11 a mais do que Einstein e acima de gênios como Stephen Hawking. A capacidade intelectual de Ophelia é a de crianças com mais do que o dobro de sua idade.
Natalie afirma que a garota tem uma vida comum. “Ela é uma criança bastante ativa, gosta se manter ativa e é muito espirituosa. Ela adora ler livros comigo ou com o pai, atividades numéricas, cartas e o computador. Ela também gosta muito de brincar com os primos e ir ao parque”, declara.
A mãe revela que cogitou “evitar celebrar a conquista intelectual” da filha. “Parece haver um estigma em torno disso. Mas eu pensei: não é diferente para os pais celebrarem uma medalha que os filhos ganham em um evento esportivo, então ela merece elogios por ser tão inteligente. Ofélia é uma garota linda e eu teria orgulho dela, não importa o que ela conseguisse, contanto que ela fosse saudável e feliz”, afirma.[Fonte: Yahoo]

Novo currículo do ensino médio exigirá mudança na formação do professor
















CNE vai analisar BNCC antes da implementação das mudançasArquivo/Agência Brasil
























O sucesso da implementação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio passará por mudanças na formação de professores e adaptações nas escolas, apontam especialistas ouvidos pela Agência Brasil. O documento, que vai orientar os currículos dessa etapa e estabelecer as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do ensino médio em cada uma das áreas, foi entregue na última terça-feira (3) pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
A BNCC do ensino médio é organizada por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática aparecem como componentes curriculares, ou seja, disciplinas obrigatórias para os três anos do ensino médio. Os alunos deverão cobrir toda a BNCC em, no máximo, 1,8 mil horas. O tempo restante deve ser dedicado ao aprofundamento no itinerário formativo de escolha do estudante.
Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, essas mudanças vão exigir muito investimento na formação de professores e um “repensar da formação de professores no Brasil” para que haja uma integração entre as disciplinas.
“Quando você faz um trabalho por área de conhecimento que reforça o caráter da interdisciplinariedade, você tem que investir muito na formação de professores. Hoje, como o professor de química é formado sem ter um diálogo direto com o professor de física ou biologia, que fazem parte da mesma área de conhecimento, por exemplo, agora para dar conta desse novo ensino médio, eles terão que se integrar já dentro da universidade”, diz.
Segundo ele, a mudança vai ter impacto nos currículos das licenciaturas. “As coordenações dessas áreas vão ter que sentar e repensar. Não é que não vai mais ter professor de química, física e biologia, mas vai ter que haver um esforço para integrar esses conhecimentos”, diz.
A formação dos professores deve ser priorizada também na visão da pedagoga Anna Helena Altenfelder. “Não só os professores, mas toda a estrutura da escola que hoje é pensada por disciplina e não por área de conhecimento. Então, temos um desafio grande”, diz a presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Ela também aponta um possível acirramento das desigualdades na educação como um dos riscos da nova base para o ensino médio. “Sabemos que os estados têm condições diferentes tanto técnicas como financeiras para construir seus próprios currículos. Então, a questão dos itinerários deve ser melhor definida em um apoio maior para os estados”, diz. O MEC se comprometeu a elaborar um guia de orientações para ajudar os estados na elaboração dos itinerários formativos.
Aperfeiçoamentos
A BNCC do ensino médio deverá ser analisada e aprovada pelo CNE e homologada pelo MEC antes de o documento começar a valer. O conselho irá fazer uma consulta pública em plataforma digital e audiências para colher sugestões da sociedade antes de submeter o texto à avaliação dos conselheiros.
A presidente executiva do movimento Todos pela Educação, Priscilla Cruz, considera que o CNE deve especificar melhor a forma como as redes vão se organizar, além de estabelecer o que é obrigatório ou não e deixar mais clara e objetiva a redação das habilidades previstas para serem alcançadas pelos alunos.
“Há uma impressão que o ensino médio está 'menor' pela falta de objetividade nas habilidades, é muito dependente da implementação pelos estados, não há um plano de implementação progressiva que ajude as redes a se ajustarem”, diz. No entanto, ela considera positivo fato de o texto prever a formação mais integrada, “direcionando para mais profundidade, recomendando outros espaços de aprendizagem e formatos de aula, dando características juvenis ao ensino médio”.
O conselheiro do CNE Cesar Callegari, presidente da comissão que vai analisar a BNCC, também considera que o colegiado terá que complementar o texto entregue pelo MEC. “A base está incompleta, está um documento bastante genérico e, no meu modo de entender, não atende às expectativas e necessidades do ensino médio no Brasil”, diz.
O Ministério da Educação já instituiu o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular para apoiar os estados no processo de revisão ou elaboração e implementação de seus currículos alinhados à BNCC. Segundo o MEC, no primeiro ano de execução, serão repassados às secretarias estaduais cerca de R$ 100 milhões para a implementação da base. (Fonte: EBC - Agência Brasil)
Edição: Amanda Cieglinski