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O conflito se estabelece quando queremos que o outro aceite a nossa
vontade, quando um não abre mão de impor a outro seus desejos e seus
pensamentos. A mediação na resolução de conflitos é um desafio e uma
cultura que ainda precisa ser muito discutida para ser implementada na
educação brasileira.
Em relação aos conflitos na escola, segundo a Teoria da Atividade de
Leontiev, um dos aspectos é a motivação do aluno no processo de
ensino-aprendizagem. E a pergunta desafiante que surge é: como
motivá-lo? O que é de seu interesse? Nesse processo, o professor se
torna o mediador, o facilitador. Cabe a ele incentivar, motivar,
direcionar e mediar o processo de ensino-aprendizagem com
intencionalidade pedagógica. Diante dos conflitos, não é diferente. Deve
predominar a solidariedade, o respeito e a imparcialidade.
Uma tarefa de todos
A mediação escolar é uma construção cultural, portanto não pode ser
estabelecida na escola por um professor isoladamente, mas por meio do
diálogo contínuo e da capacitação de todos na comunidade escolar. O
trabalho deve ser desenvolvido em equipe. Na escola, todos, sem exceção,
devem ser capacitados em mediação no decorrer dessa construção
cultural. Isso é mais que uma teoria; é uma forma de vida, de pensar, de
dialogar.
A mediação é uma cultura e uma prática desenvolvida dentro da
organização para beneficiar a todos, por isso todos devem ter a
capacidade de dar respostas novas diante dos conflitos. No processo da
mediação como resolução de conflitos dentro da unidade escolar, não há
culpados, mas responsáveis. Todos têm que ter esses conceitos para que o
diálogo seja estabelecido na mesma base, encontrando soluções em que
não haja perdedores.
Ser completamente imparcial é outra característica. A questão
(problema ou conflito) tem duas dimensões: o que é manifesto e o que é
subjacente, ou as motivações. O mediador deve ser hábil em eliminar a
oposição entre as partes envolvidas no conflito. Colocar questionamentos
às partes é um procedimento próprio para a mediação escolar. Questionar
para que as pessoas envolvidas eliminem certezas. As dúvidas permitem
ampliar as questões subjacentes. As certezas fecham e limitam.
Questionar leva à reflexão. As motivações conscientes e inconscientes
devem ser trabalhadas. A mediação propõe um estado de questionamento
permanente.
Caminhos?
No início da resolução de um conflito, é importante que se tenha a
informação objetiva sobre o caso para que as pessoas envolvidas saibam
decidir. O mediador deve auxiliar a deixarem a fantasia. E a partir da
realidade concreta é possível criar opções. Entre os conflitantes, um
vai incentivando o outro para encontrar diferentes soluções. A análise
da melhor opção leva ao compromisso de todos os envolvidos, motivados
não pelo medo, mas por satisfação mútua. O compromisso é com aquilo que
pode ser realizado no presente.
Vale lembrar que cada mediação é única e personalizada, pois está
inserida em seu contexto peculiar. A administração dos conflitos não
deve impor motivações de qualquer lado e também não pode estar limitada à
conciliação, deixando as pessoas parcialmente satisfeitas (acordo na
base da barganha). Deve, sim, promover a cooperação entre as partes
envolvidas, deixando-as satisfeitas.
Ao lidar com conflitos, o mediador estará lidando com emoções.
Envolve sentimentos de amor e/ou ódio. Diante das manifestações
corporais, o mediador pode solicitar que os envolvidos falem do que
estão sentindo. É necessário quebrar as normas culturais que reprimem e
sufocam as expressões das emoções. É importante e fundamental saber
escutar para dar a oportunidade ao aluno expressar o que está sentindo.
Os envolvidos devem expressar suas emoções por meio do diálogo, e não
por meio de agressões físicas. Diante disso, o professor mediador é um
facilitador do processo da mediação, objetivando principalmente a
cooperação e a corresponsabilidade das partes envolvidas para a solução
do conflito. [Fonte: Construir]
SCHEMES, Jorge. Revista Mundo Jovem – Um jornal de ideias – setembro/2011.
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