Reflexão sobre as metas para a educação brasileira...


METAS PARA A EDUCAÇÃO

Por: Jorge Schemes

Recentemente especialistas definiram cinco metas que devem ser cumpridas para tentar colocar o Brasil no mesmo nível de países desenvolvidos. Até 2022, o Brasil não deverá ter mais qualquer criança entre quatro e 17 anos fora da escola, e todos precisarão estar plenamente alfabetizados até os oito anos. Além disso, o estudante deverá apresentar aprendizado adequado à sua série e concluir o Ensino Médio até os 19 anos. E os investimentos em Educação serão ampliados e bem geridos. Apesar de serem metas totalmente viáveis, são dependentes de uma enorme vontade política e social, e podem ser frustradas se de fato não houver comprometimento com a educação.
Essa busca pela excelência na educação estará fadada ao fracasso se não seguir sete medidas testadas e aprovadas pelos países desenvolvidos. Essas sete medidas são a conclusão e o resultado de um estudo realizado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts - USA). São elas:

1º) Recrutar os professores mais talentosos e capazes para ensinar - Para tanto, o Governo, em todos os níveis, deve investir pesado em capacitação e desenvolvimento humano, bem como aderir à política pública da elevação do piso nacional para os professores.

2º) Para cada estudante de pedagogia um tutor, ou seja, um professor experiente para orientá-lo e avaliá-lo na prática pedagógica - Infelizmente essa não é uma realidade nacional, principalmente nos cursos de formação docente à distância. Há uma verdadeira banalização do ensino à distância. Penso que o Ministério da Educação deveria se preocupar em regular os mesmos para oferecerem cursos de bacharelado, mas não de licenciaturas, pois a diversidade metodológica, didática e pedagógica, bem como a prática de ensino e o acompanhamento docente no estágio ficam no mínimo comprometidas.

3º) Aumento significativo do salário inicial dos professores para tornar a profissão tão atraente como em outras áreas mais bem remuneradas – A questão salarial e a profissionalização docente estão intimamente relacionadas com a qualidade no ensino. Como atrair para a educação os melhores educadores se o salário é indigno?

4º) Investir na capacitação dos diretores oferecendo cursos na área de gestão – De acordo com dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, do MEC), 59,8% dos diretores de colégios públicos foram escolhidos por indicação da Prefeitura ou do Estado em 2004. A prática se mostra recorrente, na medida em que, em alguns Estados, esse percentual chega a ser superior a 90%, como o Amapá (94,7%), o Rio Grande do Norte (92,3%) e Sergipe (92%).Por outro lado, o percentual de diretores eleitos no país é de 19,5%, enquanto a taxa de concursados é menor: 9,2%. Diante dos dados e dos fatos, a pesquisa concluiu que a escolha por indicação é a pior forma por colocar na escola uma pessoa que não tem vinculação com o sistema educacional, mesmo em alguns casos em que possa existir algum critério nessa indicação. Todavia, na maior parte das vezes, a escolha é político-partidária. Além de ser a forma mais criticada por especialistas, a indicação política é, segundo o SAEB (exame do MEC que avalia a qualidade da educação), a que tem mais impacto negativo no desempenho dos estudantes.

5º) Auditoria nas escolas, nas salas de aula e no ambiente físico e pedagógico – Ou seja, técnicos são designados para visitar a escola, assistir aulas, entrevistar alunos e professores, relatar as deficiências e apontar as mudanças necessárias, e se for o caso, até mesmo indicar a exoneração do mal gestor escolar.

6º) Adoção de um currículo único, consistente, com objetivos definidos e um instrumento para aferir o nível dos alunos - Infelizmente em nosso país ainda predomina um currículo guiado pelas próprias crenças e pela razão dos(as) professores(as).

7º) Aulas particulares de graça - Ou seja, um(a) professor(a) é designado(a) e remunerado(a) para atender os(as) alunos(as) com dificuldades de aprendizagem, à parte das aulas. Essa medida é urgentíssima no caso do Brasil. Os altos índices de repetência comprovam isso, somado ao analfabetismo funcional, ou seja, a incapacidade de entender o que se lê e escreve. A mais triste realidade para um escola é ter alunos analfabetos em todas as séries da Educação Básica. Por essa razão faz-se necessário reestruturar o cotidiano escolar e gerenciar o principal papel social da escola, o de alfabetizar e ensinar com eficácia e qualidade.

Jorge Schemes:
Professor na FGG – Faculdade Guilherme Guimbala – ACE.
Técnico Pedagógico na GERED – Gerência de Educação.
Professor na Rede Pública Municipal de Joinville, SC.

Busca por Excelência na Educação...


Especialistas definem cinco metas, que devem ser cumpridas até 2022, para tentar colocar o Brasil no mesmo nível de países desenvolvidos.

Até 2022, o Brasil não deverá ter mais qualquer criança entre quatro e 17 anos fora da escola, e todos precisarão estar plenamente alfabetizados até os oito anos. Além disso, o estudante deverá apresentar aprendizado adequado à sua série e concluir o Ensino Médio até os 19 anos. E os investimentos em Educação serão ampliados e bem geridos. Estas são as cinco metas elaboradas por especialistas em educação a pedido do Movimento Todos Pela Educação, que está deflagrando uma ação nacional visando colocar o Brasil em pé de igualdade com os países desenvolvidos no que diz respeito à Educação. E o prazo para que isso aconteça já está marcado: o ano de 2022. Porém, para que os objetivos sejam atingidos, é preciso começar a agir desde já. O Movimento Todos pela Educação é uma aliança da sociedade civil, iniciativa privada, organizações sociais, educadores e gestores públicos da Educação. Trata-se de uma união de esforços para que as crianças e jovens tenham acesso a uma Educação Básica de qualidade. Essa ação é suprapartidária, atravessa mandatos e une gerações. Os objetivos são garantir as condições de acesso, alfabetização, sucesso e conclusão escolar, além de lutar por uma ampliação e boa gestão do investimento em educação - explica o presidente do conselho de governança do movimento, Jorge Gerdau Johannpeter.
Dirigente diz que "há muito a fazer":
O dirigente acrescenta que a estrada que leva a uma educação de qualidade é longa, e ainda há muito o que fazer "para que tenhamos a educação necessária para o país que queremos". - A força do movimento reside na articulação dos esforços da sociedade civil, da iniciativa privada e de governos para criar a sinergia necessária à superação do quadro atual da educação no Brasil - conclui. A estudante Luiza Schmidt Mescolotto, 10 anos, que desde os três anos freqüenta as aulas na Escola Praia do Riso, na Capital, diz que estudar desde cedo é importante. - Acho importante estudar porque quando eu crescer preciso saber das coisas se eu quiser ter algum trabalho.

Fique por dentro:
As cinco metas da Educação *
> Toda criança e jovem de quatro a 17 anos na escola
> Toda criança plenamente alfabetizada até os oito anos
> Todo aluno com aprendizado adequado à sua série
> Todo jovem com o ensino médio concluído até os 19 anos
> Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Atendimento de alunos entre quatro e 17 anos
> Brasil 91,9%
> Santa Catarina 93,1%

Alunos que concluíram o Ensino Fundamental até os 16 anos
> Brasil 60,5%
> Santa Catarina 74,13%

Alunos que concluíram o Ensino Médio até os 19 anos
> Brasil 59,1%
> Santa Catarina 66,1%

* devem ser cumpridas até 2022
Fonte: Pnad - IBGE/Tabulação própria
Projeto prega eficiência no uso de verbas:

As metas propostas pelos especialistas em educação contemplam tanto os aspectos quantitativos, de fluxo e acesso escolar, como os aspectos que dizem respeito à qualidade da educação e ao aprendizado dos alunos. Incluem, também, o financiamento e a eficiência no uso dos recursos para que as metas possam ser alcançadas. A Comissão Técnica do movimento estabeleceu também as metas intermediárias - ou metas de acompanhamento anuais e bienais - para monitorar a evolução de cada indicador, dando parâmetros concretos aos gestores das redes e aos profissionais da educação. Definiu, ainda, um período de convergência para a redução das desigualdades entre os estados. - A divulgação e o acompanhamento das cinco metas permitirá que a sociedade, como um todo, monitore a evolução dos indicadores educacionais, cobrando de si mesma e dos governos a melhoria da educação. Essa é a estratégia capaz de diminuir os índices de desigualdade e de gerar uma sociedade mais digna e mais justa - afirma a coordenadora da comissão técnica do Movimento Todos Pela Educação, Viviane Senna.
Valorizar o professor é fundamental:

O Movimento Todos Pela Educação alerta que, para chegar ao bicentenário da independência com uma Educação de qualidade para todos, o país - gestores públicos, profissionais da Educação e a sociedade em geral - precisará fazer mais. Nesse sentido, a valorização dos professores ganha uma dimensão estratégica, que passa pela implantação do piso salarial nacional, a melhoria das condições de trabalho, o uso efetivo de programas adequados de formação continuada e uma maior atenção à formação inicial dos professores. Segundo Viviane Senna, os países que melhoraram a qualidade do ensino e estão fazendo a diferença foram aqueles que conseguiram selecionar os melhores professores, não deixaram nenhum aluno para trás e capacitaram as suas equipes gestoras. - Fazendo esse dever de casa, estaremos cuidando bem da educação das nossas crianças e jovens. Este é um caminho para garantir o cumprimento das cinco metas e, assim, esperamos comemorar que todos terão acesso a uma Educação Básica de qualidade em 2022 - conclui. (Fonte: Jornal DC)