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Brasil, a Pátria Educadora decepciona e não atinge quatro das cinco metas para a Educação



Brasil, a pátria educadora, estipulou cinco metas através do movimento Todos Pela Educação. Destas, quatro não foram cumpridas, mostra relatório da própria ONG que aponta dificuldades relativas principalmente ao salto de qualidade. O documento ainda mostra desafios que o país precisa enfrentar urgentemente.

Os objetivos em questão são para 2022, apenas, mas há metas parciais que são monitoradas todos os anos. A primeira delas prevê que toda criança e jovem entre 4 e 17 anos esteja na escola. Nela, o Brasil está evoluindo bem, com 93,6% dessa população inserida nas escolas em 2013 — a meta para o ano era 95,4%.

A meta 2 — “toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos” — não foi avaliada pois os indicadores de 2013 ainda não foram divulgados. Mas o levantamento feito em 2012 tem dados alarmantes, que mostram que o Brasil está bem longe desse objetivo. Ou seja, as crianças estão na escola, mas não estão lidando com ensino de qualidade.

O Brasil ainda falha quando o assunto é o percentual de alunos com aprendizado adequado em matemática e língua portuguesa no 9º ano do ensino fundamental. Em 2013, foram 16,4% na primeira matéria e 28,7% na segunda. As metas eram, respectivamente, de 37,1% e 42,9%.

Dizendo respeito à conclusão em idade adequada, a meta 4 também não foi cumprida. No ensino fundamental, a conclusão até os 16 anos foi alcançada por 71,7% dos alunos, sendo que a meta era de 84%, número que segue bastante distante da realidade.

Por fim, a meta 5, que estipula ampliação do investimento na área e uma melhora na gestão dos recursos foi parcialmente atingida. Em 2013, o investimento público direto na Educação foi de 5,6% do PIB. No entanto, ainda existem grandes dificuldades com execução e gestão de lançamento, o que faz com que a meta não seja totalmente completa.[Fonte: Yahoo]

Entidade diz que sistema atual de ensino não garante aprendizagem

Entidade diz que sistema atual de ensino não garante aprendizagem
A diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, defendeu hoje (19/08/2014) uma estratégia inovadora para enfrentar os desafios atuais da educação. “Precisamos ainda de inovação, porque não dá para viver em pleno século 21 com uma educação que é reflexo do século 19 e 20, porque o sistema atual não está garantindo aprendizagem. A porcentagem de alunos que aprendem ao final de cada etapa é pequena e vai caindo no decorrer dos anos”.
Priscila apresentou a análise ao participar do fórum Educação e o Mundo do Trabalho: O Ponto Que O Brasil Precisa Construir, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, na capital paulista. Para ela, é preciso criar a possibilidade de ter uma educação que sirva ao país, com todas as crianças na escola, garantia de que todos aprendam e equidade com resultados iguais.
Para a diretora, o conhecimento diversificado e complementar é o fator que mais explica o desenvolvimento de um país. “É isso que tem explicado que países tenham avançado economicamente de forma justa para seus cidadãos com maior distribuição de renda, qualidade de vida e de forma sustentável”. Segundo ela, isso está intimamente ligado com o tipo de educação que o país oferece.
O ministro da Educação, Henrique Paim, disse durante o evento que o Brasil tem feito um grande esforço para melhorar a educação, mesmo que o país tenha tido um despertar tardio a respeito do assunto e esteja pagando um preço alto por isso. Durante painel do fórum, o ministro ressaltou que há três elementos-chave para esse esforço nos últimos anos: estatísticas da educação, avaliação dos estudantes e financiamento da gestão.
“Constituímos no Brasil um grande sistema de avaliação e estatística dos mais modernos, com um cadastro atualizado todos os anos. O outro elemento é a avaliação que mede o desempenho dos estudantes desde a escola até os sistemas municipais e estaduais, o que tem que ser reconhecido como ferramenta importante para avançar na educação. O financiamento de gestão é o terceiro fator que permitiu que haja um padrão de financiamento para a educação, que faz com que criemos maior equidade entre os estados brasileiros”.
De acordo com Paim, o Plano Nacional de Educação (PNE) é diferenciado e trata de acesso e equidade, sendo uma grande oportunidade para o país, por tratar de todos os elementos fundamentais para o avanço da educação. “O PNE é o grande guia para que possamos, nos próximos dez anos, mudar a educação brasileira de forma estruturante. O programa surgiu de um grande debate e hoje temos uma outra perspectiva em torno da questão educacional”, afirmou.

Dados da Pnad não representam a realidade da educação, diz especialista


Apesar dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, divulgada na última sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontarem pequenos avanços na área de educação, a melhoria é muito lenta para o patamar de qualidade em que o Brasil se encontra.
A opinião é da diretora-executiva do Movimento Todos pela Educação (MTE), Priscila Cruz, advogada que atua na defesa da educação de qualidade há 10 anos. Segundo ela, o critério usado pelo IBGE para definir analfabetismo não leva em conta o nível de proficiência dos alunos em leitura e escrita.
"Alfabetização é muito mais do que escolarização. O IBGE olha os jovens e adultos com mais de 15 anos, aqueles que têm quatro anos ou mais de escolaridade já é considerado alfabetizado. Mas como a gente tem uma qualidade de educação muito ruim no Brasil, o que acontece é que tem muita criança de 11, 12 anos, jovem que está no ensino médio com 15, 17 anos, que ainda é analfabeto. Infelizmente isso ainda é uma realidade no nosso país", explica Priscila.
Ela disse que uma das metas do MTE é que toda criança esteja plenamente alfabetizada aos 8 anos de idade, o que não ocorre atualmente. "A Prova ABC (uma parceria da ONG Todos pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostrou que, das crianças de 8 anos no Brasil, só metade é plenamente alfabetizada. É um dado bem diferente do IBGE. É diferente fazer a prova e testar ou perguntar quantos anos de estudo tem e ela ser considerada alfabetizada".
Priscila admite que houve avanços. Porém, eles ocorrem muito devagar. "A gente vem melhorando só que num ritmo muito lento. Se a gente tivesse num patamar mais alto, melhorar lentamente não seria tão ruim. A gente está num patamar muito baixo e melhorando muito lentamente, vai demorar muito pra gente conseguir garantir o direito de todos os alunos a ter educação de qualidade".
A diretora da ONG aponta que, apesar de 98,2% da população de 6 a 14 anos, correspondente ao ensino fundamental, estarem na escola, se for levado em conta desde a educação infantil até o ensino médio, o Brasil tem 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola. A situação é pior entre os adolescentes de 15 a 17 anos, que deveriam estar no ensino médio. Nessa faixa etária, a taxa de escolarização caiu de 85,2% em 2009 para 83,7% em 2011.
"O ensino médio vive uma crise de identidade: esses alunos não vêem sentido nesse ensino médio, acabam evadindo, saem antes do tempo de se formarem e a gente está perdendo esses jovens. São jovens que, na sociedade atual, século 21, sociedade do conhecimento, não concluíram nem o ensino médio, é ter aí um extermínio de jovens", alerta Priscila.
A diretora-executiva do Movimento Todos pela Educação lembra que existem experiências de outros países e também dentro do Brasil que apontam caminhos a serem seguidos para melhorar o desempenho dos alunos. "Acho que tem de investir em professor: eles são muito mais formados para serem teóricos da educação. Tem que ter um maior número de escolas em tempo integral, tem que ter avaliações que realmente ajudem os gestores a formularem suas políticas e incorporar a avaliação como ferramenta para avançar". [Fonte: Terra]

ONG cobra "política estruturante" para melhor acesso à educação


Apesar de o Brasil ter obtido melhores resultados no acesso à educação, com a inclusão de mais 9,2% de crianças e jovens com idade entre 4 a 17 anos nos cursos do ensino fundamental e médio na década de 2000 a 2010, ainda é grande a parcela dos excluídos: 3,8 milhões de pessoas nessa faixa etária.
"São aqueles que estão no campo, em favelas, em bairros muito pobres ou evadidos", afirmou nesta terça-feira Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos Pela Educação, durante o anúncio do resultado do quarto relatório de monitoramento das cinco metas propostas pela organização não governamental para serem cumpridas até 2022.
Ela alertou para o risco de as cinco metas não serem atingidas. A primeira delas é chegar a 98% dos alunos matriculados, em 2022. "A gente tem um risco muito grande de essas metas não serem atingidas caso não haja uma política estruturante para o setor muito forte em nível nacional e, principalmente, nos estados e municípios, que são os responsáveis pela educação básica", advertiu Priscila.
Na avaliação dela, no tocante à segunda meta - obter índice pleno de alfabetização das crianças com até 8 anos - o resultado "está aquém do esperado". No ano passado, apenas metade das crianças tinha conseguido o aprendizado mínimo em língua portuguesa e 40%, em matemática. Priscila afirmou que a deficiência acaba desaguando no ensino médio, onde apenas metade dos alunos que entram consegue concluir a etapa. Desse total, só 11% atingem o nível adequado de conhecimentos em matemática.
Para reduzir o atraso na aprendizagem dos alunos, é necessário "melhorar a qualidade do ensino e ter políticas de recuperação", defende Tufi Machado Soares, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Para ele, fazer o aluno repetir um ano escolar deve ser uma prática adotada em último caso. Ele defende ainda a padronização dos critérios de reprovação na rede.[Fonte: Terra]

No Ensino Fundamental, 23 a cada 100 estudantes estão atrasados.

No Ensino Fundamental brasileiro, 23 a cada 100 estudantes estão atrasados nos estudos. No Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, o cenário é ainda pior: 34 a cada 100 estudantes sofreram defasagem ao longo da vida escolar. Os dados foram fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ao movimento Todos Pela Educação, e se referem ao ano de 2009.


A distorção idade-série pode ocorrer quando a criança entra atrasada no sistema de ensino ou ainda quando abandona os estudos e retoma. Mas, segundo o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) Ocimar Munhoz Alavarse, o atraso escolar pode ser explicado em boa medida pela reprovação.
"O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém reprovasse. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental", afirma. "As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados."
Para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), o processo ensino-aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas: "Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão de sujeito humano e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final, mas para que o processo não seja determinado apenas por provinhas", diz.


Desigualdades regionais:
No Pará, o atraso escolar atinge 38 a cada 100 estudantes do Ensino Fundamental. Nos estados das regiões Norte e Nordeste o atraso escolar tem, em geral, se mostrado maior do que nas demais regiões.

Confira abaixo a taxa de distorção idade-série pelas unidades da federação:

REGIÃO NORTE
UF Distorção Idade-Série (em %) 
1ª a 4ª Série 5ª a 8ª Série Fundamental Médio
1º ao 5º Ano 6º ao 9º Ano
AC 26,9 26,4 26,7 33
AM 27 43,8 33,9 49,7
AP 23,6 27,8 25,3 41,9
PA 36,6 41,5 38,5 57,4
RO 18,7 31,5 24,6 29,9
RR 16,3 27 21 23,6
TO 17 28,1 22 33,2



REGIÃO NORDESTE
UF Distorção Idade-Série (em %) 
1ª a 4ª Série 5ª a 8ª Série Fundamental Médio
1º ao 5º Ano 6º ao 9º Ano
AL 26 43,9 34,1 47,2
BA 31,4 42,9 36,4 47,9
CE 21 29,5 24,8 34
MA 25,1 35,6 29,4 45,5
PB 27,7 38,6 32,4 40,1
PE 23,9 37 30 48,4
PI 30,6 37,4 33,4 54,8
RN 22,5 37,8 29,3 43,6
SE 30,7 43 36 47,1


REGIÃO CENTRO-OESTE
UF Distorção Idade-Série (em %) 
1ª a 4ª Série 5ª a 8ª Série Fundamental Médio
1º ao 5º Ano 6º ao 9º Ano
DF 11,9 27,4 18,7 29,9
GO 16,3 28 21,8 34,6
MS 19,3 31,3 24,6 30,7
MT 15,4 27,3 20,9 37,3



REGIÃO SUDESTE
UF Distorção Idade-Série (em %) 
1ª a 4ª Série 5ª a 8ª Série Fundamental Médio
1º ao 5º Ano 6º ao 9º Ano
ES 16,6 27,1 21,5 27,5
MG 13,1 28,5 20,2 31
RJ 22,3 35,6 28,4 45,9
SP 4,8 12,2 8,3 17,3


REGIÃO SUL
UF Distorção Idade-Série (em %) 
1ª a 4ª Série 5ª a 8ª Série Fundamental Médio
1º ao 5º Ano 6º ao 9º Ano
PR 8 23,2 15,4 25,5
RS 16 29 22,2 32
SC 10,6 19,4 15 16,7


Bibliotecas: Agora é Lei!


A íntegra da Lei n.12.244, de 24.05.2010, publicada no DOU-I de 25.05.2010, dispondo que as instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, concedendo um prazo de dez anos para sua efetivação e que sejam respeitadas as Lei 4084/1962 e 9.674/1998 (que estabelecem que compete ao bibliotecário a organização, direção, administração de bibliotecas e serviços de documentação, execução dos serviços técnicos etc.)

LEI Nº 12.244, DE 24 DE MAIO DE 2010

Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País.

O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.

Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.

Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares.

Art. 3o Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de maio de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Fernando Haddad

Carlos Lupi


Todos Pela Educação


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Desinteresse é o que mais afasta jovens da escola

Adriano (nome fictício), de 15 anos, acha a lan house e o bate-papo com os amigos mais interessantes do que a sala de aula

Falta de interesse pelo ensino e poucos atrativos na sala de aula. Esses são os principais motivos pelos quais jovens brasileiros abandonam os estudos. A pesquisa Motivos da evasão escolar, divulgada quarta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que 17,8% dos adolescentes entre 15 e 17 anos (ensino médio) estão fora da escola. E, diferentemente do mito de que o trabalho é o principal vilão da permanência na educação, o levantamento revela que 40,3% dos alunos deixam livros e cadernos por completo desinteresse, seja pela carência da infraestrutura dos colégios ou seja pela baixa consciência da necessidade do aprendizado. A busca por emprego e a falta de vagas nas instituições respondem pela segunda e pela terceira causa da interrupção do aprendizado, com 27,1% e 10,9%, respectivamente.

Uma das principais conclusões da pesquisa é que os adolescentes precisam voltar os olhos para a escola e reconhecer a importância dos conhecimentos repassados em sala de aula. “Podemos ganhar todas as batalhas pela melhoria da qualidade da educação, mas, se não conseguirmos convencer os principais protagonistas – que são as crianças, os adolescentes e seus pais –vamos perder a guerra”, alerta o coordenador do levantamento e chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV, Marcelo Neri. A falta de participação da família no processo de aprendizagem também é apontada por especialistas como uma das mazelas do ensino, segundo o estudo A qualidade da educação sob o olhar dos professores, elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI), em conjunto com a Fundação SM (leia mais na página 26).

No cenário da falta de interesse pela escola, Minas e a Região Metropolitana de Belo Horizonte seguem a tendência do país. No estado, 39,2% deixam os estudos por essa razão e, na capital e municípios vizinhos, o número chega a 35,7%. Mas a falta de vagas nas escolas é o dado que mais chama a atenção na Grande BH. No ranking das seis regiões metropolitanas avaliadas na pesquisa, a de Belo Horizonte aparece em 1º lugar entre as que sofrem com problemas na oferta de vagas no ensino médio. Quase 12% dos estudantes entrevistados no levantamento apontam esse como um dos principais motivos para o abandono da escola.

O levantamento da Fundação Getúlio Vargas foi dividido em duas fases. A primeira cruzou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2006, com questões aplicadas diretamente a adolescentes e pais. Entre as perguntas estão por que o jovem não frequenta a escola? Se isso ocorre porque precisa trabalhar, porque não tem escola acessível ou, simplesmente, porque não quer o tipo de ensino oferecido. Numa segunda etapa, o estudo avaliou a situação da taxa de atendimento escolar, coletado até o fim do ano passado, também pelo IBGE.

Adriano (nome fictício), de 15 anos, é personagem desse triste retrato da educação e reforça as estatísticas do abandono. Ele está entre os 11,5% dos jovens entre 15 e 17 anos que não estão matriculados na rede pública da Região Metropolitana de BH. Em janeiro, quando iria começar o 1º ano do ensino médio, ele deixou os estudos e agora passa o dia em lan-houses da Vila Cafezal, na Região Centro-Sul da capital. “A escola era muita chata. Acho melhor ficar brincando no computador ou na rua com os amigos”, conta o adolescente, que desafiou os pais ao tomar essa decisão. “Minha família brigou comigo para que eu continuasse estudando. Mas não me importo e não quero pensar se isso vai me fazer falta no futuro”.

Já o estudante Bruno Antônio de Souza, de 16, está na contramão dessa realidade. Aluno do 1º ano do ensino médio, ele sabe conciliar bem os estudos com o trabalho. “Consegui o meu primeiro emprego com 13 anos e esse dinheiro ajuda a pagar minhas contas. Hoje, tenho independência financeira, mas quero ir mais longe, fazer faculdade e ter uma boa profissão. Por isso, não penso em deixar a escola”, conta o vendedor de uma loja de produtos eletrônicos no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de BH.

Reforma

Se os alunos devem valorizar mais o ensino, a escola também precisa criar atrativos para despertar o interesse deles. A avaliação é do ministro da Educação, Fernando Haddad, que defende a restruturação do ensino médio. “Uma das questões apontadas pela pesquisa é que o jovem não vê sentido da sua permanência na escola, não vê conexão entre os estudos e sua realidade socioeconômica. Por isso, há duas importantes reformas em curso para o nível médio. A primeira é a do Sistema S, em que as escolas do Senac e do Senai serão obrigadas a investir dois terços dos recursos que arrecadam da folha de pagamento dos trabalhadores na oferta de cursos profissionalizantes gratuitos para adolescentes de 15 a 17 anos. Outra mudança é na maneira de fazer o vestibular, com a unificação do processo seletivo das universidades federais.”, afirma.

Segundo o ministro, a reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para substituir o tradicional vestibular vai reduzir as distorções da educação. “O aprendizado está todo direcionado à memorização e à decoreba, o que afasta o jovem do ensino médio. A escola também está voltada para um processo seletivo que não formula adequadamente as perguntas e, portanto, não orienta bem o currículo escolar”, acrescenta. A Secretaria de Estado de Educação (SEE), que responde pela maioria das escolas ensino de médio de Minas, informou que deve se pronunciar sobre a pesquisa hoje, depois de conhecer os detalhes do levantamento.

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