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Escola para a vida: como deve ser o ensino no século 21?

Mais do que alunos prontos para gabaritar provas e destacar-se em rankings, que cidadãos queremos formar? Os tempos mudaram, a neurociência aponta os caminhos da aprendizagem e o ensino precisa ser repensado para fazer o mundo melhor.

 Na educação do século 21, os alunos se tornam protagonistas do seu aprendizado e precisam ser ouvidos, podendo e devendo ser cocriadores das soluções (Foto: iStock)

 Para educar as crianças de qualquer geração, é preciso mirar o mundo em que elas viverão quando forem jovens e adultos produtivos. Diante das intensas e profundas transformações vividas nas últimas décadas, entretanto, fica bem difícil imaginar qual será a realidade de 2040 ou 2050. Para se ter uma medida das mudanças, cerca de 85% das profissões de 2030 ainda nem foram inventadas, segundo estudo do Instituto para o Futuro (IFTF). Apenas uma coisa fica clara: a realidade presente e do futuro, mesmo próximo, já não tem nada a ver com a do século passado. Apesar dessa certeza incontestável, as escolas ainda continuam seguindo a mesma lógica de ensino e passando os mesmos conteúdos de, pelo menos, 50 anos atrás.
“A educação básica é feita para preparar as pessoas para a vida e, atualmente, ela prepara para uma vida que não existe mais. É como querer instalar um aplicativo moderno num celular velhinho; ele trava. O sistema educacional hoje está travado”, resume Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare, dedicado a contribuir para que a educação faça mais sentido aos estudantes. Ela ressalta que a única coisa do século 21 que tem na escola, hoje, são os próprios alunos. E que, além de pensar no mercado de trabalho, é preciso preparar as pessoinhas em formação para construir um mundo melhor. “Precisamos instrumentalizá-los para que sejam capazes de fazer transformações positivas no seu entorno.”

Nesse ambiente tão incerto da atualidade, o desenvolvimento do intelecto e o acúmulo de conhecimento – focos principais do ensino convencional – vão perdendo a relevância, já que essas áreas são cada vez mais dominadas pelas máquinas. Para poder encarar os desafios e se adaptar às mudanças, cabe aos seres humanos potencializar o que há de mais humano em si mesmos: criatividade, autoconhecimento, autonomia, pensamento crítico, capacidade de resolver problemas, de ter iniciativa, flexibilidade, empatia, entre outras coisas mais.
Apesar dessas constatações, as instituições de ensino de hoje – sejam­ elas públicas ou particulares – mais se assemelham a uma linha de montagem de estudantes para obterem boas notas no boletim ou em exames de ingresso nas faculdades. Sendo assim, sobra pouco espaço­ ou quase nenhum tempo para se dedicar a desenvolver qualquer uma dessas “competências”, como estão sendo chamados as habilidades pessoais que prometem fazer (e já fazem) uma diferença positiva na vida­ das pessoas.
Mas como ensinar isso na escola? Essa é a resposta que o mundo inteiro busca, mesmo os países com ótimos resultados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Esse sistema que compara o desempenho escolar de alunos de mais de 80 nacionalidades se resume a provas de matemática, ciências e leitura. Uma análise bem restrita diante da proposta de “educação integral”, que trabalha, além do aspecto intelectual, o social, o emocional, o cultural e o físico ao mesmo tempo. E que aos poucos vai se tornando um consenso mundial da direção a ser seguida pelas escolas para entrarem, de fato, no século 21. (Conheça uma escola pública e uma particular inovadoras nos textos ao final da reportagem)

Dar a mão à palmatória

Para o educador e pedagogo espanhol Antoni Zabala, referência mundial na área (leia entrevista aqui), o conteúdo do que é ensinado deve mudar radicalmente. “Seguimos atados a conteúdos históricos e outros pré-históricos. As matérias tradicionais morreram ou deveriam morrer, necessitamos de outros conteúdos de aprendizagem.” A afirmação, em geral, faz muita gente arregalar os olhos. Diminuir o volume teórico das aulas parece estar atrelado à queda da qualidade de ensino. Mas Zabala não ameniza seu parecer e sugere uma reflexão: “Você gostaria de ir a um dentista que usa métodos de 40 anos atrás? Temos ou não temos que mudar? Temos que continuar ensinando o mesmo da mesma maneira?”
Ele conta que, para melhorar o que escreve, não sabe usar a morfossintaxe que aprendeu na escola, embora tirasse sempre boas notas no tema. Isso porque a matéria foi ensinada para que ele pudesse fazer análise sintática das orações, mas não para melhorar um texto. “O objetivo do estudo como é hoje é errado: se ensina matemática, português e química, mas não para a vida. Embora para entender a vida seja necessário aprender matemática, português e química.”
Um dos responsáveis pela transformação curricular do ensino espanhol no período pós-Franco – reforma que ainda não conseguiu sair de fato do papel –, Zabala enfatiza que o mundo hoje exige mais capacidades do que conhecimentos teóricos isolados da realidade das pessoas. Assim como não é possível ser competente ou capaz sem conhecimento, este não serve de nada, por si só, se não puder ser usado para a compreensão e intervenção nos problemas da vida real, seja nos âmbitos pessoal, interpessoal, social ou profissional.


“Se perguntar aos empresários do mundo inteiro que características querem nos seus funcionários, a resposta é que fundamentalmente precisam de pessoas que saibam aprender a aprender, porque vamos ter sempre mudanças. Pessoas que saibam resolver problemas, trabalhar em equipe, que sejam solidárias e generosas”, argumenta. Como se aprende essas coisas? Na visão dele, só na prática é possível. “A dinâmica das aulas deve levar os alunos a fazer coisas dentro de sua individualidade”, afirma.
Zabala aponta que, com os avanços científicos em neurociência e comportamento dos últimos anos sobre como as pessoas aprendem, é possível deduzir novas formas de ensinar. Construtivismo é o nome que se dá aos estudos que procuram entender como se estrutura o conhecimento e, como o nome já sugere, segue a lógica de uma construção. “O construtivismo diz que devemos partir do conhecimento prévio dos alunos. Quando uma pessoa quer construir uma casa, a fundação não é a mesma para um terreno rochoso e para um arenoso. Portanto, devemos construir de acordo com o terreno”, exemplifica.
Dessa lógica da construção também surge a ideia de trabalhar as aulas por meio de projetos multidisciplinares. A proposta é permitir que os alunos escolham trabalhos práticos para desenvolver sobre temas de seu interesse. Por meio deles, os professores passarão os conceitos teóricos antes transmitidos de forma desconexa e teórica em intermináveis e maçantes aulas expositivas. Algo muito próximo de ir ao dentista sem medo e sem dor, para manter a comparação feita por Zabala.
Para se chegar a um novo sistema de ensino mais contemporâneo, é preciso também muita desconstrução de velhos conceitos, como carteiras enfileiradas, estudantes sentados e calados por horas, sinais sonoros marcando início e fim de atividades, séries definidas por idade, lições padronizadas por séries e relações hierarquizadas e autoritárias. A diversidade nos grupos de projetos – reunindo alunos de diferentes idades e diferentes níveis de aprendizado – vem substituir as tradicionais turmas de classe e costuma promover uma troca maior e um desenvolvimento mais personalizado de cada um.

“Não existe mais aluno de primeiro, segundo ou terceiro ano – existem João, Pedro, Maria, Teresa. Existem alunos, mas não grupos de alunos. Cada um é diferente, tem suas habilidades, talentos, valores, família, experiência distintas”, afirma Zabala. Para ele, o problema da forma de ensinar não está tanto na introdução das tecnologias, que são um meio eficaz de oferecer a cada um os conhecimentos mais apropriados a suas características, adequados ao seu ritmo e estilo. A questão maior é a resistência de boa parte do professorado.
Nessa mudança profunda de estímulo pedagógico, baseado em práticas e vivências, os alunos se tornam protagonistas do aprendizado, precisam ser ouvidos, podendo e devendo ser cocriadores das soluções. Ao professor já não cabe mais transmitir conhecimento; ele assume um papel de mentor, que interage, motiva, direciona e apoia o processo de descoberta dos estudantes.
“Não estamos pedindo ao educador nada diferente do que todas as profissões tiveram que fazer, que foi se reinventar a partir do aparecimento das tecnologias, das novas demandas, dos novos cenários”, argumenta Anna Penido. A diretora do Instituto Inspirare considera que o professor ainda é insubstituível, e provavelmente continuará a ser. Mas apenas se resgatado o papel do educador como alguém que pode transformar a vida do aluno é que a profissão ganhará valorização social. A recompensa financeira deve vir acompanhada.

Ponto de partida

O Brasil já iniciou de alguma forma o processo de inovação do ensino por meio do currículo, a grande bússola capaz de puxar a mudança. Ele determina os alunos que o país quer formar e, a partir dele, se definem infraestrutura de escola, formação de professor e práticas pedagógicas para se construir uma escola diferente. Mas, assim como na Espanha, ainda é preciso sair do papel.
Anna explica que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem um capítulo introdutório muito contemporâneo, apontando que a orientação para a educação básica é a promoção do desenvolvimento integral, trabalhando a multidimensionalidade do estudante por meio de competências gerais que são realmente o estado da arte no que hoje é a visão mundial desse assunto.


Mas as instituições escolares ainda têm dificuldade de trazer as competências gerais para o trabalho das disciplinas convencionais de português, matemática, ciências humanas, da natureza, etc. “Não sabemos ainda como trabalhar empatia, criatividade, cultura digital como algo basilar. Porque o que fizemos até agora nesse sentido foi como algo complementar. Então, ainda temos essa dificuldade de propor o novo.”
A BNCC do ensino infantil e fundamental já está homologada e sendo trabalhada para aplicação nas escolas. Mas a BNCC do ensino médio, que ainda não foi aprovada nem homologada, propõe mudanças para além daquele capítulo introdutório e ainda gera polêmica. “Imposta por meio de uma medida provisória, a polêmica da BNCC às vezes está mais no atropelo do processo do que no conteúdo. Mas pior seria se o país não estivesse discutindo essas questões. Temos que falar sobre isso”, afirma.
Não se justifica mais querer encontrar razões para não fazer essa transição, por mais drástica que pareça, porque o processo educacional já não pode mais ficar parado no tempo. As limitações das avaliações, da burocracia e da falta de recursos são dificultadores, mas não podem ser impeditivos. “As taxas crescentes de depressão e até de suicídios entre crianças e jovens, no Brasil e no mundo, são um fenômeno da inadequação e inadaptação à sociedade como um todo, e à escola em particular”, afirma Anna. Para ela, os níveis de angústia, ansiedade e infelicidade entre os estudantes estão levando as famílias – que na maior parte pensam com a cabeça do século 20 – a refletir se querem isso mesmo para seus filhos. Quando pais se unem a educadores e governos, a transformação do sistema de ensino se torna ainda mais consistente e possível. [Fonte: Revista Planeta]

Brasil é Campeão em Violências Contra Professores


Segundo pesquisa da OCDE, 12,5% dos professores brasileiros disseram sofrer violência verbal ou intimidação de alunos, pelo menos uma vez por semana. O Brasil ocupa a primeira posição no ranking. Em segundo lugar aparece a Estônia com 11%, seguida pela Austrália com 9,7%.

A pesquisa foi realizada em 34 países, com a participação de 100 mil professores e diretores dos ensinos fundamental e médio.

Outra pesquisa mostra que mais de 22,6 mil professores foram ameaçados por estudantes e mais de 4,7 mil sofreram atentados à vida nas escolas. Os dados são do questionário da Prova Brasil 2015, aplicado a diretores, alunos e docentes do 5º e do 9º anos do ensino fundamental de todo o país. 

A violência também ocorre entre estudantes: 71% dos mestres presenciaram agressões verbais ou físicas entre eles. As informações estão na plataforma Qedu.

Professor brasileiro ganha 39% da média salarial de países desenvolvidos

Considerando piso de 2014, brasileiro recebeu 12,2 mil dólares por ano. Em países da OCDE, média foi de 31 mil dólares.

O professor brasileiro ganha, em média, 39% do que é pago para os mesmo profissionais nos países desenvolvidos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgados na manhã desta quinta-feira (15/09/16).
Considerando o piso salarial nacional de 2014, o mínimo que um docente brasileiro dos anos iniciais receberia seria o equivalente a cerca de 12.200 dólares por ano. Em média, nos países da OCDE, o salário inicial de um docente do mesmo nível é de cerca de 31 mil dólares. Países como Suíça, Alemanha e Luxemburgo possuem salários iniciais superiores a 45 mil dólares por ano.
A análise faz parte do relatório "Education at a Glance 2016", que conta com dados do Brasil e de mais 40 países. Segundo a OCDE, a maioria dos dados educacionais são referentes ao ano de 2014 e os dados financeiros são relativos a 2013.
Em 2016 o salário base nacional passou para R$ 2.135,64. Entretanto, diversos sindicatos e entidades de classe questionam a aplicação, apontando que ele não é cumprido em todos os estados.
A pesquisa da OCDE, cujos destaques foram apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), também avaliou a situação salarial do professor universitário.

Na educação superior, considerando o salário pago pelas instituições federais, "o salário médio anual dos docentes em 2014 variou de 27 mil dólares na Eslováquia até 133 mil dólares em
Luxemburgo. No Brasil, o salário médio anual dos docentes trabalhando em IES federais foi de 41 mil dólares."

Total de alunos por professor

No Brasil, os professores têm um número maior de aluno em sala de aula se comparado com os demais países da OCDE. No Brasil, a média é de 21 alunos por professor nos anos iniciais do ensino fundamental, 18 nos anos finais do ensino fundamental, 15 no ensino médio e 25 na educação superior.

Em média, nos países da OCDE, existem cerca de 15 alunos por professor nos anos iniciais do ensino fundamental, 13 nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio e 17 na educação superior.
No caso brasileiro, o número é maior nas escolas públicas do que nas privadas. A média dos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas é de 25 alunos por professor, enquando nas escolas privadas é de 18 alunos por professor.

Investimento público

A proporção de gasto público dedicado à educação diminuiu, entre 2005 e 2013, em mais de dois terços dos países com dados disponíveis. O Brasil foge dessa regra: em 2013, o gasto em educação representou 16% do gasto público total, enquanto na média esse valor representou 11%.
Entretanto, a série histórica do "Education at a Glance 2016" continua a colocar o país como um dos que continua a aumentar o investimento, mas ainda investe menos do que os demais países.
"Em 2013, o gasto anual por aluno (do ensino fundamental até a educação superior) foi menor que 5 mil dólares no Brasil, México e Turquia e mais de 15 mil dólares em Luxemburgo, Noruega e Estados Unidos", detalha o Inep.
Segundo o órgão, considerando apenas o investimento público em educação, o Brasil investe anualmente cerca de 3,8 mil dólares por aluno da educação básica, sendo que, para cada nível educacional, os países da OCDE investem, em média, cerca de 8.400 dólares por aluno dos anos iniciais, 9.900 por aluno dos anos finais e 9.800 por aluno do ensino médio.

O Brasil tem o maior percentual de jovens de 20 a 24 anos de idade que não estão estudando: 75%. No entanto, mais da metade desses jovens que não estudam estão trabalhando e, segundo a PNAD 2014, 57% já concluíram o ensino médio (50%) ou superior (7%).
"Quando se analisa uma faixa de idade maior, entre 15 a 29 anos, verifica-se que 20% dos brasileiros nem estudam nem trabalham, sendo que a média OCDE para 2014 foi de 15%", analisa o relatório do Inep.
No Brasil, Chile, Colômbia e México o percentual de mulheres entre 15 e 29 anos que não estão trabalhando nem estudando é maior que 25%, enquanto entre homens esse percentual é menor que 17%.

Educação superior

Apesar do avanço recente no total de matrículas do ensino superior, o Brasil ainda está abaixo da média na proporção de pessoas com diploma supeior. No Brasil, na faixa etário de 25-34 anos, 16% da população tem ensino superior, contra 69% na Coreia do Sul e 60% no Japão. A realidade brasileira está mais próxima de países como África do Sul (14%) e Indonésia (11%).

Nível Médio

Ao lado do Canadá e da Índia, o Brasil figura entre os países com o menor percentual de concluintes do ensino médio que cursaram educação profissional: cerca de 6% em relação ao total de concluintes do ensino médio em 2014. Na média dos países da OCDE, 49% dos jovens concluintes do ensino médio eram de formação profissional.

Desemprego

A tendência mundial é que o desemprego seja maior entre aqueles com menor escolarização. Entretanto, No Brasil, Islândia, México, Coreia do Sul, Indonésia e Japão, a diferença na taxa de desemprego é muito pequena em relação ao nível de escolarização. "No Brasil, por exemplo, a taxa de desemprego em 2014 foi de menos de 6% em todos os níveis de escolarização, enquanto a taxa de desemprego, em média, na OCDE variou entre 4,9% (para quem tem educação superior) e 12,4% (para quem não tem ensino médio)", aponta documento do Inep que avalia do destaques do estudo da OCDE.

Renda e escolarização

No Brasil, Chile e México, quem possui graduação chega a ganhar quase o dobro dos que possuem apenas o ensino médio, enquanto na Áustria essa diferença não ultrapassa 5%. Na média dos países da OCDE, as mulheres com nível superior ganham 73% da remuneração dos homens com a mesma escolarização.[Fonte: G1]

Professores se sentem excluídos dos debates educacionais, diz pesquisa

Ver os alunos aprendendo de verdade é o que mais motiva os professores do ensino básico brasileiro a continuarem na carreira do magistério, mas não serem ouvidos pelos gestores é um dos pontos mais os preocupam. Esses foram alguns dos resultados da pesquisa Conselho de Classe, realizada pelo IBOPE Inteligência a pedido da Fundação Lemann, com o apoio do Instituto Paulo Montenegro, e que contou com a participação de 1 mil professores do ensino fundamental da rede pública.
O objetivo da pesquisa foi dar voz aos professores, tão importantes agentes de mudança na educação. A pesquisa mostrou a visão deles sobre a educação do país. Entre a várias perguntas que eles responderão, estão:
  • Quais aspectos trazem mais satisfação na sua atuação como professor?
  • Com que frequência você sente que a sua opinião é ouvida?
  • O que você gostaria de discutir e mudar na educação?

Formação e atuação dos professores

Mais de 60% dos professores entrevistados fizeram a graduação em alguma universidade particular. Apesar disso, a maioria deles estudou o ensino básico (ensino fundamental e médio) em escola pública. Além disso, poucos têm ou tinham pais com ensino superior completo.
A maioria dos entrevistados também disse que pretende continuar na mesma escola em que atua nos próximos cinco anos. Dos participantes, 9% disse que pretende permanecer como professor, mas em outra escola, e 5% que gostaria de assumir cargos de direção e administração escolar.
Os pesquisadores conversaram com alunos de escolas onde realizaram o estudo e descobriram uma coisa que todas elas tinham em comum: professores inspiradores que impactaram suas vidas. Assista abaixo ao vídeo dessa conversa com os alunos.

O que mais motiva o professor

A entrevista ainda procurou saber o que, nas condições por que passam hoje, motiva os professores a continuarem na carreira do magistério. Saber que está contribuindo para o aprendizado dos alunos foi a principal resposta dos entrevistados (72%). A maioria, por exemplo, disser ser totalmente a favor de que os currículos de todas as escolas do Brasil tenham uma base comum, e que saber o que é esperado do aluno a cada ano facilitaria seu trabalho.
A remuneração foi citada como motivador por 20% dos entrevistados. Vale ressaltar que o estudo quis identificar o que o motiva a continuar como professor e não o que é mais importante para o profissional. Além disso, mais de 70% dos professores afirmaram sentir que existe um descompasso financeiro frente a outros profissionais de nível superior, tanto do setor público quanto privado.
Entrevista com professora na pesquiisa Conselho de Classe

Como os professores se sentem

Mais da metade dos entrevistados disse que nem sempre tem voz no debate educacional. A sensação de ser ouvido vai piorando quanto mais distante o professor se sente de um órgão ou gestor, como o Ministério da Educação: 96% dos professores disseram que nunca ou apenas algumas vezes se sentiram ouvidos pelo MEC.
O estudo mostrou que, para os professores, caso a opinião deles fosse mais ouvida pelos gestores educacionais, questões como condições de trabalho e desempenho escolar dos alunos poderiam ser mais impactadas. Além disso, para eles, o tema mais importante para se discutir é o acompanhamento psicológico e a indisciplina dos alunos.

Temas preocupantes para os professores

A pesquisa identificou quatro grandes temas que mais preocupam os docentes. O primeiro é a questão da formação efetiva dos alunos. Para eles, essa luta é importante, pois assim é possível enfrentar a defasagem de aprendizado, por exemplo. A maioria também disse não ter certeza se o que ensina para os alunos é suficiente para que se desenvolvam pessoal e profissionalmente.
O segundo tema diz respeito à heterogeneidade das turmas. Dentro deste tema, um dos desafios é a falta de condições adequadas para a inclusão de alunos com deficiência. Já o terceiro tema trata sobre a relação com as família. Os professores disseram se sentir sobrecarregados com tarefas que deveriam ser assumidas pelos pais, por exemplo.
O último tema preocupante para os professores é a aplicabilidade das políticas educacionais. A maioria se sente excluído do processo de implementação de políticas públicas para a educação.
Quer conhecer melhor a opinião dos professores sobre esses e outros temas? Baixe gratuitamente a pesquisa “Conselho de Classe”, basta preencher o formulário abaixo. [Fonte: QEdu]

A Finlândia tem muito a ensinar

Todo mundo admira a lendária neutralidade da Suíça, que se permitiu passar ilesa pelas duas guerras mundiais que devastaram a Europa no século passado. Injustamente, porém, quase ninguém conhece a histórica altivez da Finlândia, que rechaçou pelas armas dois poderosos invasores, os soviéticos e os nazistas - conseguindo também atravessar a Guerra Fria sem aderir ideologicamente a nenhum dos lados que, entre 1947 e 1991, polarizaram o mundo entre comunismo e capitalismo. Na canção Let's Do It, de Cole Porter, os finlandeses aparecem só depois dos pássaros, das pulgas, dos lituanos, espanhóis e holandeses em sua hipnótica lista de seres que se apaixonam na primavera. Mesmo tendo dado ao mundo o escorredor de pratos e os celulares Nokia, o destino da Finlândia não é ser famosa. Assim, a revolução educacional gestada nas escolas de lá está silenciosamente lançando as bases da educação que vai ajudar a moldar o ensino em todo o mundo no decorrer do século XXI. VEJA foi a Helsinque testemunhar essa saga, narrada em detalhes nas páginas seguintes desta reportagem.
Finlândia 7X0

Crianças ora hipnotizadas pela tela do computador, bem à vontade só de meias, ora ao ar livre e gelado, dissecando a geologia de uma paisagem que tem como marco uma sólida rocha encravada entre os pinheiros, como se fosse um parque temático sobre a era glacial. Bem-vindo à Finlândia, o país que se notabilizou como um dos melhores do mundo na educação, mas que, mesmo assim, já finca os pilares do ensino do futuro. Fale com qualquer professor de lá, da 1ª série à universidade, e ouvirá, como uma bem orquestrada sinfonia de Sibelius, o grande compositor finlandês, orgulho nacional: precisamos de uma escola que leve os alunos ao limite de suas potencialidades, que os prepare para um mundo cada vez mais globalizado e os ensine a se adaptar ao novo, a se virar diante do inesperado, a criar e a inovar. Que a lição se faça ouvir por aqui, onde agora se debate justamente o primeiro currículo escolar brasileiro.
Nenhum país que tem a educação como prioridade está alheio à discussão que inflama as rodas especializadas e afeta a vida de pais e estudantes: o que ensinar a crianças que não necessitam mais do saber enciclopédico, já que têm acesso a informação de qualidade ao toque do mouse, mas devem ser talhadas para enfrentar problemas e ofícios que nem sequer se imagina quais serão? "Mais do que acumular dados, o aluno precisa aprender a aprender, porque a toda hora surge um conhecimento novo e relevante no planeta", resumiu a VEJA o físico alemão Andreas Schleicher, diretor da área de educação na OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas). No fim do ano passado, líderes de toda parte encontraram-se em Genebra para falar do currículo do século XXI. Houve consenso de que é preciso preservar os conteúdos essenciais, ter coragem para eliminar o resto e dar lugar na escola ao desenvolvimento de habilidades requeridas no mercado de trabalho, como resiliência, capacidade de produzir em equipe, comunicação, abertura ao risco, criatividade. A Finlândia forçou ainda mais a barra e decidiu tornar menos estanques as divisões entre as matérias, ensinando-as muitas vezes ao mesmo tempo. A ousadia, vinda do país que lidera rankings mundiais de ensino, ocupou as manchetes. Seria o começo do fim das disciplinas?
"Os conceitos básicos de cada matéria continuarão a ser ensinados com metas claras e elevadas, ainda que as fronteiras entre elas fiquem mais flexíveis", garante Leena Maija Niemi, 42 anos, vice-diretora da escola Kasavuori, a meia hora da capital, Helsinque, espécie de laboratório dos novos tempos plantado em meio à floresta. Ali, vê-se uma mescla de economia, geografia, história, demografia, estudos sociais e finlandês num projeto chamado Minhas Raízes, um dos vários em curso, em que cada adolescente produz vasto material sobre a cidade de seus pais, avós ou tios. Nessa abordagem de "aprendizado baseado em projetos", professores de várias áreas planejam as aulas em conjunto. Fomentam independência para pesquisar e colaboração. Não se põem à frente da classe a ministrar intermináveis aulas expositivas, mas vão de mesa em mesa, resolvendo dúvidas e renovando desafios. Especialistas de Singapura, Estados Unidos, México, Espanha e Tailândia já agendaram visitas à escola Kasavuori para conhecer o modelo que, a partir do próximo ano, fará parte do currículo mínimo obrigatório da Finlândia.
De certa maneira, as inovações finlandesas são um reencontro com um passado glorioso. Na Atenas clássica, o ensino era baseado em desafios que demandavam várias áreas do saber para ser solucionados. O mentor respondia a uma pergunta com outra mais difícil, um problema levava ao seguinte, em um voo pela razão balizado pelo rigor da geometria e pela lógica, mas impulsionado pelas asas da poesia. A realidade é multidisciplinar e requer diversos domínios para ser abarcada em toda a sua complexidade. Os gregos sabiam disso. Os finlandeses estão provando que essa e outras abordagens do passado, embora esquecidas no tempo, nunca perderam seu valor. Há um século, o filósofo e matemático inglês Alfred North Whitehead escreveu The Aims of Education ("Os objetivos da educação"), um libelo contra o academicismo e a compartimentação dos campos do saber. "Nas nossas escolas a contradição é vista como uma derrota, quando deveria ser o primeiro passo rumo ao conhecimento real." Whitehead preconizava também o trabalho cooperativo. Encontra-se muito das ideias dele na adaptação das escolas da Finlândia à dinâmica do mundo atual e às exigências da economia globalizada e conectada.
Na década de 70, a Finlândia decidiu promover uma virada crucial no ensino. Era um tempo em que metade da população ainda vivia na zona rural e a economia dependia das flutuações do preço da madeira - passado que soa remoto diante do atual desempenho do país na corrida global: a chamada "terra dos 1 000 lagos" (exatamente 187 000) e dos 2 milhões de saunas (uma para cada 2,7 habitantes) desponta entre os cinco primeiros nos rankings mundiais de competitividade, inovação e transparência. Sua capital lidera o mais recente teste de honestidade da revista Reader's Digest, baseado em quantas de doze carteiras com 50 dólares deixadas em lugares-chave pela revista foram entregues de volta a seus donos ou à polícia. Em Helsinque, onze das doze carteiras foram devolvidas - no Rio de Janeiro, quatro, o mesmo número de Zurique.
Não espere encontrar na Finlândia a rigidez típica de outros campeões do ensino, como Coreia do Sul ou China. Enquanto a palavra de ordem na Ásia é estudar noite e dia, nessas bandas da Escandinávia a rotina escolar é mais suave, com jornadas de cinco horas e lição na medida certa para sobrar tempo para "relaxar" - esse é o verbo de que os finlandeses gostam. Que não se confunda isso com indisciplina ou pouca ambição. Foi só a Finlândia perder posições no ranking da OCDE (ficou em sexto lugar no último) e o exame nacional mostrar certa queda para soar o alerta e o rumo ser corrigido. Os novos tempos são de construção do conhecimento em rede, uns colaborando com os outros, como nas rodas acadêmicas. Também é visível a mudança na condução da aula pelo professor, que às vezes nem mesa tem; a ideia é que ele palestre menos e guie mais o voo dos estudantes. Os mestres não são coadjuvantes, como em muitas experiências que se autointitulam inovadoras, mas o centro de uma reviravolta sustentada em delicado equilíbrio. "O segredo está em não achar que flexibilidade é o mesmo que anarquia", pondera a doutora em educação Kristiina Kumpulainen, da Universidade de Helsinque.
A tarefa de saber qual conteúdo deve sobreviver à afiada peneira deste século não é simples, mas vem sendo testada com sinais de sucesso, e não só na Finlândia. Também na vanguarda do ensino, o distrito de Colúmbia Britânica, no Canadá, encontra-se em pleno processo de separar o descartável do essencial. "Com uma grade de matérias tão pesada, as crianças não estavam aprendendo a pensar", reconhece Rod Allen, envolvido na missão de reescrever o currículo. Os canadenses continuarão a estudar os fundamentos da democracia grega e por que todos os caminhos levavam a Roma, mas não precisarão mais "sobrevoar", como diz Allen, todas as civilizações da Antiguidade. "No lugar de cinquenta tópicos mal absorvidos, vamos agrupá-los em dez ou doze grandes áreas, enfatizando os conceitos realmente valiosos", explica ele, que ainda esclarece: datas, pessoas e eventos importantes seguem firmes na cartilha. O Japão percorre trilha semelhante. Enxugou em 30% seu currículo para ceder espaço às habilidades tão em voga. Não há nada de modismo aí. Os japoneses perceberam que os postos de trabalho que envolvem atividades rotineiras e baseadas em um único tipo de conhecimento estão sendo varridos por aqueles movidos a desafios mais imprevisíveis e complexos, que exigem flexibilidade de pensamento e de postura. Mas em um ponto ninguém mexe: ler um livro por semana foi, é e sempre será sagrado.
Há décadas se fala da importância de ensinar habilidades comportamentais, ou socioemocionais, como se diz no meio, como persistência e autodisciplina. Há décadas também elas vêm sendo subestimadas nas escolas, ainda que, nos anos 80, o americano James Heckman, prêmio Nobel de Economia, tenha demonstrado em pesquisas que são tão ou mais determinantes para o sucesso futuro do que as tradicionais matérias - e, sim, podem ser incentivadas. Mas, à medida que a cadeia produtiva muda sua lógica, exigindo cada vez mais capacidade de resolução de problemas e de adaptação em todos os níveis, o alerta de Heckman se faz reverberar na educação. Um estudo do Instituto Ayrton Senna reforça as palavras do Nobel trazendo os números à realidade brasileira: alunos mais perseverantes e organizados aprendem em um ano letivo cerca de um terço mais em matemática do que os outros; a abertura ao novo e a coragem de empreender e errar produzem o mesmo efeito positivo em língua portuguesa. "Existe o princípio geral de que só o que dá para medir tem valor. Pois já conhecemos bem o peso dessas habilidades que soam tão abstratas", observa Oliver John, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e consultor da OCDE no projeto de criar um termômetro universal para aferi-las.
E o Brasil nisso? Bem, enquanto países como Finlândia e Austrália, outro caso de sucesso, revisam seu currículo a cada dez anos e a Coreia do Sul já cravou a sétima edição do seu, o Brasil não tem nenhum. Isso mesmo: aterrissamos no século XXI sem um consenso nacional sobre o que o aluno deve aprender a cada ano em cada disciplina. A principal razão para tão profundo atraso é de cunho ideológico. Uma turma de educadores ainda acha que um script com objetivos e metas de aprendizado em comum engessaria a liberdade de lecionar e daria as costas às diferenças. "Confundem até hoje estrutura com camisa de força", diz Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann e integrante de um grupo de especialistas que debatem o teor do currículo brasileiro por vir. Previsão: 2016.
Envolvido na confecção desse currículo, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, fez uma ala de pensadores tremular com suas afirmações a propósito do tema. Disse o ministro, acertadamente: "A tradição no Brasil é de enciclopedismo raso". A proposta conduzida por ele, portanto, mira diminuir quantidade em prol de profundidade, mas não só isso: "Desenvolver competências deve ser a principal missão da escola". Ele se refere, por exemplo, a saber ler e interpretar e afiar o raciocínio lógico. O que tirou o sono de especialistas foi a aparente contraposição que Unger fez entre conteúdos e competências (justamente relacionadas à utilização do conhecimento acumulado), como se fossem excludentes. "Não há conteúdos consagrados nem obrigatórios, sobretudo nos anos escolares mais avançados", defendeu ele a VEJA. "Também não podemos produzir um currículo engessado, que cale o experimentalismo vigoroso", foi além. Mas garantiu: a ideia é ter metas e orientações para docentes. A ver. Como professores que tropeçam no básico darão conta da transição para algo que só agora países bem mais evoluídos no ensino estão fazendo?
Muitas ressalvas cabem na comparação entre Brasil e Finlândia - a começar pela população: os finlandeses são 5,5 milhões com cultura homogênea e pouca disparidade de renda; já nós, 200 milhões com todo tipo de diversidade. Também eles não têm o mau hábito de mudar o curso da educação a cada troca de governo. A Finlândia adota um sistema parlamentarista com presidente da República que favorece coalizões entre quase todos os partidos. Tal estabilidade política contribuiu para a implantação de um sistema em que 99% das escolas são públicas e igualmente boas, segundo notou a OCDE. Tamanho é o valor que se dá à sala de aula que, mesmo na universidade, ninguém desembolsa um tostão. Ao contrário: os alunos ganham até bolsas para arcar com moradia. "Não precisamos mudar de cidade atrás de um bom ensino porque ele está por toda parte", conta a enfermeira Kirsi Ojala-Kinnunen, 42 anos, mãe de três filhos e uma entre os 35 000 habitantes da bucólica Tuusula, onde vive em uma casa de madeira típica do pós-II Guerra, com o conforto que todas essas residências têm - sauna para enfrentar o frio e as noites sem fim. Olhar para eles pode ajudar o Brasil a deixar a própria zona glacial: a dos últimos do mundo na educação.[Fonte: Veja.Com]

Em 2022, Brasil será um país de alfabetizados – e nada mais

Um novo mapeamento da educação no Brasil comprova que uma porcentagem ínfima de jovens conclui os estudos do ensino básico com os conhecimentos adequados em língua portuguesa e matemática. Tomando como base dados de 2013 divulgados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) no ano passado, o movimento civil e apartidário Todos Pela Educação, que traçou metas para a melhoria do ensino no país até 2022, aponta que somente 9,3% dos estudantes brasileiros se formaram no Ensino Médio com aprendizado adequado em matemática no período focado pelo estudo. O índice é superior para língua portuguesa (27,2%), mas não deixa de ser preocupante. Em 2011, por exemplo, os números eram de 10,3% e 29,2%, respectivamente. Se mantida esta tendência, o país continuará a ter no futuro jovens com níveis de compreensão e raciocínio lógico irrisórios para o ingresso numa boa universidade ou para o exercício pleno de uma profissão.
Embora 93,6% da população de 4 a 17 anos de idade estejam matriculados na educação básica - o índice fica um pouco abaixo da meta intermediária de 95,4% proposta pelo movimento -, os péssimos números registrados nos anos finais dos ensinos Fundamental (seis a 14 anos) e Médio (15 a 17 anos) refletem erros cometidos ao longo de todo processo de aprendizado. Menos de um terço das crianças de 8 anos que chegam ao 3º ano escolar são capazes de desenvolver uma redação em termos satisfatórios. A proficiência nacional em leitura nesta faixa etária encontra-se em 44,5%. A proficiência em matemática, em 33,3%.
Sem fôlego, o sistema de ensino deixa de atrair os jovens em fase final de formação, sobretudo os com baixa renda familiar. A consequência é uma alta taxa de evasão nacional. Cerca de 8,1% dos alunos desistiram do Ensino Médio em todo o país no período focado pelo estudo.
Com isso, mais de 1,6 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora das escolas. Entre os matriculados no primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Médio, o atraso de dois anos ou mais atinge 33,1%, 27,8% e 25,4% dos alunos, respectivamente. Os números, apesar de terem diminuído se comparados com os dos anos anteriores, apresentam uma triste projeção para o país. O movimento Todos Pela Educação prevê que, em 2022, apenas 76,9% concluirão o Ensino Fundamental e 65,1% se formarão no Ensino Médio com até um ano de atraso. O prognóstico fica longe das metas traçadas pelo movimento para daqui sete anos: 95% dos jovens de 16 anos com Ensino Fundamental e 90% dos que fizeram 19 anos com Ensino Médio.[Fonte: Veja.Com]


Taxa de distorção entre idade e série - Estudo Todos Pela Educação
(Arte/VEJA)

Porcentagem de alunos com atraso escolar de dois ou mais anos no Ensino Médio - Estudo Todos Pela Educação

No Brasil, uma de cada cinco crianças de oito anos não sabe ler

Quando chegam ao fim do terceiro ano do Ensino Fundamental, uma em cada cinco crianças de oito anos (22,2%) não consegue ler uma frase inteira. Nesse período, em que deveriam estar completamente alfabetizadas, elas decifram apenas algumas palavras isoladas, de acordo com os dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), nesta quinta-feira (17).
Além disso, mais da metade dos alunos (56,17%) só é capaz de encontrar uma informação em textos se ela estiver na primeira linha, o que revela o baixo fôlego de leitura dos alunos. Se precisa escrever um texto, um em cada três estudantes (34,4%) produz frases ilegíveis, com troca ou omissão de letras nas palavras. Em matemática, a maioria dos estudantes (57%) não consegue solucionar questões com números maiores que 20 ou ler as horas em um relógio de ponteiros.
A avaliação do MEC mede as habilidades de leitura, escrita e matemática de todos os alunos do país até o terceiro ano do Ensino Fundamental. No ano passado, os cerca de 2,3 milhões de estudantes de 49 000 escolas públicas dessa etapa foram avaliados de acordo com o nível em que se encontram nas três áreas. Na escala de leitura, por exemplo, o nível 1, onde estão 22,2% das crianças, é considerado inadequado. Na de escrita, os níveis 1 a 3, em que estão 34,4% dos alunos, são inadequados.
Em evento em São Paulo, nesta terça-feira (15), o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, adiantou que os níveis 1 e 2 da avaliação "inquietam". "Em países desenvolvidos e em boas escolas, as crianças estão alfabetizadas muito antes dos oito anos e isso precisa ser uma meta no Brasil", afirmou.
Diferenças por Estado - No país, as regiões Norte e Nordeste têm os piores resultados. Na escrita, apenas 3,72% dos estudantes do Nordeste e 4,12% do Norte alcançaram o melhor nível da avaliação. No Sul e Sudeste, o registro de alunos nesse patamar foi, respectivamente, de 32,55% e 36,13%. Para a escrita alcançar o melhor nível de avaliação, os estudantes precisam ter capacidade de escrever palavras com diferentes estruturas silábicas e um texto corretamente e com coerência.
Na leitura, apenas sete Estados (Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo) alcançaram resultados positivos, ou seja, mais de 50% dos alunos ficaram nos níveis mais altos.
Em matemática, alunos de cinco Estados (Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo) alcançaram as notas mais altas. Nos outros 22 Estados, as notas ficaram nos níveis mais baixos de aprendizado.
Matemática - De acordo com os resultados da ANA, 17,7% dos estudantes brasileiros estão no nível 3 em matemática, ou seja, são capazes de solucionar problemas com números maiores de 20 e fazer divisões exatas com o apoio de imagens. No nível 4, o mais alto da escala, estão um quarto dos estudantes (25,15%). Eles conseguem ler as horas em relógios analógicos, alguns elementos em gráficos de barras e são capazes de fazer subtrações com centenas e divisões em partes iguais sem o auxílio de imagens.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela ANA, os resultados do exame de matemática estão ligados às notas da avaliação de leitura, pois, para interpretar os problemas e transformá-los em cálculos é necessária a habilidade de leitura e compreensão dos enunciados.
Exame cancelado - A ANA foi criada com o Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), lançado pela presidente Dilma Rousseff em 2012. Os indicadores de 2014 são semelhantes aos números de 2013, primeiro ano em que a avaliação foi feita. Na época, o MEC não divulgou oficialmente os dados da edição por considerá-los apenas um diagnóstico inicial.
Em relação à edição anterior da ANA, houve estagnação nos indicadores. Naquele ano, 57% dos alunos ficaram nos dois primeiros níveis de leitura. Em Matemática o porcentual foi de 58%. Já em escrita, 41,5% haviam ficado nos dois patamares inferiores - à época, a escala usada era de quatro níveis (este ano são cinco).
No início de julho, o MEC cancelou a realização da ANA de 2015. De acordo com o professor Francisco Soares, presidente do Inep, a decisão refletiu a necessidade de cortes financeiros, mas também questões pedagógicas. "Todos tinham de contribuir (com o ajuste fiscal). Mas tem um caráter pedagógico importante", disse. Há a possibilidade de que a prova seja aplicada a cada dois anos.[Fonte: Veja.Com]

Brasil, a Pátria Educadora decepciona e não atinge quatro das cinco metas para a Educação



Brasil, a pátria educadora, estipulou cinco metas através do movimento Todos Pela Educação. Destas, quatro não foram cumpridas, mostra relatório da própria ONG que aponta dificuldades relativas principalmente ao salto de qualidade. O documento ainda mostra desafios que o país precisa enfrentar urgentemente.

Os objetivos em questão são para 2022, apenas, mas há metas parciais que são monitoradas todos os anos. A primeira delas prevê que toda criança e jovem entre 4 e 17 anos esteja na escola. Nela, o Brasil está evoluindo bem, com 93,6% dessa população inserida nas escolas em 2013 — a meta para o ano era 95,4%.

A meta 2 — “toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos” — não foi avaliada pois os indicadores de 2013 ainda não foram divulgados. Mas o levantamento feito em 2012 tem dados alarmantes, que mostram que o Brasil está bem longe desse objetivo. Ou seja, as crianças estão na escola, mas não estão lidando com ensino de qualidade.

O Brasil ainda falha quando o assunto é o percentual de alunos com aprendizado adequado em matemática e língua portuguesa no 9º ano do ensino fundamental. Em 2013, foram 16,4% na primeira matéria e 28,7% na segunda. As metas eram, respectivamente, de 37,1% e 42,9%.

Dizendo respeito à conclusão em idade adequada, a meta 4 também não foi cumprida. No ensino fundamental, a conclusão até os 16 anos foi alcançada por 71,7% dos alunos, sendo que a meta era de 84%, número que segue bastante distante da realidade.

Por fim, a meta 5, que estipula ampliação do investimento na área e uma melhora na gestão dos recursos foi parcialmente atingida. Em 2013, o investimento público direto na Educação foi de 5,6% do PIB. No entanto, ainda existem grandes dificuldades com execução e gestão de lançamento, o que faz com que a meta não seja totalmente completa.[Fonte: Yahoo]

Professor estadual com licenciatura ganha em média R$ 16,95 por hora

Levantamento do G1 comparou salários das redes estaduais do Brasil. Maior salário é o do Mato Grosso do Sul; menor é o de Santa Catarina.

O valor médio da hora nacional faz parte de um levantamento feito pelas equipes de reportagem do G1 em todo o país, junto aos governos estaduais e sindicatos, entre abril e junho deste ano.
Considerando a carga horária de 40 horas semanais de trabalho, o salário-base médio é de R$ 2.711,48 para professores com diploma de licenciatura no início da carreira.
O levantamento tomou como base essa categoria de docência porque as redes estaduais são as principais responsáveis pelo ensino médio, nível em que, para lecionar, é preciso concluir o curso de licenciatura.
Em média, o professor da rede pública estadual formado em licenciatura (ou seja, com diploma do ensino superior), recebe 57% do salário mediano dos trabalhadores brasileiros com formação equivalente. Segundo uma comparação feita pelo Cadastro Central de Empresas (Cempre) com base em dados de 2013, e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada, o salário médio de trabalhadores com diploma de nível superior foi de R$ 4.726,21.
Maior salário
O estado que paga o maior salário, segundo o levantamento, é Mato Grosso do Sul. Lá, os professores com licenciatura recebem o salário-base de R$ 3.994,25 pelas 40 horas semanais, jornada padrão, de acordo com informações do governo estadual.
No outro extremo da tabela, o estado com o menor salário-base é Santa Catarina. Segundo o governo catarinense, os professores com licenciatura que trabalham 40 horas por semana ganham salário-base de R$ 1.917,78, mesmo valor do piso nacional, obrigatório por lei para os professores com formação mínima de nível médio.
Fórum vai acompanhar salários
Em entrevista ao G1, Binho Marques, secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do MEC, afirmou que o ministério vai criar um fórum com a participação do governo, sindicatos e gestores estaduais e municipais para acompanhar e propor melhorias à lei que define o piso salarial nacional para os professores.
Ele afirmou ainda que a variação salarial entre os estados mostra a diversidade de planos de carreira locais. "É muito difícil fazer essa comparação, porque acaba sendo um pouco injusta. Tem estado que investe muito com salário do professor, mas o piso é baixo", disse ele.
Segundo Marques, há estados que "achataram" a carreira e, por isso, o salário inicial é alto, mas o teto salarial da carreira não é muito superior ao piso. Outras redes, porém, têm um plano de carreira com muitos degraus, o que faz com que o salário inicial seja baixo, mas o professor tenha mais oportunidades de subir na carreira.
Santa Catarina
A Secretaria de Educação de Santa Catarina, que, de acordo com o levantamento, é a única rede estadual a pagar aos professores licenciados o piso salarial dos professores de nível médio, afirma que outros estados já incorporaram a chamada "regência de classe", por isso o valor é maior.
Segundo a pasta, o governo negocia o salário com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC). De acordo com a Secretaria, o valor de R$ 1,9 mil é "irreal" como salário-base, pois os professores recebem gratificações e o salário sobe para quase R$ 2,4 mil.
O levantamento considera apenas o vencimento inicial, excluindo as gratificações, que podem chegar a mais de 100% do valor do salário-base. É o caso do Maranhão, onde 100% dos professores em sala de aula recebem a Gratificação de Atividade do Magistério (GAM), no valor de 104% do salário-base. Assim, a folha de pagamento dos docentes maranhenses sobre para pelo menos R$ 4.985,44.
Jornada padrão e gratificação
Como cada estado tem autonomia para definir que tipo de contrato firma com os servidores da educação, as jornadas de trabalho variam entre 16 e 40 horas semanais.
Para poder comparar a remuneração entre os estados, o G1 converteu os salários-base referentes às jornadas reais para o equivalente à jornada de 40 horas.
Em alguns estados, o salário bruto dos professores é mais alto, porque o governo incorpora gratificações e subsídios, como auxílio-saúde, vale-transporte, vale-refeição e remuneração extra pela atuação em sala de aula, ou para professores que trabalham em áreas distantes ou consideradas de risco.
Há estados, porém, que não oferecem remuneração extra. Mato Grosso do Sul e Minas Gerais estão neste grupo, além de Espírito Santo, Goiás e Tocantins. Outros estados não informaram se oferecem ou não gratificação: Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo.
Lei de 2008
A lei que estabelece o piso salarial nacional para professores é de 2008 e determina diversas obrigações municípios, estados e à União.
Além de dever pagar pelo menos o valor fixado por lei para professores com formação de nível médio e jornada de 40 horas semanais, os governos devem ajustar o salário para outras jornadas de trabalho segundo o piso.
Ainda de acordo com a lei, na jornada total, pelo menos um terço das horas trabalhadas pelos professores devem ser fora da sala de aula (a chamada "hora-atividade").
Em alguns estados, porém, o cargo de professor com diploma de ensino médio já foi extinto, e só são contratados docentes que tenham formação de ensino superior. É o caso, por exemplo, do Amazonas e do Espírito Santo. Em outros estados, como no Ceará, há apenas algumas dezenas de professores nessas condições, e eles já não atuam mais em sala de aula.
Veja a seguir o salário-base dos professores (com diploma de licenciatura e jornada de 40 horas semanais) em cada rede estadual do Brasil:
ACRE*

Remuneração por hora: R$ 16,76
Salário-base mensal: R$ 2.681,27

ALAGOAS

Hora-aula: R$ 16,57
Salário-base mensal: R$ 2.651,82

AMAPÁ

Remuneração por hora: R$ 21,35
Salário-base mensal: R$ 3.416,32

AMAZONAS

Remuneração por hora: R$ 20,43
Salário-base mensal: R$ 3.269,49

BAHIA*

Remuneração por hora: R$ 12,04
Salário-base mensal: R$ 1.925,96

CEARÁ

Remuneração por hora: R$ 12,05
Salário-base mensal: R$ 1.927,43

DISTRITO FEDERAL

Remuneração por hora: R$ 24,12
Salário-base mensal: R$ 3.858,87

ESPÍRITO SANTO*

Remuneração por hora: R$ 19,83
Salário-base mensal: R$ 3.172,08

GOIÁS

Remuneração por hora: R$ 16,06
Salário-base mensal: R$ 2.570,08

MARANHÃO*

Remuneração por hora: R$ 15,27
Salário-base mensal: R$ 2.443,84

MATO GROSSO*

Remuneração por hora: R$ 23,76
Salário-base mensal: R$ 3.802,09

MATO GROSSO DO SUL

Remuneração por hora: R$ 24,96
Salário-base mensal: R$ 3.994,25

MINAS GERAIS*

Remuneração por hora: R$ 15,16
Salário-base mensal: R$ 2.425,50

PARÁ

Remuneração por hora: R$ 12,05
Salário-base mensal: R$ 1.927,60

PARAÍBA*

Remuneração por hora: R$ 13,30
Salário-base mensal: R$ 2.128,51

PARANÁ

Remuneração por hora: R$ 15,46
Salário-base mensal: R$ 2.473,22

PERNAMBUCO

Remuneração por hora: R$ 12,73
Salário-base mensal: R$ 2.036,16

PIAUÍ

Remuneração por hora: R$ 16,47
Salário-base mensal: R$ 2.634,65

RIO DE JANEIRO*

Remuneração por hora: R$ 18,43
Salário-base mensal: R$ 2.948,38

RIO GRANDE DO NORTE

Remuneração por hora: R$ 16,78
Salário-base mensal: R$ 2.684,43

RIO GRANDE DO SUL*

Remuneração por hora: R$ 14,57
Salário-base mensal: R$ 2.331,38

RONDÔNIA

Remuneração por hora: R$ 15,61
Salário-base mensal: R$ 2.498,00

RORAIMA*

Remuneração por hora: R$ 22,18
Salário-base mensal: R$ 3.548,93



SANTA CATARINA
Remuneração por hora: R$ 11,99
Salário-base mensal: R$ 1.917,78

SÃO PAULO

Remuneração por hora: R$ 15,10
Salário-base mensal: R$ 2.415,89

SERGIPE

Remuneração por hora: R$ 12,15
Salário-base mensal: R$ 1.943,53

TOCANTINS

Remuneração por hora: R$ 22,39
Salário-base mensal: R$ 3.582,62

*Nesses estados, a jornada padrão varia, mas, para efeito de comparação, o valor do salário-base foi convertido para 40 horas semanais:

- Jornada de 16 horas: Rio de Janeiro
- Jornada de 20 horas: Bahia, Maranhão e Rio Grande do Sul
- Jornada de 24 horas: Minas Gerais
- Jornada de 25 horas: Espírito Santo e Roraima
- Jornada de 30 horas: Acre, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Norte

Fonte: G1