Brasil: mesmo sem ocupar topo, universidades se destacam em 2011


O ano de 2011 foi de destaque e superação para muitas universidades brasileiras. Integrar os rankings de melhores instituições de ensino do mundo é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido. Para a doutora em educação e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Helena Sporleder Côrtes, ultrapassar as universidades americanas, como Harvard e Stanford, e as britânicas Cambridge e Oxford, que se intercalam no topo das listas, é praticamente "impensável". No entanto, ela afirma que as instituições brasileiras "caminham aceleradamente para melhorar".


Em maio, o ranking do britânico Financial Times colocou uma escola de negócios brasileira entre as melhores do mundo, à frente de instituições renomadas, como o americano Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Fundação Dom Cabral figura em 5º lugar na lista. A chegada da Fundação Dom Cabral a uma posição tão alta no ranking faz parte de uma tendência geral na América Latina, segundo o jornal britânico.
Divulgado em julho, o ranking Webometrics Ranking Web of World Universities avalia a visibilidade na internet das instituições de ensino superior. Na última publicação, a USP foi a instituição brasileira mais bem colocada, conquistando a 43ª posição, e liderando também na América Latina.
Na China, o Ranking Acadêmico de Universidades Mundiais (ARWU, na sigla em inglês) faz uma classificação das instituições de ensino superior mais "recomendadas" para se estudar fora do país. Publicada anualmente pela Universidade de Jiao Tong desde 2003, a classificação usa seis indicadores para avaliar as instituições, entre eles o número de professores e alunos que ganharam prêmios Nobel e outros prêmios em ciências e economia, menções a seus pesquisadores e artigos publicados em jornais científicos.
Divulgado em agosto de 2011, a última edição traz a USP entre as 150 melhores do mundo. Na lista também aparecem a Unicamp, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já o ranking inglês QS, publicado anualmente desde 2004, apresentou no mês de setembro a lista das 300 melhores universidades considerando o desempenho acadêmico nas áreas de artes e humanidades, ciências naturais, engenharia e tecnologia da informação, ciências sociais e ciências da vida. Dentre outros critérios, a lista é elaborada com base na opinião de acadêmicos de todo o mundo, de empregadores e no número de citações científicas das instituições. Neste ranking, a USP aparece na posição 169 e a Unicamp, em 235.
Divulgado no mês de outubro, o mais importante ranking das universidades, o Times Higher Education, seleciona as 400 melhores universidades do mundo. Duas brasileiras figuram na lista, a Universidade de São Paulo (USP), em 178º lugar, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre o número 276 e 300 (o ranking não disponibiliza a colocação exata). No ano passado, a lista tinha 200 universidades e nenhuma brasileira. Este ranking é elaborado pelo diário The Times, que utilizada dados da Thomson Reuters, a partir de 13 indicadores de desempenho projetados para considerar uma série de atividades da universidade, do ensino à pesquisa.
Para Helena Sporleder Côrtes, a nossas grandes universidades estão se empenhando para chegar perto das melhores do mundo. "O aporte de investimento em pesquisa cresceu muito, também temos valorizado a internacionalização, com trabalhos conjuntos com universidades estrangeiras. A tendência é avançar para um patamar de qualidade expressivo, mas ultrapassar as melhores é impensável", afirma. O problema está no "atraso histórico do ensino superior no Brasil".[Fonte: Terra]

Estudo mostra que geração digital não sabe pesquisar


Ferramentas de busca como o Google tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de uma fonte de informação - Foto: Getty Images
Há pouco tempo, quando os alunos eram solicitados a fazer um trabalho de pesquisa, era necessário ir até uma biblioteca e realizar a busca em diversos livros didáticos e enciclopédias. Nos dias de hoje, a realidade é outra: debruçar-se sobre páginas impressas é raro quando existem milhões de links sobre o assunto desejado à disposição com apenas um clique.
Mas, o que deveria ser um avanço acabou resultando em retrocesso, segundo um estudo americano que aponta que a geração digital não sabe pesquisar. Na investigação realizada na Universidade de Charleston, nos Estados Unidos, ficou claro que os estudantes de hoje não sabem realizar uma pesquisa de forma efetiva. Conforme os resultados, o grande inimigo está na comodidade que o meio digital oferece. Ferramentas de busca como o Google tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de uma fonte de informação, por exemplo.
No estudo, os pesquisadores pediram que um grupo de universitários respondesse a um questionário utilizando a internet como meio de pesquisa. Para testar os participantes, foram colocadas intencionalmente informações erradas nos primeiros resultados das buscas realizadas pelos estudantes. Como previsto, os alunos basearam-se nos primeiros links e erraram todas as questões.
O trabalho revelou uma realidade lamentável: os estudantes da era digital se contentam com informações rápidas, sem se importar com procedência e fidelidade. Para José Moran, professor aposentado de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Educação a Distância na Universidade de Anhanguera (Uniderp), o fato é consequência de uma geração que cresceu com computadores e está acostumada com informações em 140 caracteres. Contudo, Moran acredita que o fato não se restringe somente a crianças e adolescentes.
"A internet deixou as pessoas em geral mais acomodadas. Adultos também cometem erros ao realizarem pesquisas online", diz. Por isso, o professor acredita que um dos papéis da escola, atualmente, deve ser o de ensinar metodologias de pesquisa desde cedo. "Os educadores pedem tema de estudo, mas não ensinam metodologias", afirma.
Outra pesquisa americana também comprova que jovens da geração digital não se preocupam com a procedência de suas fontes de estudo. Realizada pela Universidade Northwestern (EUA), a pesquisa pedia que 102 adolescentes do Ensino Médio buscassem o significado de diversos termos na internet. Todos tiveram sucesso nas respostas, mas nenhum soube informar quais foram os sites utilizados. "Os jovens confiam demais na internet", destaca o diretor de Educação a Distância da Uniderp.
Ensino de pesquisa na internet
Na Escola de Educação Básica Rocha Pombo, em São Joaquim (SC), o projeto "Ensinando a fazer pesquisas na internet" foi implantado nas turmas de 4º série. Elaborado pelo professor de informática Francisco Mondadori Junior, o projeto tem como objetivo trabalhar o conceito de pesquisa desde cedo, pois assim os estudantes chegam ao Ensino Médio sabendo utilizar as barras de pesquisa a seu favor.

O trabalho consiste em um questionário em que os alunos devem apontar suas áreas de interesse e pesquisar sobre esses assuntos. "Sugerimos a pesquisa na internet, no Google, digitando as palavras-chave das atividades que mais gostam. Cada aluno faz a sua pesquisa, procurando o site mais interessante", explica, dizendo que os pequenos são auxiliados por professores que também ensinam a importância de utilizar fontes de informação confiáveis.
Professor do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) das escolas estaduais de São Joaquim (SC), Mondadori Junior conta que o ensino da pesquisa científica e escolar é uma das preocupações do núcleo, que procuram criar atividades lúdicas e divertidas para trabalhar o conceito em sala. "Em minha opinião deveria existir uma disciplina só para isso nas escolas", opina, dizendo que percebe, cada vez mais, a dificuldade dos alunos em realizar trabalhos de pesquisa. "Eles se contentam com os primeiros links", diz, destacando que é comum ouvir frases como "achei no Google".
Mondadori Junior defende a postura adotada por algumas escolas e educadores de não permitir o uso da internet como fonte de pesquisa. "É interessante proibir só no início, pois assim o estudante descobre que existem outras possibilidades de estudo, e não somente o meio virtual", explica. José Moran discorda: "Isso resulta em um estudante que usa livros na escola, e a internet em casa", sentencia, ressaltando que as dificuldades continuariam existindo. "Um dia esse aluno vai poder usar a internet para pesquisar, e então vai fazer de forma errada, pois não aprendeu na escola", completa.
Em mais de 20 anos de docência, Moran afirma que nunca deixou de trabalhar metodologias de pesquisa com seus alunos, seja no ensino fundamental ou no superior. "Sempre que eu passo trabalhos, especifico o tipo de pesquisa que eu quero, e ainda vejo com os estudantes algumas possibilidades mostradas pelo Google", diz, afirmando que ainda compara links e aponta informações que podem estar equivocadas. "Com isso, o jovem passa a desconfiar da internet, pois cria a consciência de que nem tudo que está no meio online é verdadeiro", conclui.
Na Escola Nossa Senhora das Graças, em São Paulo, a preocupação com o ensino de pesquisa na internet começou em 2009. Os educadores do colégio viram a necessidade de criar uma estrutura online que pudesse auxiliar os estudantes nos trabalhos escolares. Por isso, foi criado o "Caminhos de pesquisa na internet", uma ferramenta virtual que discute alguns critérios de pesquisa e avaliação das informações. Além dos professores deixarem dicas de endereços confiáveis, os alunos podem postar informações retiradas de sites para que os docentes possam avaliar sua veracidade.
Apesar de achar a solução interessante, Moran alerta que nem sempre os alunos terão uma ferramenta escolar a sua disposição. "A escola precisa ensinar os estudantes a caminharem sozinhos e terem noções críticas de fontes de pesquisa", opina.[Fonte: Terra]

EUA: MIT oferece certificados para estudantes virtuais


O Instituto de Tecnologia de Massachusetts está desenvolvendo uma tecnologia que permitirá aos estudantes fazer cursos online - com a utilização de laboratórios simulados e interação com professores e outros alunos -, e ganhar certificados.
"O objetivo é alcançar todos que não possam estar aqui", informou o reitor do MIT, Rafael Reif, em teleconferência com jornalistas nesta segunda-feira. O instituto já é conhecido por seu programa OpenCourseWare, que oferece cerca de 2,1 mil cursos online gratuitamente. Até agora, os estudantes que recorriam à plataforma online tinham acesso aos materiais fornecidos para as aulas mas tinham de estudá-lo por sua conta e nunca eram avaliados. Em poucos meses, eles serão capazes de ver os professores em vídeos, participar de grupos de discussão de estudantes, e fazer exames.
"Isto vai tornar o MIT acessível em escala planetária", disse Anant Agarwal, diretor de Ciência da Computação e do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT. "Esta é uma excelente forma de casar as nossas missões na educação e na investigação", concluiu.
Estudantes que queiram ganhar os certificados através do programa online do MIT terão que pagar uma taxa ainda não definida. O reitor da universidade ressaltou que o programa não irá substituir a experiência no campus e que os cursos online serão tão rigorosos quanto os realizados fora do mundo virtual.
Desde que o programa OpenCourseWare foi lançado, há quase uma década, mais de 100 milhões de pessoas já estudaram assuntos que vão de antropologia à estudos de gênero. Outras escolas dos EUA, incluindo Stanford e Yale, oferecem programas de aprendizagem online semelhantes.[Fonte: Terra]

CNE determina o funcionamento de creches durante as férias

O Conselho Nacional de Educação (CNE) alterou o parecer que determinava que as creches deveriam fechar no período de férias. Segundo o CNE, o poder público é obrigado a oferecer o atendimento nessas unidades na ausência de instituições de assistência social, saúde, esporte e lazer. As prefeituras ainda devem oferecer as creches, caso essas instituições não deem conta da demanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Essa possibilidade já existia no antigo parecer, mas não estava explícita como deveria", disse o relator do documento, Cesar Callegari. "É um aperfeiçoamento proposto pelos promotores. Além disso, o atendimento em creches nesse período deve ser assistencial e não educativo", afirmou. O parecer original foi aprovado em julho, mas não havia sido homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. A nova versão segue para homologação do MEC.[Fonte: Terra]

Mudança no texto do PNE pode gerar perda de verbas da educação

Uma diferença aparentemente sutil no futuro texto do Plano Nacional de Educação (PNE), apresentado na terça-feira na Câmara dos Deputados, poderá fazer a diferença de alguns bilhões de reais em investimentos na área. A proposta de substitutivo elaborada pelo relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), coloca como meta o investimento de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) considerando o investimento público total em educação.
A proposta encaminhada pelo governo, no ano passado, falava em investimento direto em educação. A diferença entre os dois é que, no primeiro caso, são incluídos recursos públicos investidos em entidades privadas, em bolsas de estudo e até em contribuições sociais de aposentadoria de trabalhadores da área. Já no segundo, são contabilizadas apenas as verbas aplicadas diretamente no sistema público de educação.
Na prática, a mudança do conceito de investimento significa uma ampliação mais tímida dos recursos. Considerando o investimento público total, o patamar atual de investimento em educação é de 5,7% do PIB. A meta de investimento de 8% do PIB definida no relatório significaria, portanto, um crescimento de 2,3 pontos percentuais ¿ enquanto a expectativa das entidades era que esse aumento fosse mais significativo.
Para a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, principal entidade que articula a mobilização social em torno da aprovação do projeto, a mudança do texto foi uma "manobra contábil" para camuflar os investimentos reais. A entidade defende, junto com outras organizações da sociedade civil, que o patamar de investimento incluído no PNE seja de 10% do PIB.
O relator da proposta admite que a alteração do texto foi "fruto do processo de negociação" com o governo, mas nega que tenha sido uma manobra. Nas últimas semanas, Vanhoni adiou diversas vezes a apresentação do relatório do PNE porque não chegava a um consenso com o governo sobre a meta de investimento. A proposta inicial enviada pelo Executivo previa a ampliação dos investimentos para 7% do PIB, índice que foi aumentado para 8%. Essa expansão dos recursos deverá ser feita no prazo de dez anos, período que irá vigorar o novo plano. O projeto estabelece 20 metas educacionais que deverão ser alcançadas pelo país neste prazo. Entre elas, o aumento de vagas em creches, a ampliação de escolas em tempo integral e a expansão das matrículas em cursos técnicos.
O relatório apresentado ontem traz o custo financeiro de cada uma das 20 propostas. Segundo Vanhoni, a meta de investimento de 8% do PIB em educação é o suficiente para pagar as mudanças previstas no projeto, ainda que seja considerado o investimento total em educação e não o direto. "A discussão tem que ser feita em torno do plano de metas e não apenas de índices. O debate que a Câmara precisa fazer é quais as metas para as diversas modalidades para incluir desde as crianças até 3 anos a jovens de 18 a 24 anos no sistema educacional brasileiro e de qual valor nós vamos dispor para custear isso", argumentou.
A vigência do antigo PNE terminou em dezembro de 2010 e, no momento, não há plano em execução. O impasse em torno do percentual de investimento pode deixar a aprovação para 2012. O texto ainda precisa ser apreciado pelo Senado.[Fonte: Terra]

Após polêmica sobre recursos, ministros negociam metas do PNE


A apresentação do relatório do Plano Nacional de Educação (PNE), marcada para, foi adiada pela quarta vez. A principal causa é a polêmica sobre a definição do percentual de investimento do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. o relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), vai se reunir no final da tarde de hoje com ministro do governo para discutir a proposta.
Os dados mais recentes do Ministério da Educação (MEC) mostram que o investimento público em educação hoje no País é 5% do PIB. Cálculos preliminares feitos pela Comissão Especial do PNE apontam que o relator indicaria uma meta intermediária de 8,29%. Mas as negociações com o governo podem reduzir esse patamar.
A meta do governo é que o investimento fique em 7%, mas as entidades da área e organizações da sociedade civil pressionam por uma meta mais ambiciosa, de 10%. Boa parte das quase 3 mil emendas que o projeto recebeu pedem o aumento da previsão de investimento.
Vanhoni vai se reunir com os ministros Guido Mantega, da Fazenda, Fernando Haddad, da Educação, Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, para tentar estabelecer o índice. Ele acredita que o relatório poderá ser apresentado amanhã.
De acordo com Vanhoni, o diálogo com a área econômica é franco. "Estamos quantificando a inclusão de alunos e a ampliação de algumas metas que o governo enviou no projeto original. Então se você altera alguma delas isso traz um impacto financeiro ao longo dos anos. Então esse número pode ser um pouco para cima, ou um pouco para baixo perto desse número de 8%".
O PNE definirá 20 metas educacionais para o País atingir em dez anos. Além da questão do financiamento, o plano prevê a ampliação das matrículas em diversas etapas educacionais como o ensino técnico, creche e escolas de tempo integral. Vanhoni já apresentou para parlamentares que fazem parte da comissão versões preliminares do relatório.
A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) disse que o relatório traz muitos avanços, mas que não aceita os 7%. A deputada Dorinha Rezende (DEM-TO) também elogiou o trabalho do relator, mas defendeu que é necessário ampliar o patamar investimento para que as metas possam ser cumpridas. "Não se faz educação sem recurso. Se não resolvermos essa questão esse PNE vai ser dificil de ser aplicado. Precisamos dos 10% do PIB, que é quase uma unanimidade", disse o deputado Izalci (PR-DF).
A partir da apresentação do relatório, os membros da comissão terão o prazo de cinco sessões para apresentar emendas. Com esse calendário, a comissão pretende concluir a votação até o início da segunda quinzena de dezembro.
O esforço é para que a tramitação do projeto na Câmara seja encerrada antes do início do recesso parlamentar, marcado para o dia 22. Caso não haja acordo com o governo sobre a meta de investimento e a apresentação seja novamente adiada, o risco é que a tramitação avance para 2012, ano de eleições municipais. "Se essa discussão ficar em aberto terá muita dificuldade justamente porque é um ano de eleições", disse o relator.[Fonte: Terra]

Docência: uma carreira desprestigiada

Levantamento realizado pela Fundação Victor Civita comprova uma percepção alarmante: a profissão docente não é considerada uma opção atraente pelos estudantes do Ensino Médio. Apenas 2% desejam cursar Pedagogia ou Licenciatura.

"Se você comentar com alguém que está pensando em ser professor, muitas vezes a pessoa pode dizer algo do tipo: 'Que pena' ou 'Meus pêsames!'. Afinal, sabe que você vai ser desvalorizado e obter uma remuneração ruim." É com essa chocante clareza que Thaís*, aluna do 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular em Manaus, sintetiza uma noção preocupante para a Educação brasileira: cada vez menos jovens desejam seguir a carreira docente. 

Embora essa impressão tenha se espalhado até mesmo entre quem não é da área, faltava dimensionar com contornos mais nítidos a extensão do problema. A área de Estudos e Pesquisas da Fundação Victor Civita (FVC) encomendou à Fundação Carlos Chagas (FCC) um mergulho no tema e os dados comprovam: apenas 2% dos estudantes que estão concluindo o Ensino Médio têm como primeira opção no vestibular graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula - Pedagogia ou alguma Licenciatura. Outros 9% mencionam a intenção de cursar disciplinas da Educação Básica, como Letras, História e Matemática, o que não garante que venham a se interessar por lecionar (confira mais detalhes no gráfico da página 3).

* Ao longo deste especial, os nomes dos alunos ouvidos pela pesquisa foram trocados para preservar a confidencialidade do estudo. 
Os jovens que aparecem nos depoimentos em destaque são identificados normalmente, pois foram entrevistados pela equipe de NOVA ESCOLA.

A pesquisa ouviu 1.501 alunos de 18 escolas públicas e privadas 

Patrocinado pela Abril Educação, o Instituto Unibanco e o Itaú BBA, o estudo Atratividade da Carreira Docente no Brasil é mais uma iniciativa da FVC para contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica. A pesquisa ouviu 1.501 alunos de 3º ano em 18 escolas públicas e privadas de oito municípios, selecionados por seu tamanho, abrangência regional, densidade de alunos no Ensino Médio e oportunidades de emprego. Foram contempladas as cinco regiões do país. No Sul, as cidades escolhidas foram Joinville e Curitiba; no Sudeste, São Paulo e Taubaté; no Centro-Oeste, Campo Grande; no Nordeste, Fortaleza e Feira de Santana; no Norte, Manaus. 

Para entender melhor as respostas fornecidas pelos estudantes no questionário geral, o estudo contou ainda com uma fase de grupos de discussão, em que dez alunos de cada escola debateram o assunto e detalharam opiniões. Por fim, com as informações já compiladas, um painel de especialistas foi convidado a avaliar os resultados e propor soluções sobre o problema da atratividade docente. 

Na edição especial de NOVA ESCOLA traz os principais resultados da sondagem. Ao longo das reportagens, você vai conhecer em detalhes o que os jovens estudantes brasileiros pensam da docência como uma opção profissional. Em linhas gerais, apesar de reconhecerem a importância do professor, os entrevistados afirmam que a profissão é desvalorizada socialmente, mal remunerada e possui uma rotina desgastante e desmotivadora. Para a grande maioria, não é uma carreira interessante a seguir (leia mais no texto Por que a docência não atrai). 

Perfil dos futuros professores e possibilidades de mudança 

A pesquisa também permite construir um perfil dos futuros professores do país. Nesse sentido, é útil analisar a lista das carreiras mais procuradas de acordo com o tipo de instituição em que os jovens estudam. Nas escolas públicas, a Pedagogia aparece no 16º lugar das preferências. Nas particulares, apenas no 36º. A situação se repete também com as Licenciaturas - que, somadas, ocupam o 24º posto na rede pública e o 37º na particular (como mostra o gráfico abaixo). "Isso evidencia que, atualmente, a profissão tende a ser procurada sobretudo por jovens da rede pública de ensino, que em geral pertencem a nichos sociais menos favorecidos", afirma Bernardete Gatti, pesquisadora da FCC e supervisora do estudo (leia mais na reportagem Nossos futuros professores). 

Depois de obter um diagnóstico completo, o estudo deu ênfase à proposição de alternativas para reverter a situação. Para apontar soluções, a FVC e a FCC convidaram 17 especialistas de diversas áreas da Educação para um debate em novembro do ano passado. O consenso é o de que se deve atacar o problema por diversas frentes, do aumento salarial à melhoria das condições de trabalho, da proposição de planos de carreira à revisão das formações inicial e continuada, passando pela necessidade de valorizar o professor e tratá-lo como profissional (leia mais na reportagemCaminhos para atrair os melhores). 

Ao todo, são oito sugestões práticas, que podem ajudar a desatar o nó identificado por outra jovem do Ensino Médio, Cláudia*, aluna de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador: "Hoje em dia, quase ninguém sonha em ser professor. Nossos pais não querem que sejamos professores, mas querem que existam bons professores. Assim, fica difícil".  [Fonte: Nova Escola]


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Atratividade da Carreira Docente no Brasil - Gráficos




MEC divulga índice que mede qualidade dos cursos de graduação

O Ministério da Educação (MEC) publicou nesta quinta-feira, 17 de novembro, os resultados do Índice Geral de Cursos das Instituições (IGC). O índice é um indicador de qualidade construído com base numa média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada instituição. Assim, sintetiza num único instrumento a qualidade de todos os cursos de graduação, mestrado e doutorado da mesma instituição de ensino. Divulgado anualmente, o resultado final é expresso em valores contínuos (que vão de 0 a 500) e em faixas (de 1 a 5). Notas 1 e 2 são consideradas insatisfatórias.
Para a graduação, o cálculo do IGC considera a média dos Conceitos Preliminares de Curso (CPC) da instituição. O CPC tem como base o desempenho dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o quanto o curso agrega de conhecimento ao aluno, além de indicadores de corpo docente, infraestrutura e organização didático-pedagógica. Na pós-graduação, o IGC utiliza a Nota Capes, que avalia a qualidade da pós-graduação numa escala de 1 a 5. O IGC de cada instituição de ensino superior do Brasil foi apresentado pela primeira vez em 2008, a partir da dos resultados do CPC 2007, compreendendo todos os cursos das instituições avaliados pelo Enade dentro do triênio 2005-2006-2007.
O indicador orienta as visitas in loco dos avaliadores do Instituto Nacional de Educação e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), além de informar a sociedade sobre a qualidade das instituições. De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o IGC está cumprindo a função de diminuir as distâncias entre instrumentos de avaliação objetivos e as visitas in loco de especialistas às instituições.
Caso as visitas dos especialistas confirmem o resultado do IGC, as instituições com notas inferiores a 3 têm prazo para recorrer desse resultado. Mantida a nota baixa, a instituição não poderá abrir novos campi, cursos ou ampliar vagas em cursos existentes até resolver os problemas indicados, mediante termo de saneamento firmado com a Secretaria de Educação Superior.[Fonte: Terra]

Em 2010, 3,9% das crianças de 10 a 14 anos não eram alfabetizadas

No ano passado, 671 mil crianças de 10 a 14 anos ainda não eram alfabetizadas (3,9%). Em 2000, esse contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total de crianças nessa faixa etária. No período intercensitário, a proporção diminuiu de 9,1% para 5%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino. A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural.
Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, esse indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para 9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres.
Regionalmente, as maiores quedas se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa foi encontrada no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.
No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per capita de até R$ 128, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas famílias com renda de R$ 128 a R$ 510 per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e 10%, respectivamente, mas ainda bastante acima da taxa da classe de R$ 510 a R$ 1.020 (3,5%).
Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, entre as pessoas que ganhavam de R$ 1.020 a R$ 1.530, a 0,3%, entre as pessoas que recebiam R$ 2.550 ou mais.[Fonte: Terra]

Nordeste: 28% da população das pequenas cidades é analfabeta

Embora a taxa de analfabetismo na população com 15 anos ou mais de idade tenha caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010 na média do País, nas menores cidades do Nordeste, com até 50 mil habitantes, ela ainda atinge 28% das pessoas nessa faixa etária. Além disso, nesses municípios a proporção de idosos que não sabiam ler e escrever chegava a 60%.
Segundo dados dos Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no caso do analfabetismo de jovens, a situação da região Nordeste também é preocupante. Enquanto na média do País a proporção de adolescentes e jovens que não sabiam ler e escrever atingia 2,5%, no Nordeste era quase o dobro (4,9%), com pouco mais de 500 mil pessoas nessa faixa etária. Na Região Sul o percentual era de 1,1% e na Sudeste, de 1,5%.
Entre jovens e adultos, o levantamento aponta que em 1.304 municípios a taxa de analfabetismo era igual ou superior a 25%. Entre eles, 32 não contavam com o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). A maioria está localizada no Nordeste, tendo sido a pior situação observada em João Dias (RN), onde 38,9% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever. Em seguida, aparecem Monte Santo (BA), com 35,6%, e São Brás (AL), com 34,7%. No Norte, três municípios aparecem na lista, todos em Tocantins: Ponte Alta do Bom Jesus (25,2%), Mateiros (26,4%) e Centenário (28,6%). O Sudeste concentrava quatro deles, localizados em Minas Gerais. São eles: Miravânia (26,0%), Frei Gaspar (28,5%), Bertópolis (29,6%) e Santa Helena de Minas (31,7%).
O levantamento também evidenciou as diferenças em termos de alfabetização nos resultados segundo cor ou raça. Enquanto entre os brancos, o percentual de analfabetos para pessoas com 15 anos ou mais era de 5,9%, entre os pretos atingiu 14,4% e entre os pardos, 13%.[Fonte: Terra]

Cientistas propõem um robô por aluno

Primeiro foi a campanha "um computador para cada criança". Agora começam surgir as propostas para tentar emplacar "um robô para cada estudante".
Robô Cooperativo
"Eu defendo um currículo onde cada estudante tenha seu próprio robô e possa estudar lições individuais e também trabalhar em equipe, usando seus robôs coletivamente em sistemas multi-robóticos," propõe James McLurkin, da Universidade Rice, nos Estados Unidos.
McLurkin virou estrela em 2003, ao ganhar o "oscar dos inventores" por unir biologia e robótica, programando pequenos robôs para que eles desempenhassem tarefas similares às das abelhas e das formigas.
Agora, já professor, ele apresentou seu primeiro grande projeto, uma plataforma robótica de baixo custo chamada R-One.
Apaixonado por insetos e robôs, ele desenvolveu o R-One para atuar tanto como "indivíduo" quanto como um membro de uma "sociedade cooperativa de robôs".
E ele não leva a coisa na brincadeira: "Enxames de robôs trabalham coletivamente, como uma colônia de formigas ou abelhas, e podem fazer algumas tarefas melhor do que os humanos".
Segundo ele, um exército de 1.000 pequenos robôs poderia lidar com grandes vazamentos de petróleo no mar ou encontrar sobreviventes em grandes áreas afetadas por desastres naturais.
Seu primeiro protótipo de robô cooperativo custou US$2.000,00, caro demais para ser adotado em larga escala.
Agora, o R-One custa US$200,00 - o nível que McLurkin acredita ser razoável para viabilizar uma adoção em massa dos robôs nas escolas.
Ele está criando uma empresa e planeja colocar o R-One à venda, na forma de kit, em 2012.
Cientistas propõem um robô por aluno
Mesmo sem as capacidades cooperativas do R-One, o pequeno robô tem mais do que o suficiente para manter estudantes ocupados por um bom tempo. [Imagem: CMU]
Robô passarinho
Tom Lauwers e seus colegas da Universidade Carnegie Mellon estão mais adiantados em termos de mercado.
Seu pequeno robô Finch (passarinho) já está à venda, por US$99,00 cada um.
O Finch inclui sensores de temperatura e de luminosidade, um acelerômetro de três eixos, sensor de colisão, LEDs coloridos programáveis, câmera, microfone e alto-falantes.
Mesmo sem as capacidades cooperativas do R-One, o pequeno robô tem mais do que o suficiente para manter estudantes ocupados por um bom tempo.
"Nossa visão é tornar o Finch acessível o suficiente para que cada aluno possa ter um para fazer suas lições de casa," afirma o pesquisador Lauwers.
Mas o foco de Lauwers é mais a programação de computadores do que a robótica propriamente dita.
A ideia é usar o robô para tornar as aulas de programação mais interessantes, sem que os alunos precisem construir o robô, podendo se concentrar em fazer com que ele desempenhe tarefas úteis ou interessantes.
"Se o Finch puder ajudar a motivar os alunos para prestar atenção à ciência da computação, acreditamos que muitos mais jovens vão perceber que este é um campo muito divertido de se explorar," conclui o pesquisador.[Fonte: Inovação Tecnológica]

BID: escolas da América Latina e do Caribe têm infraestrutura precária

A infraestrutura e o acesso a serviços básicos de eletricidade, água, esgoto e telefone são "altamente deficientes" nas escolas da América Latina e do Caribe. Em 40% das escolas públicas e privadas, não há biblioteca, 88% não têm laboratório de ciências, 65% não contam com salas de informática e 35% não oferecem espaço para prática esportiva. Os dados constam do relatório Infraestrutura Escolar e Aprendizagem da Educação Básica Latino-Americana, lançado nesta terça-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo leva em consideração informações sobre 16 países, incluindo o Brasil. Uma das conclusões é que há grande disparidade entre a infraestrutura disponível nas escolas particulares em relação à rede pública e ainda entre as que se localizam nas cidades em comparação às do campo.
A condição dos estabelecimentos de ensino que atendem à quinta parte mais pobre é ainda mais grave. Segundo o relatório, só a metade deles tem acesso à água potável e eletricidade, apenas 4% têm acesso à linha telefônica, mais da metade não têm biblioteca e quase nenhum tem laboratório de ciências, ginásio de esportes ou sala de computação. "Essas deficiências minimizam o potencial da escola em mitigar ou compensar as iniquidades que as crianças trazem de casa, já que muitas dessas carências estão replicadas nos lares dos estudantes", aponta.
A comparação entre os países mostra que aqueles localizados na América Central apresentam os maiores déficits nos parâmetros medidos, seguidos pelo Paraguai e Equador, na América do Sul. Na outra ponta, estão os países do Conesul (Chile, Argentina e Uruguai), que contam com a melhor infraestrutura física. O Brasil, assim como o México e a Colômbia, ocupa posição intermediária entre as variáveis analisadas. O estudo destaca que, no Brasil, menos de 10% das escolas têm laboratórios de ciências, situação que se repete em El Salvador, na Nicarágua e Costa Rica.
O estudo também relaciona a infraestrutura das escolas com o desempenho dos alunos a partir do Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce), espécie de teste que foi aplicado a quase 200 mil alunos de três mil escolas da região. A principal conclusão é que aqueles que estudam em unidades mais bem equipadas têm um melhor aprendizado.
Um dos fatores que está mais "consistente e positivamente" relacionado com a pontuação dos alunos no Serce, segundo o relatório, é a presença de áreas de estudo como laboratórios de ciências, biblioteca e sala de computação na estrutura escolar. O relatório estima que haverá uma variação de cerca de 20 pontos na nota de um aluno de uma escola que conte com todos esses recursos em comparação à outra que não tenha nenhum desses insumos. [Fonte: Terra]

Dia dos Professores: carreira perde interessados ano a ano

"Não tenho filhos, mas se tivesse faria de tudo para não deixar que se tornassem professores. É o que farei com meus sobrinhos". Desta forma o educador Oscar Eduardo Magnusson resume o sentimento que acompanha os profissionais da categoria. Com salários desvalorizados, carga horária intensa em sala de aula e trabalho constante em casa, os professores estão cansados.
Resultado: cada vez menos gente procura uma formação na área. O panorama é desalentador e não há perspectiva de melhora em um curto espaço de tempo. Contudo, alguns especialistas analisam a situação por outro ângulo. Com a baixa procura pela profissão, a demanda por docentes seguirá alta. Uma perspectiva positiva em um horizonte obscuro.

O desânimo dos profissionais da Educação, cujo rendimento médio 
mensal é o pior no País, segundo o relatório Professores do Brasil: Impasses e Desafios (realizado pela Unesco e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2009), se reflete em uma procura cada vez menor por cursos de Pedagogia ou licenciaturas. O último Censo da Educação Superior, divulgado no ano passado, mostra que apenas a metade das vagas são preenchidas nas faculdades de Pedagogia. Consequentemente, a quantidade de formados vem caindo. Em 2005, cerca de 103 mil alunos concluíram o curso. Em 2009, esse número caiu para 52 mil. Nas licenciaturas, o cenário se repete: 77 mil formados em 2005, e 64 mil quatro anos depois.
Segundo o pedagogo Hamilton Werneck, nos últimos quatro anos foram fechados 200 cursos de Pedagogia no Brasil. "Soube recentemente que, no Maranhão, um professor deixou a função e foi ser bombeiro, cujo salário inicial é de R$ 2,5 mil. Prestará um inestimável serviço àquele Estado, no entanto, a Educação, por salários reduzidos, perdeu um profissional. A nova geração não quer mais ser professor", afirma.
Trabalhando em quatro escolas diferentes, o professor de Português da rede pública e particular de Indaiatuba (SP) Oscar Eduardo Magnusson, citado no começo da matéria, já está cansado. "Depois de 20 anos lecionando, me arrependi de ter escolhido esta profissão. Não melhora nunca", desabafa.
Futuro promissor?
Se a procura pelos cursos está baixa, a demanda por educadores deve ser alta. Para Tânia Cristina Arantes Macedo de Azevedo, diretora acadêmica da Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp), o futuro acabará sendo promissor para aqueles que optarem pela carreira. "A perspectiva profissional do pedagogo é promissora, principalmente pela quantidade de concursos públicos abertos regularmente para a área da educação", diz, complementando que acredita em uma melhora na oferta do setor público para atrair os profissionais.
Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o curso de Pedagogia teve 1.626 inscritos no exame de 2011, o que representa apenas 3,8 candidatos por vaga. Enquanto isso, na página da Vunesp, entre os concursos em andamento para a área da educação, há opções para prefeituras como as de Guaíra, São Bernardo do Campo, São Carlos e São José do Rio Preto, além da seleção para executivo público do Governo do Estado. "A demanda por professores é cada vez maior. Basta ver o número de escolas avaliadas pelo Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), 8.736. O País só vai avançar por meio da educação", fala Tânia.
Werneck concorda. "A carreira de pedagogia é promissora, pois o mercado deve precisar cada vez mais de profissionais. No entanto, o que é oferecido ainda não é atrativo", afirma. Para o especialista em Educação, mesmo que o mercado sofra com a falta de profissionais, as ofertas de trabalho não deverão ser melhores. "Ou o Brasil faz uma grande revolução na Educação, que envolva currículos, programas, metodologias, salário e preocupação com o real aprendizado dos alunos, ou o salto econômico e social ficará prejudicado", sentencia.[Fonte: Terra]


Com a recente ratificação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da Lei 11.738/2008, que institui o piso salarial nacional dos profissionais do magistério público da educação básica, os governos precisam cumprir com o pagamento mínimo de R$ 1.187 para professores que têm uma jornada de 40 horas semanais. O Terra levantou com as secretarias de Educação os valores pagos em cada Estado e no Distrito Federal e, nos seis que ainda não pagam o piso, questionou o que pretendem fazer para se enquadrar à legislação. Confira quanto ganham os professores estaduais no País.