Brasil: mesmo sem ocupar topo, universidades se destacam em 2011


O ano de 2011 foi de destaque e superação para muitas universidades brasileiras. Integrar os rankings de melhores instituições de ensino do mundo é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido. Para a doutora em educação e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Helena Sporleder Côrtes, ultrapassar as universidades americanas, como Harvard e Stanford, e as britânicas Cambridge e Oxford, que se intercalam no topo das listas, é praticamente "impensável". No entanto, ela afirma que as instituições brasileiras "caminham aceleradamente para melhorar".


Em maio, o ranking do britânico Financial Times colocou uma escola de negócios brasileira entre as melhores do mundo, à frente de instituições renomadas, como o americano Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Fundação Dom Cabral figura em 5º lugar na lista. A chegada da Fundação Dom Cabral a uma posição tão alta no ranking faz parte de uma tendência geral na América Latina, segundo o jornal britânico.
Divulgado em julho, o ranking Webometrics Ranking Web of World Universities avalia a visibilidade na internet das instituições de ensino superior. Na última publicação, a USP foi a instituição brasileira mais bem colocada, conquistando a 43ª posição, e liderando também na América Latina.
Na China, o Ranking Acadêmico de Universidades Mundiais (ARWU, na sigla em inglês) faz uma classificação das instituições de ensino superior mais "recomendadas" para se estudar fora do país. Publicada anualmente pela Universidade de Jiao Tong desde 2003, a classificação usa seis indicadores para avaliar as instituições, entre eles o número de professores e alunos que ganharam prêmios Nobel e outros prêmios em ciências e economia, menções a seus pesquisadores e artigos publicados em jornais científicos.
Divulgado em agosto de 2011, a última edição traz a USP entre as 150 melhores do mundo. Na lista também aparecem a Unicamp, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já o ranking inglês QS, publicado anualmente desde 2004, apresentou no mês de setembro a lista das 300 melhores universidades considerando o desempenho acadêmico nas áreas de artes e humanidades, ciências naturais, engenharia e tecnologia da informação, ciências sociais e ciências da vida. Dentre outros critérios, a lista é elaborada com base na opinião de acadêmicos de todo o mundo, de empregadores e no número de citações científicas das instituições. Neste ranking, a USP aparece na posição 169 e a Unicamp, em 235.
Divulgado no mês de outubro, o mais importante ranking das universidades, o Times Higher Education, seleciona as 400 melhores universidades do mundo. Duas brasileiras figuram na lista, a Universidade de São Paulo (USP), em 178º lugar, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre o número 276 e 300 (o ranking não disponibiliza a colocação exata). No ano passado, a lista tinha 200 universidades e nenhuma brasileira. Este ranking é elaborado pelo diário The Times, que utilizada dados da Thomson Reuters, a partir de 13 indicadores de desempenho projetados para considerar uma série de atividades da universidade, do ensino à pesquisa.
Para Helena Sporleder Côrtes, a nossas grandes universidades estão se empenhando para chegar perto das melhores do mundo. "O aporte de investimento em pesquisa cresceu muito, também temos valorizado a internacionalização, com trabalhos conjuntos com universidades estrangeiras. A tendência é avançar para um patamar de qualidade expressivo, mas ultrapassar as melhores é impensável", afirma. O problema está no "atraso histórico do ensino superior no Brasil".[Fonte: Terra]

Estudo mostra que geração digital não sabe pesquisar


Ferramentas de busca como o Google tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de uma fonte de informação - Foto: Getty Images
Há pouco tempo, quando os alunos eram solicitados a fazer um trabalho de pesquisa, era necessário ir até uma biblioteca e realizar a busca em diversos livros didáticos e enciclopédias. Nos dias de hoje, a realidade é outra: debruçar-se sobre páginas impressas é raro quando existem milhões de links sobre o assunto desejado à disposição com apenas um clique.
Mas, o que deveria ser um avanço acabou resultando em retrocesso, segundo um estudo americano que aponta que a geração digital não sabe pesquisar. Na investigação realizada na Universidade de Charleston, nos Estados Unidos, ficou claro que os estudantes de hoje não sabem realizar uma pesquisa de forma efetiva. Conforme os resultados, o grande inimigo está na comodidade que o meio digital oferece. Ferramentas de busca como o Google tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de uma fonte de informação, por exemplo.
No estudo, os pesquisadores pediram que um grupo de universitários respondesse a um questionário utilizando a internet como meio de pesquisa. Para testar os participantes, foram colocadas intencionalmente informações erradas nos primeiros resultados das buscas realizadas pelos estudantes. Como previsto, os alunos basearam-se nos primeiros links e erraram todas as questões.
O trabalho revelou uma realidade lamentável: os estudantes da era digital se contentam com informações rápidas, sem se importar com procedência e fidelidade. Para José Moran, professor aposentado de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Educação a Distância na Universidade de Anhanguera (Uniderp), o fato é consequência de uma geração que cresceu com computadores e está acostumada com informações em 140 caracteres. Contudo, Moran acredita que o fato não se restringe somente a crianças e adolescentes.
"A internet deixou as pessoas em geral mais acomodadas. Adultos também cometem erros ao realizarem pesquisas online", diz. Por isso, o professor acredita que um dos papéis da escola, atualmente, deve ser o de ensinar metodologias de pesquisa desde cedo. "Os educadores pedem tema de estudo, mas não ensinam metodologias", afirma.
Outra pesquisa americana também comprova que jovens da geração digital não se preocupam com a procedência de suas fontes de estudo. Realizada pela Universidade Northwestern (EUA), a pesquisa pedia que 102 adolescentes do Ensino Médio buscassem o significado de diversos termos na internet. Todos tiveram sucesso nas respostas, mas nenhum soube informar quais foram os sites utilizados. "Os jovens confiam demais na internet", destaca o diretor de Educação a Distância da Uniderp.
Ensino de pesquisa na internet
Na Escola de Educação Básica Rocha Pombo, em São Joaquim (SC), o projeto "Ensinando a fazer pesquisas na internet" foi implantado nas turmas de 4º série. Elaborado pelo professor de informática Francisco Mondadori Junior, o projeto tem como objetivo trabalhar o conceito de pesquisa desde cedo, pois assim os estudantes chegam ao Ensino Médio sabendo utilizar as barras de pesquisa a seu favor.

O trabalho consiste em um questionário em que os alunos devem apontar suas áreas de interesse e pesquisar sobre esses assuntos. "Sugerimos a pesquisa na internet, no Google, digitando as palavras-chave das atividades que mais gostam. Cada aluno faz a sua pesquisa, procurando o site mais interessante", explica, dizendo que os pequenos são auxiliados por professores que também ensinam a importância de utilizar fontes de informação confiáveis.
Professor do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) das escolas estaduais de São Joaquim (SC), Mondadori Junior conta que o ensino da pesquisa científica e escolar é uma das preocupações do núcleo, que procuram criar atividades lúdicas e divertidas para trabalhar o conceito em sala. "Em minha opinião deveria existir uma disciplina só para isso nas escolas", opina, dizendo que percebe, cada vez mais, a dificuldade dos alunos em realizar trabalhos de pesquisa. "Eles se contentam com os primeiros links", diz, destacando que é comum ouvir frases como "achei no Google".
Mondadori Junior defende a postura adotada por algumas escolas e educadores de não permitir o uso da internet como fonte de pesquisa. "É interessante proibir só no início, pois assim o estudante descobre que existem outras possibilidades de estudo, e não somente o meio virtual", explica. José Moran discorda: "Isso resulta em um estudante que usa livros na escola, e a internet em casa", sentencia, ressaltando que as dificuldades continuariam existindo. "Um dia esse aluno vai poder usar a internet para pesquisar, e então vai fazer de forma errada, pois não aprendeu na escola", completa.
Em mais de 20 anos de docência, Moran afirma que nunca deixou de trabalhar metodologias de pesquisa com seus alunos, seja no ensino fundamental ou no superior. "Sempre que eu passo trabalhos, especifico o tipo de pesquisa que eu quero, e ainda vejo com os estudantes algumas possibilidades mostradas pelo Google", diz, afirmando que ainda compara links e aponta informações que podem estar equivocadas. "Com isso, o jovem passa a desconfiar da internet, pois cria a consciência de que nem tudo que está no meio online é verdadeiro", conclui.
Na Escola Nossa Senhora das Graças, em São Paulo, a preocupação com o ensino de pesquisa na internet começou em 2009. Os educadores do colégio viram a necessidade de criar uma estrutura online que pudesse auxiliar os estudantes nos trabalhos escolares. Por isso, foi criado o "Caminhos de pesquisa na internet", uma ferramenta virtual que discute alguns critérios de pesquisa e avaliação das informações. Além dos professores deixarem dicas de endereços confiáveis, os alunos podem postar informações retiradas de sites para que os docentes possam avaliar sua veracidade.
Apesar de achar a solução interessante, Moran alerta que nem sempre os alunos terão uma ferramenta escolar a sua disposição. "A escola precisa ensinar os estudantes a caminharem sozinhos e terem noções críticas de fontes de pesquisa", opina.[Fonte: Terra]

EUA: MIT oferece certificados para estudantes virtuais


O Instituto de Tecnologia de Massachusetts está desenvolvendo uma tecnologia que permitirá aos estudantes fazer cursos online - com a utilização de laboratórios simulados e interação com professores e outros alunos -, e ganhar certificados.
"O objetivo é alcançar todos que não possam estar aqui", informou o reitor do MIT, Rafael Reif, em teleconferência com jornalistas nesta segunda-feira. O instituto já é conhecido por seu programa OpenCourseWare, que oferece cerca de 2,1 mil cursos online gratuitamente. Até agora, os estudantes que recorriam à plataforma online tinham acesso aos materiais fornecidos para as aulas mas tinham de estudá-lo por sua conta e nunca eram avaliados. Em poucos meses, eles serão capazes de ver os professores em vídeos, participar de grupos de discussão de estudantes, e fazer exames.
"Isto vai tornar o MIT acessível em escala planetária", disse Anant Agarwal, diretor de Ciência da Computação e do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT. "Esta é uma excelente forma de casar as nossas missões na educação e na investigação", concluiu.
Estudantes que queiram ganhar os certificados através do programa online do MIT terão que pagar uma taxa ainda não definida. O reitor da universidade ressaltou que o programa não irá substituir a experiência no campus e que os cursos online serão tão rigorosos quanto os realizados fora do mundo virtual.
Desde que o programa OpenCourseWare foi lançado, há quase uma década, mais de 100 milhões de pessoas já estudaram assuntos que vão de antropologia à estudos de gênero. Outras escolas dos EUA, incluindo Stanford e Yale, oferecem programas de aprendizagem online semelhantes.[Fonte: Terra]

CNE determina o funcionamento de creches durante as férias

O Conselho Nacional de Educação (CNE) alterou o parecer que determinava que as creches deveriam fechar no período de férias. Segundo o CNE, o poder público é obrigado a oferecer o atendimento nessas unidades na ausência de instituições de assistência social, saúde, esporte e lazer. As prefeituras ainda devem oferecer as creches, caso essas instituições não deem conta da demanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Essa possibilidade já existia no antigo parecer, mas não estava explícita como deveria", disse o relator do documento, Cesar Callegari. "É um aperfeiçoamento proposto pelos promotores. Além disso, o atendimento em creches nesse período deve ser assistencial e não educativo", afirmou. O parecer original foi aprovado em julho, mas não havia sido homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. A nova versão segue para homologação do MEC.[Fonte: Terra]

Mudança no texto do PNE pode gerar perda de verbas da educação

Uma diferença aparentemente sutil no futuro texto do Plano Nacional de Educação (PNE), apresentado na terça-feira na Câmara dos Deputados, poderá fazer a diferença de alguns bilhões de reais em investimentos na área. A proposta de substitutivo elaborada pelo relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), coloca como meta o investimento de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) considerando o investimento público total em educação.
A proposta encaminhada pelo governo, no ano passado, falava em investimento direto em educação. A diferença entre os dois é que, no primeiro caso, são incluídos recursos públicos investidos em entidades privadas, em bolsas de estudo e até em contribuições sociais de aposentadoria de trabalhadores da área. Já no segundo, são contabilizadas apenas as verbas aplicadas diretamente no sistema público de educação.
Na prática, a mudança do conceito de investimento significa uma ampliação mais tímida dos recursos. Considerando o investimento público total, o patamar atual de investimento em educação é de 5,7% do PIB. A meta de investimento de 8% do PIB definida no relatório significaria, portanto, um crescimento de 2,3 pontos percentuais ¿ enquanto a expectativa das entidades era que esse aumento fosse mais significativo.
Para a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, principal entidade que articula a mobilização social em torno da aprovação do projeto, a mudança do texto foi uma "manobra contábil" para camuflar os investimentos reais. A entidade defende, junto com outras organizações da sociedade civil, que o patamar de investimento incluído no PNE seja de 10% do PIB.
O relator da proposta admite que a alteração do texto foi "fruto do processo de negociação" com o governo, mas nega que tenha sido uma manobra. Nas últimas semanas, Vanhoni adiou diversas vezes a apresentação do relatório do PNE porque não chegava a um consenso com o governo sobre a meta de investimento. A proposta inicial enviada pelo Executivo previa a ampliação dos investimentos para 7% do PIB, índice que foi aumentado para 8%. Essa expansão dos recursos deverá ser feita no prazo de dez anos, período que irá vigorar o novo plano. O projeto estabelece 20 metas educacionais que deverão ser alcançadas pelo país neste prazo. Entre elas, o aumento de vagas em creches, a ampliação de escolas em tempo integral e a expansão das matrículas em cursos técnicos.
O relatório apresentado ontem traz o custo financeiro de cada uma das 20 propostas. Segundo Vanhoni, a meta de investimento de 8% do PIB em educação é o suficiente para pagar as mudanças previstas no projeto, ainda que seja considerado o investimento total em educação e não o direto. "A discussão tem que ser feita em torno do plano de metas e não apenas de índices. O debate que a Câmara precisa fazer é quais as metas para as diversas modalidades para incluir desde as crianças até 3 anos a jovens de 18 a 24 anos no sistema educacional brasileiro e de qual valor nós vamos dispor para custear isso", argumentou.
A vigência do antigo PNE terminou em dezembro de 2010 e, no momento, não há plano em execução. O impasse em torno do percentual de investimento pode deixar a aprovação para 2012. O texto ainda precisa ser apreciado pelo Senado.[Fonte: Terra]