Escolas experimentais: aluno decide o que e como quer aprender


Na Escola Livre Experimental de Piracanga (BA) os alunos escolhem o que querem aprender - Foto: Divulgação
Quando o sol nasce na pequena área de Piracanga (BA), localizada a 60 km de Ilhéus, as crianças da comunidade já começam a se preparar para mais um dia de aula na Escola Livre Experimental. Em uma casa de madeira, com telhado de bambu, envolta pela natureza e banhada pelo Rio Paracanga, elas se acomodam para o começo das atividades. Contudo, isso só ocorre quando os alunos desejarem.
Nesse tipo de escola, o estudante diz quando se sente preparado para estudar, é quem escolhe as oficinas de que vai participar e o dia em que está apto para avançar de nível. A proposta é que os alunos aprendam por sua genuína vontade. São os princípios básicos do que se chama de escola experimental.
Segundo a pedagoga Patrícia Fonte, autora do livro A Paixão de Educar e o Desafio de Inovar e diretora da Projetos Pedagógicos Dinâmicos, esse conceito abriga todas as instituições educacionais que não seguem o método tradicional de ensino, no qual o professor explica, o aluno escuta e todas as classes são voltadas para o quadro negro.
Porém, ainda são poucos os colégios que adotam métodos pedagógicos alternativos no Brasil. E foi por isso que Patrícia matriculou a filha em uma instituição tradicional. "Foi por falta de opção. Acredito muito nas escolas experimentais, pois existe um dinamismo que motiva a criança a buscar o próprio aprendizado, o que passa a ser mais significativo para elas", afirma.
Para a pedagoga, no sistema tradicional os alunos viram meros transmissores de conhecimentos decorados, voltados somente para o vestibular. "Eles não são ensinados a refletir, argumentar", queixa-se. Mestre em Educação da Criança, José Pacheco concorda: "a escola dita tradicional mantém-se conivente com o estímulo da competitividade, fomenta o imediatismo e a frivolidade", diz.
Na Escola Livre Experimental de Piracanga não tem sala de aula. No lugar, há vários espaços criativos e de estudo. Lá, as crianças são separadas em grupos de, no máximo, 15 alunos, classificados de acordo com a idade. Cada grupo tem seu espaço, mas também existem muitas áreas em comum: como a oca para as meditações, a cozinha, a marcenaria e a oficina de artesanato. "O que caracteriza essas escolas é o ecletismo. Mas todas tratam de 'acabar com a sala de aula' e incentivar a descoberta do aprendizado", reforça Pacheco.
Durante o dia, as crianças e os jovens, que são aceitos a partir dos três e até os 18 anos de idade, têm a possibilidade de escolher diferentes atividades. Em uma sala, por exemplo, fica uma tutora lendo histórias. Em outra, uma professora ensina pintura. Cabe a cada criança escolher o que mais a atrai. Segundo a direção, as crianças aprenderão a optar e a viver as consequências e os deveres de cada escolha que fizerem.
Todos os dias são oferecidas atividades como ensino de idioma (inglês, francês, espanhol), natação, aulas de massagem, meditação, dança, jogos de integração do grupo, passeios, teatro e cinema. Cada aluno deve optar por uma dessas programações, que depois de cumprida, deve ser substituída por outra.
Considerando as distintas etapas de desenvolvimento, as crianças recebem dos adultos ajuda em áreas como matemática, geografia, história, língua portuguesa, sociologia, física, biologia e química. Ou seja, independentemente das escolhas do estudante, essas disciplinas são inseridas de forma indireta dentro do dia a dia escolar. Ao trabalhar com uma oficina de teatro, por exemplo, alguns conteúdos de história são trabalhados. E ao realizar oficinas de culinária, o aluno também terá aulas de matemática.
O método não-diretivo de ensino propõe que as crianças decidam aprender por interesse próprio e não por serem obrigadas. Elas acabam sendo expostas aos mesmos conteúdos que uma escola tradicional, mas de forma lúdica e no tempo de cada uma delas. Para a pedagoga Patrícia, pelo fato de os alunos estudarem por espontânea vontade, o ensinamento é mais atrativo e os conteúdos acabam mais fortemente fixados.
Adaptação
Mas permitir que o aluno aprenda quando quiser também pode representar um risco. Ana, nome fictício de uma mãe que preferiu não se identificar, matriculou os dois filhos, um de 7 e outro de 4 anos, em uma escola experimental de São Paulo (SP). Segundo ela, o mais novo se adaptou bem. "Ele é curioso e desinibido. Já está conseguindo ler com quatro anos", conta.
Porém, o filho mais velho está cada vez mais deprimido e sem vontade de ir para a aula. "Todo dia ele chora e me pede para ficar em casa", diz. Ana descobriu que a turma do filho está em fase de alfabetização, mas que, por acreditar em uma linha pedagógica construtivista, o colégio incentiva que cada um aprenda no seu tempo.
Para a mãe, quando a professora pede que cada aluno escreva a palavra flor, por exemplo, da forma como acha que está correto, o filho se sente pressionado, pois quer acertar. "Ele sempre foi muito perfeccionista. Desde pequeno se exige muito, então, fica nervoso. Se pedem para escrever flor, ele quer escrever do jeito certo. Tem pavor de errar", relata.
Para Pacheco, tudo é uma questão de adaptação. Já a pedagoga Patrícia alerta para a necessidade de os pais estarem atentos. "É experimental. Para algumas crianças funciona, para outras não. Cabe aos pais observar seus filhos e detectar isso", diz. Foi assim com Ana. "Percebi que, para a personalidade do mais velho, o melhor é a escola tradicional", diz a mãe, que contratou um professor particular para o filho até o início do ano que vem, quando pretende levá-lo para outro colégio.
O processo de troca, aliás, também precisa ser observado. A escola do filho de Ana, por exemplo, tem séries definidas. Porém, em alguns colégios experimentais não existe o conceito de série. Nesses casos, se a criança for para uma escola tradicional, geralmente passa por um teste de nivelamento antes de ser admitida na nova instituição.
Tempo determinado
O caráter de experimentação dessas escolas tem por objetivo testar alternativas pedagógicas. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, é permitida a organização de colégios experimentais, com currículo e métodos próprios, mas por tempo determinado. Durante este tempo, é obrigatório que a instituição de ensino contenha a palavra Experimental no seu nome.
Depois do tempo determinado, definido judicialmente, o Conselho Estadual de Educação em questão avalia o funcionamento escolar, sua validade legal, o rendimento dos alunos, entre outros critérios. Se aprovada, a instituição deixa de ser experimental e se torna uma escola regular, mas com método pedagógico diferenciado.[Fonte: Terra]

Mil posições separam escola federal de estadual na lista do Enem


O Colégio de Aplicação da Universidade de Viçosa (Coluni) ficou em primeiro lugar entre as escolas públicas no Enem
Foto: Coluni/Divulgação


O abismo que separa a Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, na cidade de Amambai (MS), e o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni), em Minas Gerais, não está apenas na lista das melhores escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. Enquanto o colégio federal mineiro ficou no 8º lugar entre todas as escolas - primeiro entre as públicas - a instituição de Mato Grosso do Sul aparece mil posições depois, mas como primeira colocada entre as escolas estaduais de ingresso regular. Para o doutor em educação e professor da Universidade de Brasília (UnB), Célio da Cunha, a principal diferença entre as duas está no investimento.
"Não fico surpreso com essa diferença. Se pegarmos a história da educação brasileira desde os primórdios veremos que sempre estiveram à frente as instituições que o governo federal patrocinou. Isso acontece porque os investimentos federais são bem maiores", afirma o professor da UnB. Segundo ele, se o mesmo recurso disponibilizado para as escolas federais fosse aplicado pelos Estados e municípios na educação básica, a realidade seria outra.
No balanço divulgado ontem, além do Coluni, apenas 12 instituições públicas aparecem na relação das 100 melhores. Todas elas têm modelo de organização diferenciado e boa parte está vinculada às universidades públicas. Ainda fazem parte do grupo os colégios militares, os institutos federais de educação profissional e as escolas técnicas estaduais. Na lista geral, a primeira escola estadual com oferta regular de vagas é o colégio de Mato Grosso do Sul, na posição 1.008.
Feliz com o fato de a escola do interior ser a primeira entre as estaduais, a diretora do colégio Dom Aquino, Vilma Oliveira da Cruz, diz que os professores se empenham para estimular nos alunos os hábitos de leitura, fundamentais para um bom desempenho no Enem. "Nossa estrutura é muito ruim, a biblioteca é muito pequena, mas os professores levam os livros para a sala de aula e estimulam à leitura", afirma. Ela também diz que a disciplina e o comprometimento dos estudantes é um diferencial da instituição.
Com 615 alunos, no ano passado a escola formou a primeira turma de ensino médio, que atingiu a média de 635,51 pontos no Enem e teve participação de 100% dos estudantes na prova. Segundo a diretora, apesar de todas as dificuldades que a escola enfrenta, dos 25 estudantes, 24 passaram no vestibular. Entre os problemas está a falta de professores pra atender as turmas. "Agora estamos com a grade de docentes completa, mas todo o ano temos que enfrentar isso. As pessoas não querem vir de fora para ganhar pouco. Também temos muita rotatividade, eles ficam um ano na escola e vão embora", afirma.
Os maiores problemas são nas disciplinas de geografia e matemática. O salário inicial, de cerca de R$ 1,3 mil no Estado, não é atrativo para quem precisa sair de outras regiões para trabalhar em uma cidade que fica a mais de 400 km da capital. De acordo com a diretora, a falta de estrutura também é outro empecilho para o ensino. "Não temos prédio próprio, há 50 anos a nossa escola funciona em espaços cedidos. Agora estamos ocupando um lugar no prédio da Universidade Estadual, mas é muito pequeno", critica a diretora. Segundo ela, não há sala de informática, laboratório de ciências, quadra de esportes e nem refeitório. "Os alunos comem com o prato na mão", completa.
Realidades diferentes
Enquanto na escola estadual os alunos contam com uma estrutura mínima para as aulas, no colégio da Universidade de Viçosa, que atingiu média de 726.42 pontos no Enem, os estudantes têm a sua disposição cinco laboratórios de ciências, bibliotecas, computadores em todas as salas de aula e toda a infraestrutura de uma universidade. Os professores possuem dedicação exclusiva, dão aulas em um turno e no outro ficam disponíveis para pesquisas, tirar dúvidas e preparar as atividades.
O salário de um educador, segundo o sindicato nacional dos professores, varia de R$ 2,2 mil a R$ 3,6 mil em nível inicial. De acordo com o diretor Hélio Paulo Pereira Filho, o quadro da escola é composto, em sua maioria, de mestres e doutores. "Temos uma exigência muito grande, nossos professores, assim como o corpo técnico, são altamente qualificados", afirma.
A escola também não enfrenta dificuldades financeiras. Os recursos são suficientes para atender os 480 alunos e toda a estrutura necessária. "Nós também somos uma extensão da universidade, e isso facilita muito", explica o diretor. Ele concorda que, quanto mais recursos, mais fácil fica para gerir uma educação de qualidade. "Eu sempre digo: se a presidente Dilma quer mudar a história do ensino no Brasil, que invista nas escolas de aplicação das universidades".
Vagas
Na escola estadual de Mato Grosso do Sul, qualquer aluno pode se inscrever para uma vaga. "Recebemos todos, dos alunos mais humildes aos mais ricos", afirma o diretora. Já na escola federal de Minas Gerais, para concorrer a uma das 150 vagas oferecidas anualmente, os alunos precisam passar por uma prova, com uma média de dez candidatos por vaga.
"Fazemos esse exame para selecionar os estudantes com o perfil mais adequado", diz Hélio Paulo Pereira Filho. Segundo ele, isso não quer dizer que o ingresso é restrito para os estudantes que têm mais condições de se preparar. "Pelo menos 50% dos nossos alunos vieram de escolas públicas", diz.
Futuro
De acordo com o professor da UnB, o sucesso das escolas federais mostra que o investimento precisa aumentar no País. "Nos últimos anos, as escolas públicas estão acolhendo um grande contingente de pessoas, que antes não tinham oportunidade de estudar. Mas para que isso resulte em qualidade do ensino, é preciso que o recurso também aumente. É só pegar o exemplo dos colégio de aplicação, quando se investe dá certo", diz Célio da Cunha.
O doutor em educação defende a ampliação dos recursos disponibilizados pelo governo federal. "Se com o Plano Nacional de Educação (PNE) conseguirmos avançar para 7% do PIB de investimento na área, já poderemos dar um salto em qualidade. Mas o ideal é avançar mais, porque precisamos recuperar o atraso histórico da nossa educação", completa. [fonte: terra]

Presidente do Inep critica listas de melhores e piores no Enem


A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, criticou o uso das notas do Enem para montar listas das melhores e piores escolas do País. Para ela, o ranking não é o critério mais adequado para avaliar o desempenho das escolas, dos alunos e professores.
Este ano, o Inep mudou o formato de divulgação dos resultados e passou a levar em consideração o percentual de estudantes de cada escola que participaram do Enem. A ideia é evitar comparações entre as unidades de ensino, principalmente entre escolas privadas e públicas. A maioria dos veículos de comunicação noticiou o melhor desempenho das particulares em relação às públicas.
"A elaboração de rankings e a utilização de adjetivos para qualificar as escolas não demonstram o devido reconhecimento ao empenho de milhões de estudantes, profissionais da educação, parentes e demais setores da sociedade na busca de uma escola de qualidade para todos", disse Malvina, ao ler uma nota do instituto sobre a classificação das escolas. Ela participou nesta quinta-feira de um debate sobre as avaliações externas na educação, em um congresso internacional promovido pelo movimento Todos pela Educação. "Não gosto do ranking porque acaba fortalecendo algo que não é verdade", completou.
A maioria dos especialistas presentes ao encontro também se posicionou contra o ranking das escolas. Porém, alertaram que o formato de divulgação das notas não é didático, é de difícil compreensão para imprensa, professores, coordenadores pedagógicos e secretarias estaduais de ensino, o que estimula a elaboração das listas dos melhores e piores.
"A imprensa faz ranking porque não demos outra coisa para ela. A gente está produzindo número que tem sido pouco interpretado", disse José Francisco Soares, do grupo de avaliação de medidas educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A opinião que foi rebatida pela presidente do Inep. Malvina Tuttman disse que as notas podem ser analisadas por pesquisadores de qualquer organismo da sociedade civil. ¿Todos nós estamos habituados a que o outro faça (a pesquisa). Os dados estão aí. Onde estão nossas universidades para trabalhar junto (conosco) esses dados? Onde estão nossos pesquisadores para trabalhar com o Inep?", provocou.[fonte: terra]

Especialistas: universidade não valoriza formação de professores


O ambiente acadêmico ainda considera a formação de professores para a educação básica uma tarefa "menor" o que dificulta a melhoria da qualificação desses profissionais para atuar em sala de aula. Este é o diagnóstico de especialistas, pesquisadores e organizações da sociedade civil reunidas no Congresso Internacional Educação: uma Agenda Urgente. A formação de professores no Brasil foi tema de discussão em uma das mesas de debates, e há um consenso de que é necessária a revisão dos currículos dos cursos de pedagogia e de licenciaturas.
Um dos componente que deve ser fortalecido, na opinião dos debatedores, é o prático. Para os especialistas, o estágio precisa ganhar maior importância e deve ocorrer desde o início da formação do professor. Uma das principais críticas é que a universidade não prepara o professor para lidar com a realidade da sala de aula, que inclui problemas de aprendizagem e um contexto social que influencia no processo.
"A formação inicial deve estar visceralmente ligada à sala de aula. Ela deve ocorrer em dois lugares: na universidade, onde eu penso, discuto e estudo e naquele lugar que é objetivo maior do professor, a sala de aula", disse Gisela Wajskop, diretora-geral do Instituto Singularidades.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, afirmou que apesar do estágio ser obrigatório para a obtenção do diploma, em muitas escolas de formação ele não passa de uma "formalidade". "O estágio é fundamental para conectar o que o aluno aprende na universidade e o mundo real. Ele precisa sair sabendo como são as escolas, quais são as dificuldades concretas que ele vai encontrar e quem é esse jovem que ele vai ensinar e que ele só estuda na psicologia. Mas o estágio precisa ser bem feito, orientado e cobrado", disse.
Uma das propostas apresentadas para melhorar a formação, é instituir nas licenciaturas e cursos de pedagogia uma espécie de residência, semelhante a que ocorre nos cursos de medicina e que é obrigatória para o exercício profissional. Leão aponta, entretanto, que a formação do professor não é a única variável que determina a qualidade do ensino. "A universidade que forma o professor da escola pública é o mesmo que forma o da particular. Mas, a segunda tem resultados melhores nas avaliações", afirmou.
Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos defende a criação de centros ou institutos de formação nas universidades que sejam separados dos departamentos que hoje oferecem as licenciaturas. "O professor da universidade que está preocupado em dar aula na escola de educação básica é visto no seu departamento como inferior porque não está preocupado em publicar artigos nas revistas de ponta", disse.
A desvalorização da carreira e dos cursos de formação têm levado ao fechamento das licenciaturas, conforme observou o vice-presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), Marcelo Lourenço. "Nós estamos pedindo socorro porque os cursos estão fechando por falta de procura".[Fonte: terra]

Segunda melhor no Enem, escola do PI tem aula de latim e xadrez


Dar "puxões de orelha" em pais faltosos e ver alunos estudando até mesmo na hora do recreio é uma rotina dentro do Instituto Dom Barreto, em Teresina (PI). A escola, que pela terceira vez conquistou a segunda posição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com média de 754,13 pontos, tem disciplinas de latim e xadrez no currículo dos alunos.
O Estado do Piauí, que tem um dos piores índices na classificação geral do exame, conseguiu emplacar dois colégios privados entre as 10 melhores escolas do País. Além do Dom Barreto, foi bem classificado o Educandário Santa Maria Goretti.
O colégio Dom Barreto é uma escola de elite, fundada pela Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. A mensalidade varia de R$ 592 (ensino infantil) a R$ 696 (ensino médio). Além do xadrez e do latim, os alunos têm aulas de filosofia, sociologia, inglês e espanhol, num ambiente que cobra disciplina e exige a participação da família.
No quadro da escola 100% dos 224 professores têm especialização e 15% deles possuem mestrado e doutorado. O maior salário pago a um educador é R$ 7 mil e a média do vencimento fica em torno de R$ 3,5 mil. Além da valorização dos profissionais, a cobrança com os pais também é um diferencial. Se eles faltam a reuniões são cobrados via telefone, e-mail e cartas.
Com 90% dos alunos do ensino médio aprovados nas maiores universidades do País, a diretora do Instituto Dom Barreto, Maria Stela Rangel da Silva, afirma que o "segredo" está na formação humana. "Nosso foco é preparar o aluno para a vida, do aluno ser gente e se preocupar com o próximo", diz a diretora.
As estudantes Clarissa Vilanova, 15 anos, e Maria Clara Chaves Monteiro, 14 anos, concordam que o instituto cobra disciplina e responsabilidade social dos alunos. "A escola não forma só para o vestibular, desperta para o lado humano, de você ser honesta, de cuidar do meio ambiente e noções de mundo", diz Clarissa.
Com 67 anos de existência, a tradicional escola do Piauí também investe em tecnologia. Um dos destaques é a sala do futuro, em que o aluno não usa caneta e nem lápis, somente o computador é companhia no estudo. A partir de 2012, os estudantes do Dom Barreto também vão contar com aulas da disciplina de robótica. O objetivo é estimular o raciocínio lógico dos alunos do ensino fundamental.
Com 3,3 mil alunos do ensino infantil ao médio, o instituto chega a exigir do aluno 8 horas diárias de aulas, de segunda a sábado. No preparatório do Enem desde ano, a escola incluiu mais 12 simulados surpresas, dando ênfase à redação.
Acompanhamento individual
A diretora do Educandário Santa Maria Goretti, Tércia de Moraes Leal, atribui o sucesso do desempenho no Enem ao acompanhamento do aluno desde do maternal ao ensino médio. "Aqui, 80% dos alunos entram ainda no ensino infantil e fazemos um acompanhamento quase que individual, despertando suas habilidades", afirma a diretora.
Santa Maria Goretti tem 1,1 mil alunos e é uma escola católica criada há 40 anos pela professora. O colégio tem carga horária de 8 horas diárias e assim como o Dom Barreto cobra disciplina e compromissos dos pais. Este ano, 90% dos alunos do ensino médio foram aprovados em vestibulares e têm estudantes que conseguiram ser aprovados em cinco vestibulares, além do Enem. [FONTE: TERRA]

Método do 1ª colocado no Enem remete ao século 19, diz especialista


Com uma mensalidade de até R$ 2.140 e recusando a matrícula de meninas, o Colégio São Bento, na capital fluminense, ficou pela quarta vez na primeira colocação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação e avalia o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo o país.
Administrado por monges beneditinos, o colégio ficou cerca de 300 pontos à frente do último colocado no estado - uma escola pública. A Supervisão Pedagógica atribui o bom resultado ao ambiente de ensino "com excelentes professores" e à dedicação dos alunos, que têm aulas entre as 7h30 e as 16h30, durante a semana e, aos sábado pela manhã, longe de meninas.
No entanto, a receita de sucesso do São Bento, que só aceitou professoras a partir da década de 1960, gera polêmica. Para a professora da Universidade de São Paulo (USP), Cláudia Vianna, especialista em gênero e educação, "não é possível desenvolver a personalidade integral do aluno onde há segregação". Para ela, o método do São Bento remete ao século 19.
"É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos em um mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto? Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?", questionou. A supervisora do São Bento, a professora Maria Eliza Penna Firme Pedrosa disse que aceitar meninas significaria alterar a identidade do colégio e isso não está nos planos. "Os alunos e os pais estão satisfeitos. Os meninos acham o ambiente confortável e não identificamos prejuízo nenhum, já que os rapazes podem conviver com as meninas na sociedade".
Os alunos também não reclamam da jornada de estudos, da proibição do uso de adornos como piercings e acreditam que a dedicação os levará para as universidade públicas, como é o caso do estudante de odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Maroun. Para ele, o São Bento ofereceu uma boa educação, com forte preocupação no caráter do aluno.
"Claro que as mulheres distraem um pouco os homens", declarou. "Se você tem uma namorada no colégio, fica com ela no recreio, vai para aula pensando nela, normal para o ser humano. Mas o colégio não tendo isso, ele o aluno fica mais focado. Isso é positivo porque você pode ter contato com as garotas fora do colégio, no clube ou na faculdade".
O Colégio São Bento funciona há mais de 150 anos e já teve entre seus alunos os compositores Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha e Noel Rosa, o teatrólogo João Procópio Ferreira, o jornalista Paulo Francis, e o escritor e humorista Jô Soares. [Fonte: terra]

Para especialistas, Enem mostra que avanço na educação é lento




O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apesar de indicar avanço na educação pública do país, mostra que esse ganho ainda é lento. A avaliação do professor Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz Alavarse. "Esses ganhos ainda não são tão elevados quanto poderiam ser, e os patamares ainda são preocupantes", disse à Agência Brasil.
O aumento da nota média é, segundo Alavarse, resultado da melhora da rede pública de ensino que ocorreu a partir do ano 2001. Os alunos que estavam nas séries iniciais chegam agora ao ensino médio beneficiados por uma escola mais equipada e professores com melhores remunerações.
Isto é considerado uma conquista importante pelo professor, uma vez que o sistema público trabalha "com 90% dos alunos em condições precárias e, mesmo assim, está melhorando a aprendizagem". Contudo, Alavarse aponta, como prioritário para a evolução da rede de ensino, a formação de professores mais qualificados.
Na opinião do coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o país deve aproveitar a sinalização do Enem para ampliar os investimentos em educação. Caso contrário, alerta que os jovens brasileiros continuarão a receber uma formação deficiente nos próximos anos. "Permanecendo nesse ritmo, o Brasil vai perder mais uma geração de jovens, que é a geração desta década, e só vai começar a ter educação de qualidade a partir da próxima".
Cara defende a necessidade da avaliação de problemas locais e específicos de cada escola. Esse tipo de informação não pode, de acordo com ele, ser conseguida com um exame como o Enem. "O Brasil precisa enfrentar os problemas estruturais, mas também os específicos de cada rede".
De acordo com ele, as escolas públicas que obtiveram o melhor desempenho são as técnicas e militares, onde o investimento por aluno é muito maior do que no restante da rede. Por isso, defende que o governo coloque em prática a Resolução 8 do Conselho Nacional de Educação (CNE) que determina um gasto mínimo por aluno. [Fonte: Terra]

Inep libera consulta ao Enem 2010; confira a nota da sua escola



Veja a média das 5 primeiras colocadas da cada grupo Foto: Terra
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou nesta segunda-feira as médias das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010. A consulta das notas por escola foi liberada nesta manhã.Para conhecer a classificação por escola no Enem 2010 acesse a página do Inep (www.inep.gov.br).
Um dos motivos para a demora na liberação da lista, quase dois meses, foi o novo sistema de apresentação, alterado para tentar evitar um ranqueamento generalizado. Agora, pela primeira vez a relação leva em conta o índice de participação dos alunos inscritos, o que originou a criação de quatro grupos distintos.
No grupo 1, ficaram as escolas (17,8% do total) que tiveram taxa de presença a partir de 75% dos alunos. No 2, aquelas (20,9%) que tiveram média de alunos participantes entre 50% e 74%. No grupo 3, entraram as instituições (33% das escolas) que tiveram participação de 25% a 49% dos estudantes. E no grupo 4, foram listados os colégios (27,4%) com participação de 2% a 24% dos inscritos. O Ministério da Educação (MEC) não divulgou as médias de estabelecimentos de ensino com menos de 10 alunos - apenas 1% se enquadrou nessa categoria.
Participaram das provas do Enem mais de 3,2 milhões de estudantes, dos quais 1 milhão de concluintes do ensino médio regular. Os resultados são calculados a partir do desempenho dos alunos concluintes. O Enem 2010 avaliou as áreas de conhecimento de ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias, linguagens, códigos e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias, além da redação.
Segundo o MEC, nos últimos dois anos o Enem viu o número de estudantes concluintes das escolas regulares públicas e particulares subir de 824 mil, em 2009, para 1 milhão em 2010. Enquanto isso, a média obtida por esses estudantes nas quatro provas objetivas passou de 501 para 511 pontos. A meta do Inep, responsável pelo exame, é atingir a média de 600 pontos em 15 anos. Contudo, se forem mantidos os padrões de crescimento, a entidade prevê que seja possível antecipar essa meta em cinco anos.[Fonte: terra]