Mural de Paulo Freire 'representa o fracasso total e absoluto' do Brasil no Pisa, diz Weintraub




O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante apresentação do "Compromisso Nacional pela Educação Básica"

RIO — O ministro da Educação, Abraham Weintraub, culpou a gestão do PT pelo desempenho brasileiro no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018. O Brasil está estagnado há uma década entre os piores níveis de aprendizado avaliados.
— O símbolo máximo do fracasso da gestão do PT começou quando foi construída a lápide da educação. Ela está lá embaixo na entrada do MEC, que é esse mural do Paulo Freire. Representa esse fracasso total e absoluto — avaliou Weintraub.
Segundo ele, há países com gastos similares ao Brasil com desempenho melhores.
— Dinheiro só não resolve. É técnica, é ciência. (Esse resultado) é integralmente culpa do PT, integralmente culpa dessa doutrinação esquerdófila sem compromisso com o ensino. Quer discutir sexualidade e não quer ensinar a ler e escrever — disse.
A média brasileira ficou em 413 no quesito Leitura (57º do mundo), 384 em Matemática (70º) e 404 em Ciências (64º). As notas são levemente mais altas do que o último resultado, de 2015, mas insuficientes para serem consideradas um avanço, segundo o relatório da OCDE.
De acordo com o resultado do teste de 2018, divulgado nesta terça-feira (03/12/2019), 43% dos participantes brasileiros não aprenderam o mínimo necessário nas três áreas do conhecimento testadas: Leitura, Matemática e Ciências.
Neste mesmo quesito, a média dos países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de apenas 13%.
De acordo com o relatório da organização, o desempenho médio do Brasil "em Matemática melhorou no período 2003-2018, mas a maior parte dessa melhoria ocorreu até 2009. Depois, em Matemática, como em Leitura e em Ciência, o desempenho médio ficou estável", diz o texto.
— Não dá para culpar o Temer. Esse exame foi feito no começo de 2018 e ele ficou pouco mais de um ano. Não dá para culpar o cara. Ele é culpado de ser vice da Dilma — afirmou.
Essa não é a primeira vez que Weintraub ataca o mural com uma imagem de Paulo Freire que fica na frente do MEC. Em agosto, ele afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan, que 'não tem raiva dele'.
— Tem até um mural muito feio dele no MEC que está lá assustando a criançada que passa por lá. Isso que ele é mundialmente conhecido, veja, a aspirina foi feita pelos nazistas. Eu uso, porque? Funciona — afirmou o ministro.
No mesmo dia, ele ainda postou uma foto no Twitter do mural. "É ou não é feio de doer?", escreveu o ministro.
Em nota, o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante, que ocupou o cargo entre entre 2012 e 2014 e depois entre 2015 e 2016, afirmou que "o atual ministro ataca o PT, que está há quase quatro anos fora do governo, de forma ainda mais descabida agride Paulo Freire e, mais uma vez, não propõe absolutamente nada para a melhoria da educação".
"Os governos do PT patrocinaram uma extraordinária inclusão educacional. Em 2002, 36,9% da população tinham concluído o ensino fundamental, em 2015, atingimos 54,45%, o que reforça que ainda temos um imenso desafio na inclusão escolar. Entre os 5% mais pobres, apenas 6,8% tinham o ensino fundamental, em 2015, eram 30,3%.
Entre os jovens de 6 a 14 anos, praticamente universalizamos o acesso, com 98,2% das crianças e jovens matriculados nas escolas. No ensino médio, tivemos um crescimento de 120% das matrículas, entre 1990 e 2014. Mas o desafio do acesso permanece. Tínhamos, em 2002, 42% dos jovens entre 15 e 17 anos matriculados nessa etapa. Em 2014, atingimos 61,02%, que estão na idade certa, nessa etapa escolar. Hoje, temos 8,1 milhões de estudantes matriculados, mas 1,6 milhões ainda estão fora da escola", afirmou o ex-ministro em nota.
Weintraub garantiu que o Brasil vai aumentar o desempenho na próxima avaliação do Pisa, que será realizada em 2021.
— O próximo é responsabilidade minha e isso tem que inflexionar — afirmou.
Para isso, ele elencou uma série de programas que defende para pasta. Afirmou que debateu políticas de alfabetização, inclusive com Nuno Crato, ex-ministro da Educação de Portugal, e que as diretrizes serão passadas a estados e municípios pela internet.
— Vamos melhorar esse rendimento com livro didático, com técnicas diferentes que foram discutidas e começarão a ser implementados no Brasil inteiro.
Há duas semanas, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o Brasil estaria "no último lugar da América do Sul" no Pisa. Segundo ele, a declaração se tratava de um "palpite".
No entanto, a nota da Argentina em Matemática foi 379 enquanto a do Brasil foi de 384.  Colômbia, Argentina e Peru tiveram desempenhos piores que os brasileiros em Leitura. Já em Ciências, Argentina e Peru ficaram empatadas com o Brasil com 404.
Ele, no entanto, defendeu na coletiva que não estava errado.
— O Brasil ficou em último lugar em Matemática, na América do Sul. A Argentina ficou empatada em último. Em Ciências também. Ou seja, dois de três quesitos — afirmou o ministro.
O Chile teve o melhor desempenho do continente em Leitura e Ciências. Já em Matemática, quem lidera é o Uruguai. Mesmo assim, estão abaixo da média da OCDE.[Fonte: Yahoo]

Universidade vai oferecer o 1º curso de inteligência artificial do Brasil

A primeira turma de graduação em Inteligência Artificial do Brasil vai começar suas aulas em 2020 na Universidade Federal de Goiás (UFG). A criação do curso foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário.
Segundo o Anderson Soares, o futuro professor de Inteligência Artificial na UFG e doutor em Engenharia Eletrônica e Computação, a falta de mão de obra na área é um problema global e o Brasil já está atrasado.
O professor fala que mais de 30 países já possuem iniciativas do governo para promover estratégias de uso e desenvolvimento de inteligência artificial (IA). E as mudanças na sociedade virão rapidamente: segundo pesquisa da IBM, mais de 7 milhões de brasileiros vão precisar de recapacitação nos próximos 3 anos.
“O profissional especializado em inteligência artificial tem formação em nível de doutorado, por que antes era uma pesquisa feita a longo prazo. Tivemos um avanço muito forte desde 2012, com novas e diferentes aplicações para a tecnologia, o que tornou necessária a formação para níveis mais generalistas”, explica o professor.
“O curso profissionalizante tem grande valor, mas a IA envolve muitas competências. Uma formação mais sólida será necessária, abordando computação e matemática junto com visão de negócios e soluções para o mercado. São muitas frentes para atacar em curto período de tempo”, fala ele.Mesmo já existindo cursos de pós-graduação ou online e de curta duração, ele defende que a área é complexa e o mercado precisará de grandes líderes na transformação causada pela tecnologia.
Com duração de quatro anos, o professor conta que manter o conteúdo do curso atualizado foi uma preocupação na elaboração do currículo acadêmico, uma vez que as linguagens de programação mudam e avançam constantemente.
A solução foi elaborar a estrutura do curso em torno de questões mais amplas da área, pensando em soluções para o uso de dados. A parte técnica pode mudar, mas o ensino da lógica por trás das competências é perene.
Eles também tiveram grande preocupação com as demandas do mercado e as necessidades das empresas. No curso, os alunos vão aprender programação, mas sempre com um viés de empreendedorismo.
Assim, os alunos vão aprender sobre veículos autônomos, ciência de dados, assistentes pessoais, modelos preditivos e machine learning, entre outras vertentes do IA. O objetivo é que eles saiam da universidade não apenas desenvolvendo algoritmos e interfaces inteligentes, mas entendendo as diferentes aplicações da tecnologia nos negócios.
Como o papel da universidade também é gerar conhecimento científico, o professor conta que existem planos para criar um centro de excelência nacional em inteligência artificial, que será lançado ainda este ano.
A universidade deve ter um orçamento inicial de 23 milhões de reais para pesquisas na área. A expectativa é que o investimento alcance R$ 100 milhões em 7 anos.
“Esse centro poderá aumentar a competitividade do assunto no país, representando uma parceria da iniciativa privada e do poder público para desenvolver ciência de ponta e obrigar o curso a estar em sinergia com projetos demandados pelas duas frentes”, diz Soares.
Para ele, o novo curso acompanha um movimento global, com grandes universidades americanas, como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e Universidade Carnegie Mellon, também abrindo graduação de bacharelado na área para 2020.
No Brasil, a forma de ingressar no curso pioneiro será através do SISU. Os candidatos podem se inscrever gratuitamente no sistema do Ministério da Educação usando sua nota do Enem. As inscrições para 2020 ainda não estão abertas.
O projeto pedagógico para o curso está na sua fase final de apreciação e mais informações devem ser divulgadas até novembro pelo site do Instituto de Informática da UFG: inf.ufg.br

Escola para a vida: como deve ser o ensino no século 21?

Mais do que alunos prontos para gabaritar provas e destacar-se em rankings, que cidadãos queremos formar? Os tempos mudaram, a neurociência aponta os caminhos da aprendizagem e o ensino precisa ser repensado para fazer o mundo melhor.

 Na educação do século 21, os alunos se tornam protagonistas do seu aprendizado e precisam ser ouvidos, podendo e devendo ser cocriadores das soluções (Foto: iStock)

 Para educar as crianças de qualquer geração, é preciso mirar o mundo em que elas viverão quando forem jovens e adultos produtivos. Diante das intensas e profundas transformações vividas nas últimas décadas, entretanto, fica bem difícil imaginar qual será a realidade de 2040 ou 2050. Para se ter uma medida das mudanças, cerca de 85% das profissões de 2030 ainda nem foram inventadas, segundo estudo do Instituto para o Futuro (IFTF). Apenas uma coisa fica clara: a realidade presente e do futuro, mesmo próximo, já não tem nada a ver com a do século passado. Apesar dessa certeza incontestável, as escolas ainda continuam seguindo a mesma lógica de ensino e passando os mesmos conteúdos de, pelo menos, 50 anos atrás.
“A educação básica é feita para preparar as pessoas para a vida e, atualmente, ela prepara para uma vida que não existe mais. É como querer instalar um aplicativo moderno num celular velhinho; ele trava. O sistema educacional hoje está travado”, resume Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare, dedicado a contribuir para que a educação faça mais sentido aos estudantes. Ela ressalta que a única coisa do século 21 que tem na escola, hoje, são os próprios alunos. E que, além de pensar no mercado de trabalho, é preciso preparar as pessoinhas em formação para construir um mundo melhor. “Precisamos instrumentalizá-los para que sejam capazes de fazer transformações positivas no seu entorno.”

Nesse ambiente tão incerto da atualidade, o desenvolvimento do intelecto e o acúmulo de conhecimento – focos principais do ensino convencional – vão perdendo a relevância, já que essas áreas são cada vez mais dominadas pelas máquinas. Para poder encarar os desafios e se adaptar às mudanças, cabe aos seres humanos potencializar o que há de mais humano em si mesmos: criatividade, autoconhecimento, autonomia, pensamento crítico, capacidade de resolver problemas, de ter iniciativa, flexibilidade, empatia, entre outras coisas mais.
Apesar dessas constatações, as instituições de ensino de hoje – sejam­ elas públicas ou particulares – mais se assemelham a uma linha de montagem de estudantes para obterem boas notas no boletim ou em exames de ingresso nas faculdades. Sendo assim, sobra pouco espaço­ ou quase nenhum tempo para se dedicar a desenvolver qualquer uma dessas “competências”, como estão sendo chamados as habilidades pessoais que prometem fazer (e já fazem) uma diferença positiva na vida­ das pessoas.
Mas como ensinar isso na escola? Essa é a resposta que o mundo inteiro busca, mesmo os países com ótimos resultados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Esse sistema que compara o desempenho escolar de alunos de mais de 80 nacionalidades se resume a provas de matemática, ciências e leitura. Uma análise bem restrita diante da proposta de “educação integral”, que trabalha, além do aspecto intelectual, o social, o emocional, o cultural e o físico ao mesmo tempo. E que aos poucos vai se tornando um consenso mundial da direção a ser seguida pelas escolas para entrarem, de fato, no século 21. (Conheça uma escola pública e uma particular inovadoras nos textos ao final da reportagem)

Dar a mão à palmatória

Para o educador e pedagogo espanhol Antoni Zabala, referência mundial na área (leia entrevista aqui), o conteúdo do que é ensinado deve mudar radicalmente. “Seguimos atados a conteúdos históricos e outros pré-históricos. As matérias tradicionais morreram ou deveriam morrer, necessitamos de outros conteúdos de aprendizagem.” A afirmação, em geral, faz muita gente arregalar os olhos. Diminuir o volume teórico das aulas parece estar atrelado à queda da qualidade de ensino. Mas Zabala não ameniza seu parecer e sugere uma reflexão: “Você gostaria de ir a um dentista que usa métodos de 40 anos atrás? Temos ou não temos que mudar? Temos que continuar ensinando o mesmo da mesma maneira?”
Ele conta que, para melhorar o que escreve, não sabe usar a morfossintaxe que aprendeu na escola, embora tirasse sempre boas notas no tema. Isso porque a matéria foi ensinada para que ele pudesse fazer análise sintática das orações, mas não para melhorar um texto. “O objetivo do estudo como é hoje é errado: se ensina matemática, português e química, mas não para a vida. Embora para entender a vida seja necessário aprender matemática, português e química.”
Um dos responsáveis pela transformação curricular do ensino espanhol no período pós-Franco – reforma que ainda não conseguiu sair de fato do papel –, Zabala enfatiza que o mundo hoje exige mais capacidades do que conhecimentos teóricos isolados da realidade das pessoas. Assim como não é possível ser competente ou capaz sem conhecimento, este não serve de nada, por si só, se não puder ser usado para a compreensão e intervenção nos problemas da vida real, seja nos âmbitos pessoal, interpessoal, social ou profissional.


“Se perguntar aos empresários do mundo inteiro que características querem nos seus funcionários, a resposta é que fundamentalmente precisam de pessoas que saibam aprender a aprender, porque vamos ter sempre mudanças. Pessoas que saibam resolver problemas, trabalhar em equipe, que sejam solidárias e generosas”, argumenta. Como se aprende essas coisas? Na visão dele, só na prática é possível. “A dinâmica das aulas deve levar os alunos a fazer coisas dentro de sua individualidade”, afirma.
Zabala aponta que, com os avanços científicos em neurociência e comportamento dos últimos anos sobre como as pessoas aprendem, é possível deduzir novas formas de ensinar. Construtivismo é o nome que se dá aos estudos que procuram entender como se estrutura o conhecimento e, como o nome já sugere, segue a lógica de uma construção. “O construtivismo diz que devemos partir do conhecimento prévio dos alunos. Quando uma pessoa quer construir uma casa, a fundação não é a mesma para um terreno rochoso e para um arenoso. Portanto, devemos construir de acordo com o terreno”, exemplifica.
Dessa lógica da construção também surge a ideia de trabalhar as aulas por meio de projetos multidisciplinares. A proposta é permitir que os alunos escolham trabalhos práticos para desenvolver sobre temas de seu interesse. Por meio deles, os professores passarão os conceitos teóricos antes transmitidos de forma desconexa e teórica em intermináveis e maçantes aulas expositivas. Algo muito próximo de ir ao dentista sem medo e sem dor, para manter a comparação feita por Zabala.
Para se chegar a um novo sistema de ensino mais contemporâneo, é preciso também muita desconstrução de velhos conceitos, como carteiras enfileiradas, estudantes sentados e calados por horas, sinais sonoros marcando início e fim de atividades, séries definidas por idade, lições padronizadas por séries e relações hierarquizadas e autoritárias. A diversidade nos grupos de projetos – reunindo alunos de diferentes idades e diferentes níveis de aprendizado – vem substituir as tradicionais turmas de classe e costuma promover uma troca maior e um desenvolvimento mais personalizado de cada um.

“Não existe mais aluno de primeiro, segundo ou terceiro ano – existem João, Pedro, Maria, Teresa. Existem alunos, mas não grupos de alunos. Cada um é diferente, tem suas habilidades, talentos, valores, família, experiência distintas”, afirma Zabala. Para ele, o problema da forma de ensinar não está tanto na introdução das tecnologias, que são um meio eficaz de oferecer a cada um os conhecimentos mais apropriados a suas características, adequados ao seu ritmo e estilo. A questão maior é a resistência de boa parte do professorado.
Nessa mudança profunda de estímulo pedagógico, baseado em práticas e vivências, os alunos se tornam protagonistas do aprendizado, precisam ser ouvidos, podendo e devendo ser cocriadores das soluções. Ao professor já não cabe mais transmitir conhecimento; ele assume um papel de mentor, que interage, motiva, direciona e apoia o processo de descoberta dos estudantes.
“Não estamos pedindo ao educador nada diferente do que todas as profissões tiveram que fazer, que foi se reinventar a partir do aparecimento das tecnologias, das novas demandas, dos novos cenários”, argumenta Anna Penido. A diretora do Instituto Inspirare considera que o professor ainda é insubstituível, e provavelmente continuará a ser. Mas apenas se resgatado o papel do educador como alguém que pode transformar a vida do aluno é que a profissão ganhará valorização social. A recompensa financeira deve vir acompanhada.

Ponto de partida

O Brasil já iniciou de alguma forma o processo de inovação do ensino por meio do currículo, a grande bússola capaz de puxar a mudança. Ele determina os alunos que o país quer formar e, a partir dele, se definem infraestrutura de escola, formação de professor e práticas pedagógicas para se construir uma escola diferente. Mas, assim como na Espanha, ainda é preciso sair do papel.
Anna explica que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem um capítulo introdutório muito contemporâneo, apontando que a orientação para a educação básica é a promoção do desenvolvimento integral, trabalhando a multidimensionalidade do estudante por meio de competências gerais que são realmente o estado da arte no que hoje é a visão mundial desse assunto.


Mas as instituições escolares ainda têm dificuldade de trazer as competências gerais para o trabalho das disciplinas convencionais de português, matemática, ciências humanas, da natureza, etc. “Não sabemos ainda como trabalhar empatia, criatividade, cultura digital como algo basilar. Porque o que fizemos até agora nesse sentido foi como algo complementar. Então, ainda temos essa dificuldade de propor o novo.”
A BNCC do ensino infantil e fundamental já está homologada e sendo trabalhada para aplicação nas escolas. Mas a BNCC do ensino médio, que ainda não foi aprovada nem homologada, propõe mudanças para além daquele capítulo introdutório e ainda gera polêmica. “Imposta por meio de uma medida provisória, a polêmica da BNCC às vezes está mais no atropelo do processo do que no conteúdo. Mas pior seria se o país não estivesse discutindo essas questões. Temos que falar sobre isso”, afirma.
Não se justifica mais querer encontrar razões para não fazer essa transição, por mais drástica que pareça, porque o processo educacional já não pode mais ficar parado no tempo. As limitações das avaliações, da burocracia e da falta de recursos são dificultadores, mas não podem ser impeditivos. “As taxas crescentes de depressão e até de suicídios entre crianças e jovens, no Brasil e no mundo, são um fenômeno da inadequação e inadaptação à sociedade como um todo, e à escola em particular”, afirma Anna. Para ela, os níveis de angústia, ansiedade e infelicidade entre os estudantes estão levando as famílias – que na maior parte pensam com a cabeça do século 20 – a refletir se querem isso mesmo para seus filhos. Quando pais se unem a educadores e governos, a transformação do sistema de ensino se torna ainda mais consistente e possível. [Fonte: Revista Planeta]

Estados Unidos da América Ainda Fazem Uso da Palmatória em Escolas Para Punir Alunos

© Getty Images Muitos americanos se surpreendem ao descobrir que estudantes em várias partes do país ainda são submetidos a castigos físicos

Quando a americana Ayanna Smith foi buscar seu filho, Jalijah, na escola, em uma tarde de 2016, foi informada de que o menino, então com 5 anos de idade, havia sido "acusado" por um coleguinha de mostrar a língua para a professora. Sua surpresa aumentou ao descobrir como a escola resolveu o problema: aplicando golpes de palmatória nas nádegas do menino.

"A professora não viu se ele havia mesmo mostrado a língua, apenas acreditou no que outra criança disse", diz Smith à BBC News Brasil. "Ela chamou outro professor, autorizado pela escola a disciplinar estudantes com castigos corporais. Em vez de investigar o que houve ou de me contatar, ele levou meu filho para outra sala e o espancou."
A revolta de Smith foi agravada pelo fato de que ela havia comunicado à escola, localizada em DeSoto, cidade de 53 mil habitantes no Estado do Texas, que não autorizava que o filho fosse disciplinado com punição corporal. "Preenchi o formulário enviado pela escola pedindo permissão dos pais e marquei minha opção", ressalta.
Smith tirou o filho da escola e o educou em casa por quatro meses, até o início do ano letivo seguinte. "Na época, ele ficou com medo de ir à escola", lembra. "Hoje, ele tem 8 anos de idade e estuda em uma escola diferente, mas ainda não consegue confiar nos professores."
Muitos americanos se surpreendem ao descobrirem que estudantes em várias partes do país ainda são submetidos à palmatória e outros tipos de castigos físicos. Afinal, esse tipo de punição já foi banido há décadas na maioria dos países e, mesmo nos Estados Unidos, é proibido em quase todas instituições públicas, como centros de treinamento militar, prisões e até mesmo como sentença para criminosos.
Mas a prática é permitida por lei em escolas públicas de 19 dos 50 Estados americanos, compreendendo alunos desde a pré-escola até o 12º ano (equivalente ao último ano do ensino médio no Brasil). Nas escolas particulares, o alcance é ainda maior, com permissão em 48 Estados - somente Nova Jersey e Iowa proíbem.

Cada Estado dos EUA tem suas próprias regras

O tipo mais comum de castigo é a aplicação de golpes de palmatória nas nádegas, mas há também relatos de espancamento com outros objetos, como cintos ou réguas. Cada Estado tem suas próprias regras, que incluem detalhes como o tipo de palmatória usada, o número máximo de golpes e o grau de força permitidos.
A palmatória é feita de madeira e tem tamanho variado, geralmente em torno de 40 cm de comprimento e de 5 cm a 10 cm de largura. Algumas têm buracos para aumentar a velocidade do golpe e a dor. Os golpes são aplicados por um professor, diretor ou outro funcionário autorizado. Certas escolas exigem a presença de uma testemunha adulta.
Apesar de o departamento federal de Educação recomendar que o castigo seja proporcional ao comportamento, não há controle sobre sua aplicação. Desde casos mais sérios, como brigas, até pequenas infrações, como mascar chiclete, conversar em aula, ir ao banheiro sem permissão ou chegar atrasado, podem levar a essa punição.
Muitas vezes os estudantes podem escolher entre a palmatória ou outro tipo de punição, como suspensão ou notas mais baixas. Dependendo do distrito escolar, os pais podem se recusar a permitir que seus filhos recebam castigos físicos.
Em alguns casos, como na escola de Jalijah, os pais precisam preencher um formulário indicando se permitem ou não. Em outros, os castigos são norma, e os pais que se opuserem precisam tomar a iniciativa de enviar uma carta à escola. Há ainda distritos em que, caso o estudante cometa uma infração, os pais são consultados antes que o castigo seja administrado.
Mas, assim como ocorreu com Smith, não é incomum que a vontade dos pais seja ignorada. Nesses casos, como a lei garante proteção à escola e aos funcionários envolvidos, os pais têm poucos recursos para contestar, mesmo quando o aluno sofre ferimentos.

Quase 110 mil alunos punidos

É difícil encontrar números precisos, já que muitos incidentes não são relatados, mas segundo o Departamento de Educação dos Estados Unidos, quase 110 mil alunos de escolas públicas receberam castigos físicos no ano letivo de 2013-2014. O número é bem menor do que os mais de 342 mil registrados em 2000-2001, e vem caindo gradualmente.
Mesmo nos Estados em que é permitida por lei, a prática já deixou de ser usada por vários distritos escolares. Um exemplo é a Carolina do Norte, onde já foi banida de todos os 115 distritos, apesar de ainda ser oficialmente legal. Neste mês, foi apresentado um projeto para modificar a lei, o que consolidaria a proibição e tornaria o Estado o 32º a abolir esta forma de punição.
Mas, nos locais em que o uso de punição corporal nas escolas persiste, especialmente no sul do país e em comunidades rurais, tentativas de alterar as leis costumam ser recebidas com resistência.
"É tradicional há muitos anos nessas comunidades, é difícil para os moradores abandonarem as tradições", diz à BBC News Brasil o deputado estadual republicano Steve Riley, de Kentucky, autor de uma proposta para proibir castigos físicos nas escolas públicas do Estado.
Riley destaca que somente 17 dos 173 distritos escolares de Kentucky, predominantemente em zonas rurais, ainda permitem a prática. Mesmo assim, sua proposta acabou nem indo à votação. Dois projetos semelhantes já haviam sido apresentados em 2018 e 2017, também sem sucesso.
"A maior parte da resistência vem daqueles que acreditam que isso deve ser uma decisão local, sem interferência do governo estadual", afirma Riley, que atuou por mais de 30 anos como professor e diretor de escola e pretende reapresentar a proposta no próximo ano.
"Castigo físico não muda comportamento, é simplesmente punição. Não acho que seja eficaz. Adultos não deveriam espancar estudantes na escola. Não é bom para ninguém", afirma.

Castigos físicos já foram amplamente aceitos nos EUA

Durante séculos, o uso de castigos físicos para disciplinar estudantes foi amplamente aceito nos Estados Unidos. Em 1867, New Jersey foi o primeiro Estado a proibir a prática em escolas públicas. Mas somente em 1971, mais de cem anos depois, um segundo Estado, Massachusetts, seguiu o exemplo.
Em 1977, a discussão chegou à Suprema Corte, a mais alta instância da Justiça americana, que decidiu que o uso de castigos físicos nas escolas era constitucional. Nas décadas seguintes, muitos Estados baniram a prática de suas instituições de ensino públicas.
Hoje, o uso de castigos físicos em escolas públicas é considerado ilegal em 31 Estados e no Distrito de Columbia, onde fica a capital americana, Washington. Mas, desde 2011, quando o Novo México adotou a proibição, nenhum outro Estado conseguiu mudar sua lei. Várias tentativas recentes de aprovar uma proibição em nível federal também não foram adiante.
Com isso, os Estados Unidos estão atrás da maioria dos países desenvolvidos. Segundo a organização Global Initiative to End All Corporal Punishment of Children (Iniciativa Global para Acabar com Toda Punição Corporal de Crianças, em tradução livre), 131 países proíbem completamente o uso de castigo físico nas escolas.
Em outros 68, a proibição em escolas não existe ou não é total, como no caso americano. Em 54 países, entre eles o Brasil, a proibição se aplica a qualquer local, inclusive em casa.
"O conceito de disciplina física está profundamente arraigado na nossa cultura e História", diz à BBC News Brasil o especialista prevenção de abusos de crianças Victor Vieth, fundador do National Child Protection Training Center (Centro Nacional de Treinamento para Proteção de Crianças, em tradução livre) e diretor de Educação e Pesquisa do Zero Abuse Project (Projeto Abuso Zero, em tradução livre).
"Também acho que a religião tem um papel importante. Os Estados em que castigo físico em escolas ainda é legal tendem a ser mais religiosos e mais conservadores", observa.

Especialistas dizem que castigo físico pode piorar comportamento do aluno

Muitos especialistas afirmam que a aplicação de castigos físicos nas escolas não ajuda a melhorar comportamento ou desempenho acadêmico e costuma ter impacto negativo em ambas as áreas, além de reduzir a confiança entre professores e alunos e poder causar ferimentos. Nos Estados Unidos, várias organizações religiosas, de saúde e educação se opõem à prática.
A Associação Americana de Psicologia diz que castigos corporais podem levar a comportamento antissocial, agressividade e problemas de saúde mental nas crianças. A Academia Americana de Pediatria diz que a prática é ineficaz e prejudicial e pode gerar um círculo vicioso de comportamento cada vez pior e punições cada vez mais severas.
A Associação Médica Americana, maior associação de médicos do país, a United Methodist Church (Igreja Metodista Unida, terceira maior denominação cristã do país, e a Associação Nacional de Diretores de Escolas Secundárias também estão entre as organizações oficialmente contrárias à prática.
Críticos afirmam ainda que castigos físicos violam os direitos humanos das crianças. Além disso, vários estudos indicam que, nas escolas americanas, afetam desproporcionalmente estudantes negros e portadores de alguma deficiência, dificuldade de aprendizado, autismo ou em cadeira de rodas.
Apesar das críticas, há pais e professores que ainda consideram os castigos físicos uma boa maneira de disciplinar os estudantes, acreditam que não faz mal em moderação e consideram preferível a outras alternativas, como suspensão.
Mas a prática vem perdendo espaço. Em 2016, um estudo do professor de economia Dick Startz, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, revelou que apenas sete Estados (Mississippi, Texas, Alabama, Arkansas, Georgia, Tennessee e Oklahoma) respondem por 80% dos casos de punição corporal em escolas públicas americanas.
"A maioria dos pais e mães mais jovens se opõe ao uso de castigos físicos", diz Vieth. "Acredito que a maioria dos americanos são contra castigos físicos na escola, mesmo que apoiem dentro de casa. A prática está em declínio." [Fonte: MSN Notícias]

A Mediação de Conflitos na Escola - Publicado na Revista Construir - Por: Jorge Schemes


http://www.construirnoticias.com.br/a-mediacao-de-conflitos-na-escola/
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O conflito se estabelece quando queremos que o outro aceite a nossa vontade, quando um não abre mão de impor a outro seus desejos e seus pensamentos. A mediação na resolução de conflitos é um desafio e uma cultura que ainda precisa ser muito discutida para ser implementada na educação brasileira.
Em relação aos conflitos na escola, segundo a Teoria da Atividade de Leontiev, um dos aspectos é a motivação do aluno no processo de ensino-aprendizagem. E a pergunta desafiante que surge é: como motivá-lo? O que é de seu interesse? Nesse processo, o professor se torna o mediador, o facilitador. Cabe a ele incentivar, motivar, direcionar e mediar o processo de ensino-aprendizagem com intencionalidade pedagógica. Diante dos conflitos, não é diferente. Deve predominar a solidariedade, o respeito e a imparcialidade.

Uma tarefa de todos
A mediação escolar é uma construção cultural, portanto não pode ser estabelecida na escola por um professor isoladamente, mas por meio do diálogo contínuo e da capacitação de todos na comunidade escolar. O trabalho deve ser desenvolvido em equipe. Na escola, todos, sem exceção, devem ser capacitados em mediação no decorrer dessa construção cultural. Isso é mais que uma teoria; é uma forma de vida, de pensar, de dialogar.
A mediação é uma cultura e uma prática desenvolvida dentro da organização para beneficiar a todos, por isso todos devem ter a capacidade de dar respostas novas diante dos conflitos. No processo da mediação como resolução de conflitos dentro da unidade escolar, não há culpados, mas responsáveis. Todos têm que ter esses conceitos para que o diálogo seja estabelecido na mesma base, encontrando soluções em que não haja perdedores.
Ser completamente imparcial é outra característica. A questão (problema ou conflito) tem duas dimensões: o que é manifesto e o que é subjacente, ou as motivações. O mediador deve ser hábil em eliminar a oposição entre as partes envolvidas no conflito. Colocar questionamentos às partes é um procedimento próprio para a mediação escolar. Questionar para que as pessoas envolvidas eliminem certezas. As dúvidas permitem ampliar as questões subjacentes. As certezas fecham e limitam. Questionar leva à reflexão. As motivações conscientes e inconscientes devem ser trabalhadas. A mediação propõe um estado de questionamento permanente.

Caminhos?
No início da resolução de um conflito, é importante que se tenha a informação objetiva sobre o caso para que as pessoas envolvidas saibam decidir. O mediador deve auxiliar a deixarem a fantasia. E a partir da realidade concreta é possível criar opções. Entre os conflitantes, um vai incentivando o outro para encontrar diferentes soluções. A análise da melhor opção leva ao compromisso de todos os envolvidos, motivados não pelo medo, mas por satisfação mútua. O compromisso é com aquilo que pode ser realizado no presente.
Vale lembrar que cada mediação é única e personalizada, pois está inserida em seu contexto peculiar. A administração dos conflitos não deve impor motivações de qualquer lado e também não pode estar limitada à conciliação, deixando as pessoas parcialmente satisfeitas (acordo na base da barganha). Deve, sim, promover a cooperação entre as partes envolvidas, deixando-as satisfeitas.
Ao lidar com conflitos, o mediador estará lidando com emoções. Envolve sentimentos de amor e/ou ódio. Diante das manifestações corporais, o mediador pode solicitar que os envolvidos falem do que estão sentindo. É necessário quebrar as normas culturais que reprimem e sufocam as expressões das emoções. É importante e fundamental saber escutar para dar a oportunidade ao aluno expressar o que está sentindo. Os envolvidos devem expressar suas emoções por meio do diálogo, e não por meio de agressões físicas. Diante disso, o professor mediador é um facilitador do processo da mediação, objetivando principalmente a cooperação e a corresponsabilidade das partes envolvidas para a solução do conflito. [Fonte: Construir]

MEC lança plataforma digital para melhorar Ensino Fundamental


O Ministério da Educação (MEC) lançou hoje (27) o Programa Escola do Adolescente, que vai oferecer, por meio de uma plataforma digital, formação e apoio técnico a professores e gestores de escolas públicas. O objetivo é melhorar o desempenho de estudantes nos anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano.
“O ensino fundamental 2 é uma das etapas que tem tido menos política, que tem sido menos pensada. Temos muita coisa para o ensino médio, para a alfabetização, para anos iniciais [do 1º ao 5º ano do ensino fundamental]”, diz o ministro da Educação, Rossieli Soares, durante o lançamento em Brasília. “É preciso trazer oportunidade de apoiar as escolas nessa etapa”, complementou.
Para participar, estados e municípios devem fazer a adesão ao programa. O prazo começa no dia 10 de dezembro e vai até o dia 31. Em seguida, as escolas farão a adesão, de 11 a 31 de dezembro.  
Todas as escolas com anos finais do ensino fundamental poderão participar. Para as 13 mil escolas públicas com alto índice de vulnerabilidade, ou seja, com mais de 50% dos alunos com Bolsa Família, o MEC vai repassar R$ 360 milhões, no âmbito do programa Novo Mais Educação.
Os recursos deverão ser usados para ampliar o tempo dos estudantes na escola e para que as escolas implementem programas para a aprendizagem. Do total, R$ 220 milhões serão repassados ainda em 2018. Em 2019, serão repassados, os R$ 140 milhões restantes.

Desempenho e avaliação

Segundo o MEC, a plataforma vai oferecer instrumentos para tornar as aulas mais atrativas. Além de acesso a materiais específicos, que ajudarão gestores e professores tanto nas aulas quanto a entenderem melhor os estudantes, as escolas terão acesso a um diagnóstico detalhado com o desempenho dos estudantes, taxa de aprovação, entre outros dados.
A plataforma fornecerá ainda instrumentos para a realização de avaliações de matemática e português dos estudantes nos anos finais. Estarão disponíveis ferramentas de escuta da percepção que os estudantes têm sobre o ambiente escolar. Além de uma área de compartilhamento de boas práticas.
“Sabemos pouco a respeito de como o adolescente aprende, o que caracteriza esse adolescente, a plataforma servirá para a formação e fortalecimento da gestão pedagógica e apoio a gestão”, diz a secretária de Educação Básica da pasta, Kátia Smole. “Queremos trazer para o centro da conversa uma palavra às vezes esquecida: aprendizagem. Os estudantes precisam aprender na escola”.
Soares assinou hoje a portaria que institui o programa. Segundo Kátia, o governo atual deixará, para a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, tudo organizado para que a plataforma comece a ser usada nas escolas a partir de 2019. “Estamos deixando a plataforma, ferramenta de gestão, roteiro de trabalho, constituição de rede de governança, para que as redes e as escolas possam começar 2019 com insumo bastante grande para dar continuidade a esse programa”, disse.

Indicadores

Os indicadores educacionais mostram que o desempenho dos estudantes tem queda nos anos finais do ensino fundamental, intensificando no ensino médio – etapa com os piores indicadores. Ao final do ensino fundamental, de acordo com os últimos dados disponíveis, em 2017, 45% das escolas não alcançaram a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Além disso, de cada 100 alunos, cinco concluíram a etapa com o aprendizado adequado em português e três em matemática, de acordo com parâmetros do MEC. Na rede pública, 14,5% dos estudantes reprovam ou abandonam os estudos no ensino fundamental nas escolas públicas. [Fonte: Yahoo]

Uso da tecnologia vai mesmo deixar os professores ultrapassados em sala?

Pixabay
Há alguns anos, a inteligência artificial tem sido posicionada como o ápice da tecnologia para a educação. Muitos acreditam que somente a tecnologia, de modo geral, é capaz de abrir espaço para a inovação educacional, sobretudo em um contexto em que crianças e jovens gastam duas vezes mais tempo diante das telas – televisão, computador, smartphone e tablet – do que na escola.
Essa forma de pensar ganhou reforço desde 2010, quando a revolução digital passou a ser incorporada à escola. Um pensamento mais criterioso, entretanto, mostra que a educação inovadora nem sempre está atrelada a soluções tecnológicas do momento, como a da inteligência artificial. Inovar na educação requer analisar os contextos específicos e os objetivos mais amplos, antes de depositar toda a esperança de mudança educacional em uma abordagem única.
A Geekie, referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo, há sete anos tem usado a inteligência artificial em ferramentas e plataformas criadas pela empresa. Com uma visão pragmática e especializada, temos criado uma forma inovadora de fazer uso da tecnologia e de metodologias.
Um dos produtos da Geekie – Geekie Games, plataforma de estudo online que capacita e aprimora o desempenho de estudantes em provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, exames que permitem o ingresso ao ensino superior – faz uso da inteligência artificial. Com oferta de planos de estudos personalizado, aulas, exercícios, simulados e simulador do Sistema de Seleção Unificada (SISU), a plataforma já foi usada por mais de 7 milhões de jovens brasileiros.
É a única ferramenta de estudos para o ENEM que conta com o reconhecimento do MEC. Ao longo da trajetória, a ferramenta auxiliou 73% de estudantes com idade entre 18 anos e 24 anos: 22% entre 25 anos e 44 anos; e 5% com mais de 44 anos, sendo 64% de mulheres e 36% de homens. Desse universo, 72% são de escolas públicas e 28% particulares. Em 2016, a avaliação Metas Sociais – uma das organizações mais conhecidas que mensuram o impacto das políticas sociais, faz uma análise intensiva do impacto social deste projeto; depois de averiguar dados de mais de 140 mil estudantes – comprovou que o algoritmo de recomendação do plano de estudos da empresa proporcionou uma melhoria cinco vezes maior em relação a quem seguiu um plano de estudos padronizado.
Cabe lembrar que a inteligência artificial está entre nós desde a década de 1950. O cientista J. McCarthy, da Universidade de Stanford, usou o termo pela primeira vez em uma conferência, em 1956, na Dartmouth University, nos Estados Unidos. Na ocasião, classificou teorias de complexidade, simulação de linguagem, redes neurais e máquinas de aprendizagem; na prática, sistemas de imaginação humana que usam a ciência da computação.
Uma das chaves da inteligência artificial aplicada à educação é a machine learning – um programa ou sistema que constrói um modelo preditivo a partir da análise de correlações entre os dados disponíveis para aplicar sobre dados não conhecidos. Esse sistema usa o modelo aprendido para traçar previsões úteis a partir de novos dados; o aprendizado de máquina também se refere ao campo de estudos relacionado a esses programas e sistemas.
A machine learning é a prática de usar algoritmos para coletar dados, aprender com eles e fazer predição de algo. A partir desses dados e algoritmos, a máquina é “treinada” e adquire habilidade de aprender a executar determinada tarefa. Com a automação de funções analíticas, cada vez mais será exigido dos seres humanos habilidades criativas e sociais. Jennifer Rexford, acadêmica da Ciência da Computação, da Universidade de Princeton, afirma que o modo que ensinamos hoje não coloca muita ênfase em criatividade, percepção social, design e trabalho em grupo; segundo ela, o campo da educação está buscando formas de responder ao impacto da inteligência artificial.
E isso requer não apenas o foco no ensino de diferentes habilidades para preparar os jovens para o futuro do trabalho, mas empregar inteligência artificial para adotar novas formas de ensinar. Concordo. A trajetória e visão da Geekie mostra a importância da inclusão do professor em todas as propostas educacionais; com ou sem tecnologia, o envolvimento desse profissional é essencial para potencializar o aprendizado.
Aliás, um tema educacional recorrente é que enquanto os millenniuns têm demandado mais tecnologia dentro da sala de aula, os professores resistem às inovações educacionais. Ouso discordar. Na Geekie, aliamos a tecnologia de ponta às metodologias pedagógicas inovadoras que potencializam o aprendizado.
Ao contrário do pregado pelos críticos, a tecnologia tem se tornado uma importante aliada dos educadores, sobretudo no desafio de gerenciar melhor o tempo dentro e fora da sala de aula. No Brasil, os docentes utilizam 12% da carga horária para administrar tarefas operacionais (corrigir exercícios e provas, preencher listas e tabelas, elaborar e revisar planejamento, calcular notas); 20% é usado para manter a disciplina na sala de aula; e 67% é dedicado ao ensino e aprendizagem propriamente dita. Essa é a conclusão da pesquisa conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Com a experiência do atendimento de mais de 12 milhões de alunos e 5 mil escolas públicas e privadas, podemos afirmar que o principal aprendizado é que a tecnologia a serviço da educação se torna mais poderosa quando está nas mãos dos professores. Quando o auxiliamos o docente a ter informações de forma rápida e eficiente, ele se torna um verdadeiro super-herói que pode melhorar a qualidade da educação no Brasil. Com avanços tecnológicos exponenciais, o desafio é direcioná-los para levarmos a educação a um novo patamar.
Não se trata de automatização, mas da possibilidade inovadora de personalizar, canalizar o tempo dos educadores e gestores para o que realmente importa e utilizar os recursos e metodologias capazes de apoiar uma educação coerente com as necessidades dos nossos alunos. O ponto central é que as tecnologias trazem benefícios exponenciais quando voltadas aos professores. Um computador nas mãos dos professores, por exemplo, elevou a notas dos alunos brasileiros no PISA em 2,7 pontos.
O processo de visto e correção de atividades alternativas pode levar muito tempo, demandando um tempo precioso que poderia ser investido no desenvolvimento de planos de aula e no atendimento um a um com estudantes. A inteligência de dados pode trazer uma experiência mais personalizada e personalizável; aprendizado adaptável no qual os professores passam a ter acesso exatamente quando o aluno está consumindo o conteúdo; o envio de informações sobre como estão lidando com esses conceitos. Esse conhecimento oferece ao professor a oportunidade de fazer ajustes nas aulas de acordo com a necessidade do aluno. Podem, inclusive, oferecer conteúdo adicional para que o aluno possa ter um reforço necessário a ir mais adiante.
Com o apoio da inteligência de dados, o trabalho do professor não se restringe a passar os conceitos, sim moldar comportamentos como resiliência e inteligência emocional para lidar com desafios. Além disso, todos nós temos aquela lembrança de um professor que moldou nossas vidas e nos inspirou a escolher uma carreira profissional ou tomar uma decisão de longo prazo nas nossas vidas. A tecnologia pode colaborar para conectar estudantes e tutores por meio de feedbacks constantes e customizados.
Com esses dados, vemos que o fator humano não pode ser substituído. Vale lembrar que a interação com o docente face a face, é responsável pelo desenvolvimento das habilidades do século XXI – incluindo habilidades cognitivas como resolução de problemas e desenvolvimento de pensamento crítico, além de características como determinação e perspectiva.
Em suma, usar a tecnologia em sala de aula extrapola a visão sobre a capacitação de professores para o uso da ferramenta. Estamos falando de como os recursos tecnológicos ajudam a tornar a aula uma experiência mais dinâmica e completa. Algo que é almejado por alunos, professores, pais e toda a comunidade educacional.
Claudio Sassaki é mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo [Fonte: Yahoo]

Garota de três anos tem o QI maior do que o de Albert Einstein

(Reprodução/SWNS.com)
Aos três anos, Ophelia Morgan-Dew já sabe ler e escrever e demonstra capacidades que impressionam. A criança se tornou recentemente a pessoa mais jovem do Reino Unido a se tornar membro da Mensa, sociedade internacional que reúne pessoas com os quocientes de inteligência (QIs) mais altos do mundo. De acordo com testes, ela possui um QI mais alto do que o do físico Albert Einstein, apontado como uma das pessoas mais inteligentes da história.
A mãe conta que a filha começou a falar aos oito meses de idade. De lá pra cá, o aprendizado continuou, passando por números, cores e o alfabeto. Outro ponto impressionante é o fato de Ophelia conseguir se lembrar de coisas que aconteceram nos seus primeiros anos de vida. Especialistas indicam que a maior parte das pessoas só tem lembranças de sua vida depois dos três anos.
“Ela tem uma memória incrível e se lembra de eventos que aconteceram antes de completar 12 meses de idade”, explica Natalie Morgan-Dew, mãe da garota.
Surpresa com o desenvolvimento da filha, ela decidiu levar a criança a um especialista. Testes de QI mostraram uma pontuação de 171, 11 a mais do que Einstein e acima de gênios como Stephen Hawking. A capacidade intelectual de Ophelia é a de crianças com mais do que o dobro de sua idade.
Natalie afirma que a garota tem uma vida comum. “Ela é uma criança bastante ativa, gosta se manter ativa e é muito espirituosa. Ela adora ler livros comigo ou com o pai, atividades numéricas, cartas e o computador. Ela também gosta muito de brincar com os primos e ir ao parque”, declara.
A mãe revela que cogitou “evitar celebrar a conquista intelectual” da filha. “Parece haver um estigma em torno disso. Mas eu pensei: não é diferente para os pais celebrarem uma medalha que os filhos ganham em um evento esportivo, então ela merece elogios por ser tão inteligente. Ofélia é uma garota linda e eu teria orgulho dela, não importa o que ela conseguisse, contanto que ela fosse saudável e feliz”, afirma.[Fonte: Yahoo]

Novo currículo do ensino médio exigirá mudança na formação do professor
















CNE vai analisar BNCC antes da implementação das mudançasArquivo/Agência Brasil
























O sucesso da implementação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio passará por mudanças na formação de professores e adaptações nas escolas, apontam especialistas ouvidos pela Agência Brasil. O documento, que vai orientar os currículos dessa etapa e estabelecer as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do ensino médio em cada uma das áreas, foi entregue na última terça-feira (3) pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
A BNCC do ensino médio é organizada por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática aparecem como componentes curriculares, ou seja, disciplinas obrigatórias para os três anos do ensino médio. Os alunos deverão cobrir toda a BNCC em, no máximo, 1,8 mil horas. O tempo restante deve ser dedicado ao aprofundamento no itinerário formativo de escolha do estudante.
Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, essas mudanças vão exigir muito investimento na formação de professores e um “repensar da formação de professores no Brasil” para que haja uma integração entre as disciplinas.
“Quando você faz um trabalho por área de conhecimento que reforça o caráter da interdisciplinariedade, você tem que investir muito na formação de professores. Hoje, como o professor de química é formado sem ter um diálogo direto com o professor de física ou biologia, que fazem parte da mesma área de conhecimento, por exemplo, agora para dar conta desse novo ensino médio, eles terão que se integrar já dentro da universidade”, diz.
Segundo ele, a mudança vai ter impacto nos currículos das licenciaturas. “As coordenações dessas áreas vão ter que sentar e repensar. Não é que não vai mais ter professor de química, física e biologia, mas vai ter que haver um esforço para integrar esses conhecimentos”, diz.
A formação dos professores deve ser priorizada também na visão da pedagoga Anna Helena Altenfelder. “Não só os professores, mas toda a estrutura da escola que hoje é pensada por disciplina e não por área de conhecimento. Então, temos um desafio grande”, diz a presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Ela também aponta um possível acirramento das desigualdades na educação como um dos riscos da nova base para o ensino médio. “Sabemos que os estados têm condições diferentes tanto técnicas como financeiras para construir seus próprios currículos. Então, a questão dos itinerários deve ser melhor definida em um apoio maior para os estados”, diz. O MEC se comprometeu a elaborar um guia de orientações para ajudar os estados na elaboração dos itinerários formativos.
Aperfeiçoamentos
A BNCC do ensino médio deverá ser analisada e aprovada pelo CNE e homologada pelo MEC antes de o documento começar a valer. O conselho irá fazer uma consulta pública em plataforma digital e audiências para colher sugestões da sociedade antes de submeter o texto à avaliação dos conselheiros.
A presidente executiva do movimento Todos pela Educação, Priscilla Cruz, considera que o CNE deve especificar melhor a forma como as redes vão se organizar, além de estabelecer o que é obrigatório ou não e deixar mais clara e objetiva a redação das habilidades previstas para serem alcançadas pelos alunos.
“Há uma impressão que o ensino médio está 'menor' pela falta de objetividade nas habilidades, é muito dependente da implementação pelos estados, não há um plano de implementação progressiva que ajude as redes a se ajustarem”, diz. No entanto, ela considera positivo fato de o texto prever a formação mais integrada, “direcionando para mais profundidade, recomendando outros espaços de aprendizagem e formatos de aula, dando características juvenis ao ensino médio”.
O conselheiro do CNE Cesar Callegari, presidente da comissão que vai analisar a BNCC, também considera que o colegiado terá que complementar o texto entregue pelo MEC. “A base está incompleta, está um documento bastante genérico e, no meu modo de entender, não atende às expectativas e necessidades do ensino médio no Brasil”, diz.
O Ministério da Educação já instituiu o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular para apoiar os estados no processo de revisão ou elaboração e implementação de seus currículos alinhados à BNCC. Segundo o MEC, no primeiro ano de execução, serão repassados às secretarias estaduais cerca de R$ 100 milhões para a implementação da base. (Fonte: EBC - Agência Brasil)
Edição: Amanda Cieglinski

Gestor escolar precisa de formação específica, dizem especialistas


Os atuais cursos de pedagogia e licenciatura não preparam os profissionais para se tornar um gestor de escola. Para profissionalizar a atividade, é preciso aprimorar a formação do educador ensinando também competências de administração escolar.
O diagnóstico foi consenso na mesa sobre estratégias de formação para a gestão escolar, realizada nesta quinta (28), segundo dia do seminário promovido pela Folha de S.Paulo, o Instituto Unibanco e Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação.
Participaram do debate Alexsandro Santos, gerente de desenvolvimento em soluções do Instituto Unibanco; Laurinda Almeida, vice-coordenadora de pós-graduação em Educação da PUC-SP, e Elaine Hine, do conselho diretor do Leading Student Achievement (LSA), um projeto de formação de diretores em Ontário, no Canadá. A mesa foi mediada por Ana Maria Diniz, presidente do conselho do Instituto Península.
De acordo com Santos, a falta de definição sobre quais competências devem ser ensinadas aos estudantes é uma barreira para melhorar a formação dos gestores no Brasil.
Hoje, o Enade (prova que testa conhecimentos adquiridos no curso de graduação) estabelece 14 competências necessárias ao formando do curso de pedagogia. Cinco delas dizem respeito à gestão escolar.
Santos criticou a forma como a avaliação é feita. "As questões são teóricas e excessivamente genéricas. Não há desafios de gestão para o aluno desenvolver."
O conteúdo ensinado, segundo ele, devia fazer com que o aluno seja capaz de elaborar estratégias para problemas comuns do dia a dia da direção, como as faltas frequentes de um professor.
"Os instrumentos oferecidos pela secretaria para lidar com o problema [do professor que falta] não são suficientes. Temos que ensinar o aluno a criar uma estratégia alternativa", afirmou.
Para Laurinda Almeida, a principal competência a ser ensinada ao gestor é a maneira de mobilizar estudantes e professores em ambiente escolar, algo que deve ser aprendido na prática.
"O diretor não precisa ser encarado como alguém que tem respostas certas para todos os problemas, mas alguém que sabe investigar as causas e procurar soluções."
AVANÇOS TRAVADOS
De acordo com Santos, há um esforço no país para definir as matrizes de ensino para o gestor.
O Plano Nacional de Educação, lançado em 2014, prevê que o Brasil vai desenvolver programas de formação de diretores e passar a aplicar uma prova nacional específica para avaliar a preparação dos profissionais.
A partir disso, um programa nacional para certificar diretores chegou ser apresentado pelo Ministério da Educação em 2015, mas o projeto ficou estagnado em razão da turbulência política que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016.
Apesar do passo ter sido considerado um avanço, Santos afirma que os conteúdos especificados no programa ainda precisam ser aprimorados.
"O conteúdo é dividido em cinco domínios, mas ainda é muito genérico. Diz, por exemplo, que os conselhos estudantis devem funcionar, mas não diz de que forma o diretor pode garantir isso."
EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
Durante a mesa, Elaine Hine relatou sua experiência à frente do projeto de formação de diretores em Ontário, no Canadá.
O Leading Student Achievement (LSA) foi criado em 2005 pelo conselho de gestores escolares, vinculado ao Ministério da Educação canadense, para criar uma rede de ensino de técnicas ligadas à gestão escolar.
A base do projeto é o ensino através de uma rede: líderes distritais "apadrinham" professores que desejam se tornar diretores para compartilhar problemas comuns e práticas bem-sucedidas nas escolas.
Um dos focos principais é a análise de dados. "Foi preciso ensinar aos futuros diretores não apenas como lidar e interpretar dados sobre gestão escolar, mas a importância de elaborar uma gestão baseada nesses dados", disse Hime. [Fonte: Yahoo]